segunda-feira, julho 29, 2019

57 mortos e a incapacidade das autoridades de resolver o problema da superlotação carcerária

Na esteira de de acontecimentos protagonizados pelo crime organizado, mais um massacre ocorre no Brasil, dessa vez, no estado do Pará, onde 57 detentos foram mortos em uma briga de facções, o que já não é mais novidade.

É mais um massacre que já nem assusta tanto a população, e talvez, choque mais os estrangeiros do que os nacionais, uma vez que uma grande parte da população brasileira é adepta da máxima de que, bandido bom é bandido morto.

Há alguns anos a Rede Globo de televisão proibia citar os nomes da organizações criminosas para evitar que elas ganhassem notoriedade no cenário nacional. Naquele tempo as duas que mais se sobressaíam eram as mesmas duas que hoje disputam o comando do crime.

PCC e Comando Vermelho protagonizam a disputa pela hegemonia do crime no Brasil como partidos políticos disputam o comando do erário público, indo com muita sede ao pote.

Não adiantou a proibição da Globo, porque as facções criminosas organizaram-se aprimorando seus métodos de ação. Criaram raízes, espalhando-se pelos presídios de todo o Brasil e fora deles, pois, tem muita gente do lado de fora que serve aos comandantes que estão presos, em muitos casos, com regalias que a grande maioria da população brasileira nem sonha no se dia a dia.

Houve um tempo que em alguns políticos, no começo dos anos 2.000, contestaram o termo CRIME ORGANIZADO, negando que houve organização no meio da bandidagem.

Se não é crime organizado, isso que a gente vê é o que? Ações ousadas que desafiam os poderes constituídos com planejamento de dar inveja a muitos governos. O que existe é crime organizado, mesmo. Qualquer outro termo com o fim de tirar o foco para a gravidade da situação da violência no Brasil será puro eufemismo.

O massacre de Altamira coloca essa cidade da região no foco do noticiário e reforça um estigma que persegue Itaituba até hoje, que é de cidade violenta. Altamira despontou como cidade mais violenta do Brasil, nos relatórios de órgãos que trabalham com estatísticas da violência no Brasil e no mundo.

Qual é a culpa de Altamira nesse episódio? 

Na minha opinião, nenhuma. A cidade paga o preço de ter tido uma grande obra, a construção da hidrelétrica de Belo Monte, que fez com que muitas dezenas de milhares de pessoas corressem para lá em busca de emprego, a maioria, mas, nesse meio foi, também, muita gente ruim. Muitos ficaram por lá, gente boa e gente que não presta. A população carcerária cresceu muito, a periculosidade de muitos desses presos, também cresceu.

Some-se a tudo isso, a completa falência do sistema prisional brasileiro, aliado à morosidade da justiça, e teremos os ingredientes perfeito para esse tipo de exacerbação da violência em um presídio.

Não adiantou a Globo proibir de falar no PCC e no Comando Vermelho, que hoje tem até ramificações na política nacional.

Salve-se quem puder.

Jota Parente

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