segunda-feira, janeiro 28, 2019

Ações da Vale operam em queda de mais de 20%


SÃO PAULO (O Globo) - As ações da Vale operam em forte queda nesta segunda-feira, primeiro dia de negociação no Brasil após o desastre em Brumadinho (MG). As ações da mineradora despencam 21,62%, cotadas a R$ 44,01. Em Nova York, os recibos das ações da mineradora (ADRs, na sigla em inglês) recuam 13,95%, após já terem caído 8% na sexta-feira, dia em que o pregão na B3 estava fechado devido a feriado municipal. 

O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa brasileira, opera em queda de 2,61%, aos 95.124 pontos. A Vale tem peso significativo na composição desse índice, de mais de 10%. Já o dólar comercial é cotado a R$ 3,776, recuo de 0,14% ante o real.  

As ações da Vale lideram em volume de negócios nessa segunda-feira. Os papéis da Bradespar também estão entre os mais negociados. A empresa e uma das principais acionistas da mineradora e vê seus papéis caírem 21,74%, a R$ 25,20.

Em decorrência do que ocorreu em Brumadinho, a Vale anunciou a suspensão de pagamento de dividendos a acionistas, que somam ao menos US$ 1,142 bilhão, e do bônus a executivos.

Na avaliação de analistas, é imprevisível o que pode acontecer com a Vale, do ponto de vista de impacto financeiro. Por ser imensurável, os investidores passam a ver o papel como arriscado e por isso se desfazem dele. Até agora, a Vale já teve R$ 11 bilhões bloqueados pela Justiça e multas de R$ 350 milhões.

— O desastre em Brumadinho teve uma consequência em perdas de pessoas muito maior que Mariana, que ocorreu há três anos. Isso é um fator imensurável. E há também o risco de imagem, porque a empresa é reincidente, então é outro fator imensurável. Fica difícil avaliar o valor da ação - explicou Rafael Panonko, analista-chefe da Toro Investimentos.

Investidor estrangeiro

Panonko lembra ainda que o investidor estrangeiro é um dos mais sensíveis a esse tipo de acontecimento, já que cada vez mais as empresas estão sendo cobradas para se comprometerem com energias renováveis e governança corporativa.

— Não que a Vale não seja comprometida com o meio ambiente, mas ela tem se mostrado ineficiente e incapaz em prever esses acidentes - disse.

Esse movimento dos investidores estrangeiros já começou. A Clarksons Securities reduziu a recomendação dos papéis da Vale de compra para neutro, classificando o desastre em Brumadinho como "a pior tragédia de mineração que testemunhamos nos nomes sob nossa cobertura desde 2005".

Analistas da XP Investimentos lembram que, em termos de produção, o acidente na mina Feijão terá pouco impacto sobre os trabalhos atuais da Vale. No entanto, há um pontencial impacto negativo na produção futura, uma vez que o licenciamento de novas barragens e minas deve ficar ainda mais complexo, mas o que pode ser mitigado por novas tecnologias. 

Outro ponto analisado pelos analistas da XP é o aumento da tributação sobre exportações de minério de ferro e royalties, tema que já estava em discussão no Brasil.

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