SÃO PAULO (O Globo) - As ações da Vale
operam em forte queda nesta segunda-feira, primeiro dia de negociação no Brasil
após o desastre em Brumadinho (MG). As ações da mineradora despencam 21,62%,
cotadas a R$ 44,01. Em Nova York, os recibos das ações da mineradora (ADRs, na
sigla em inglês) recuam 13,95%, após já terem caído 8% na sexta-feira, dia em
que o pregão na B3 estava fechado devido a feriado municipal.
O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa brasileira, opera em queda de 2,61%, aos 95.124 pontos. A Vale tem peso significativo na composição desse índice, de mais de 10%. Já o dólar comercial é cotado a R$ 3,776, recuo de 0,14% ante o real.
O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa brasileira, opera em queda de 2,61%, aos 95.124 pontos. A Vale tem peso significativo na composição desse índice, de mais de 10%. Já o dólar comercial é cotado a R$ 3,776, recuo de 0,14% ante o real.
As ações da Vale lideram em volume de negócios nessa
segunda-feira. Os papéis da Bradespar também estão entre os mais negociados. A
empresa e uma das principais acionistas da mineradora e vê seus papéis caírem
21,74%, a R$ 25,20.
Em decorrência do que ocorreu em Brumadinho, a Vale
anunciou a suspensão de pagamento de dividendos a acionistas, que somam ao
menos US$ 1,142 bilhão, e do bônus a executivos.
Na avaliação de analistas, é imprevisível o que
pode acontecer com a Vale, do ponto de vista de impacto financeiro. Por ser
imensurável, os investidores passam a ver o papel como arriscado e por isso se
desfazem dele. Até agora, a Vale já teve R$ 11 bilhões bloqueados pela Justiça
e multas de R$ 350 milhões.
— O desastre em Brumadinho teve uma consequência em
perdas de pessoas muito maior que Mariana, que ocorreu há três anos. Isso é um
fator imensurável. E há também o risco de imagem, porque a empresa é
reincidente, então é outro fator imensurável. Fica difícil avaliar o valor da
ação - explicou Rafael Panonko, analista-chefe da Toro Investimentos.
Investidor estrangeiro
Panonko lembra ainda que o investidor estrangeiro é
um dos mais sensíveis a esse tipo de acontecimento, já que cada vez mais as
empresas estão sendo cobradas para se comprometerem com energias renováveis e
governança corporativa.
— Não que a Vale não seja comprometida com o meio
ambiente, mas ela tem se mostrado ineficiente e incapaz em prever esses
acidentes - disse.
Esse movimento dos investidores estrangeiros já começou. A Clarksons Securities reduziu a recomendação dos papéis da Vale de compra para neutro, classificando o desastre em Brumadinho como "a pior tragédia de mineração que testemunhamos nos nomes sob nossa cobertura desde 2005".
Esse movimento dos investidores estrangeiros já começou. A Clarksons Securities reduziu a recomendação dos papéis da Vale de compra para neutro, classificando o desastre em Brumadinho como "a pior tragédia de mineração que testemunhamos nos nomes sob nossa cobertura desde 2005".
Analistas da XP Investimentos lembram que, em
termos de produção, o acidente na mina Feijão terá pouco impacto sobre os
trabalhos atuais da Vale. No entanto, há um pontencial impacto negativo na
produção futura, uma vez que o licenciamento de novas barragens e minas deve
ficar ainda mais complexo, mas o que pode ser mitigado por novas
tecnologias.
Outro ponto analisado pelos analistas da XP é o
aumento da tributação sobre exportações de minério de ferro e royalties, tema
que já estava em discussão no Brasil.
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