domingo, junho 02, 2019

Pará é o segundo estado que mais fecha lojas

Ary Souza / O LiberalComércio paraense só perde para o Rio de Janeiro em números de estabelecimentos fechados em 2018
O comércio paraense ainda sofre para se recuperar da estagnação econômica em que o País mergulhou nos últimos anos. Prova disso é que enquanto o setor apresentou reação no País em 2018, com mais aberturas do que fechamentos de estabelecimentos comerciais em 15 dos 27 estados brasileiros, o Pará surge com um dos piores resultados da federação. No ranking de abertura líquida de lojas com vínculos empregatícios, o Estado só teve desempenho menos inglório do que o Rio de Janeiro, que tem acompanhado os investimentos atraídos pelos grandes eventos, como Copa do Mundo e Olimpíadas, ruírem a cada dia.
          O Pará, que não teve nenhuma anormalidade na economia local como o estado carioca, encerrou o ano passado com saldo negativo de 374 lojas fechadas, o que corresponde, em média, a um estabelecimento terminando as atividades a cada dia, segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Se considerar os últimos cinco anos de derrocada da economia nacional, o saldo chega a quase a cinco mil estabelecimentos comerciais fechados no Estado.Para Fabio Bentes, economista da CNC, a lentidão da reversão do fechamento de lojas no Pará está atrelado ao desempenho negativo de outros termômetros da economia. "O que faz o comercio se recuperar é o mercado de trabalho. 
          A gente tem visto números muito ruins, os dados da última pesquisa do IBGE apontam uma população desocupada muito expressiva no primeiro trimestre, são 11,5% da população em idade de trabalhar no Pará. Também tem um grau de informalidade crescente, que atrapalha o comércio, porque a renda média do trabalhador informal é bem menor do que a do formal, cerca de 30%, pelo menos. Os números de subocupados e desalentados são recordes. 
          A gente pode dizer que a subutilização da Força de Trabalho no Pará hoje atinge 21% da população. E tudo isso cria um empecilho para a recuperação do comércio", explica."Um dos principais fatores que afetam as vendas é a falta de crédito para o consumidor, por exemplo. Se a gente olhar a taxa de juros do ano passado e comparar com abril deste ano, a gente observa que a taxa de juros ao longo de 2019 só fez subir, o que atrapalha o consumo a prazo. 
          E o consumo a vista, como alimentos, remédios e combustíveis está sofrendo com uma inflação maior. A inflação acumulada entre janeiro e abril já está em 2,35% na RMB. Já é praticamente metade da meta de inflação, em apenas quatro meses. E qual o problema disso? Além de fazer com que as famílias evitem o consumo de produtos e serviços não essenciais, isso inibe a queda dos juros lá na frente. E o último ingrediente para a receita do comércio subir seria a confiança das famílias. Esse índice é mais um em queda em 2019. Então resumindo: a economia está andando para trás, o primeiro trimestre desse ano foi perdido, do ponto de vista do crescimento econômico", completa.
Fonte: O Liberal

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