Mesmo
com a decadência da mineração no rio do ouro, eles não perderam a esperança.
Dos mais de 700 garimpos, só 200 ainda estão em funcionamento. A produção não
chega a três ou quatro toneladas por ano.
“Antes da crise fui o único brasileiro que vendeu na faixa de 40 toneladas de ouro ao governo brasileiro”, conta ele. Zé Arara perdeu muito, mas nunca foi um garimpeiro de alma livre, capaz de gastar em uma noite, com mulheres e bebida, tudo o que levou meses para ganhar.
Ao contrário, ele construiu um patrimônio. “Além de
ter um jato, tinha 15 aviões pequenos e quatro bandeirantes”, ressalta. Um
problema com o jato em Itaituba fez com que Zé Arara trasladasse o avião de
volta para a fábrica, em Nova York.
“O avião explodiu no ar. Morreram dois tripulantes, dois comandantes e dois mecânicos. Para eu desenrolar esse rolo e não ser preso nos Estados Unidos, tive que gastar 200 quilos de ouro”, conta o garimpeiro.
Desde então, ele está sem sair do garimpo. São onze
anos pagando dívidas. “Não devo mais, agora estou lutando para reerguer nosso
negócio”, conta. Zé Arara se diz dono de 23 mil hectares de terra, toda a área
do garimpo de Patrocínio. Mesmo assim, os moradores criaram uma associação e
querem transformar a região em uma comunidade.
Zé Arara se sente ameaçado. “Temo até pela minha
segurança. Hoje, estou recomeçando aos 70 anos”, ele diz. O garimpo não é mais
como antes. Das dez mil pessoas que buscavam ouro em Patrocínio só restam duas
mil.
Fonte: Globo Repórter
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