sexta-feira, dezembro 28, 2018

Toquinho, Roberto Menescal e Marcos Valle se despedem de Miúcha

A MPB se despediu da cantora Miúcha, que morreu no Rio aos 81 anos , em decorrência de uma parada respiratória. Nas redes sociais, fãs e amigos fazem suas homenagens.

Capa do disco Tom Vinicius Toquinho Miucha - Gravado Ao Vivo no Canecão (1977) Foto: Reprodução
Um dos parceiros de Miúcha naqueles históricos concertos no Canecão em 1977 ao lado de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, Toquinho falou ao GLOBO sobre a "grande amiga":

— Miúcha era uma pessoa muito musical, tão querida, que conhecia há mais de 50 anos. Começamos nossa carreira juntos. É uma grande perda pela sua sensibilidade, musicalidade e sua visão generosa em relação à música. Além de ser um grande ser humano. É mais uma pessoa ligada a gente que vai embora na música brasileira. Agora, daqueles shows, só restou eu. Essa sensação é muito ruim, você vai ficando muito sozinho na suas memórias, e isso é inevitável.  

Passando o som para o show do grupo Os Bossa Nova, que acontece nesta noite no Blue Note Rio, Roberto Menescal, Marcos Valle, João Donato e Carlos Lyra foram surpreendidos com a morte da colega.

— Miúcha começou cedo e fez muita coisa, teve uma importância muito grande na nossa música por seu estilo, por sua ligação com João (Gilberto), Vinicius, Chico (Buarque)... Depois tem a ligação dela com a Bebel também. É uma história forte na música brasileira e vai deixar uma saudade muito grande. Louvo e respeito tudo o que ela fez — disse Valle.

Durante a conversa com o GLOBO, Menescal sugeriu aos colegas que fizessem uma homenagem a Miúcha na apresentação desta noite, sugestão prontamente aceita. O quarteto vai dedicar a ela a canção "Último aviso", parceria recente entre Donato e Valle.


— Eu gravei na PolyGram, na década de 1970, o disco de Miúcha com Bebel, que tinha 7 anos na época. Recentemente, fizemos um evento em Brasília, num espaço aberto, com o público cantando junto. Não a via há uns quatro anos, a vida ficou por WhatsApp — lembrou Menescal.

O compositor lembrou ainda da paixão de Miúcha pela música:

— Miúcha era muito música. Mais do que ser cantora, ela queria estar na música. Lembro do show no Canecão com Tom, Vinicius e Toquinho. Ela não estava ali querendo dinheiro, e sim pela música, por fazer parte daquilo. Ela exalava música.

Amiga de Miúcha desde que escreveu uma biografia de Chico Buarque, nos anos 1990, a jornalista Regina Zappa lembrou outra faceta da cantora:

—Ela escrevia muito bem. Sempre falei que devia escrever suas memórias. Lembrava de detalhes incríveis da sua vida profissional, e sempre conviveu com gente muito bacana. Uma pena que não deu. Mas ela escrevia muitas cartas e elas estão por aí, com família e amigas, e vão aparecer.

Nas cartas e histórias, uma marca registrada de Miúcha: o bom humor.

— Era uma pessoa de bem com a vida. Mesmo nos piores momentos, sempre fazia graça. Nunca a vi de mau humor. Brava, sim, mas mal-humorada jamais.
Filha única de Miúcha, a cantora Bebel Gilberto postou em sua conta no Instagram uma homenagem a mãe, com direito a um belo registro das duas juntas. "Pra sempre no meu coração. Te amo muito. Descansa, meu amor... saudades", legendou a cantora.

Bebel Gilberto é fruto do casamento de Miúcha com João Gilberto, um dos mitos da música brasileira. Nos últimos tempos, ela se dividiu entre o Rio e Nova York, onde tem um apartamento. Bebel está na cidade para passar o réveillon. (O Globo)

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