quarta-feira, abril 11, 2018

Exclusivo: com a compra de link em leilão em Brasília, internet vai melhorar em Itaituba


Resultado de imagem para slim net itaitubaJota Parente – Semana passada os provedores da Transamazônica foram a Brasília, participar de um leilão para venda de bande de internet, promovido pela Eletronorte.

Josué Castro, da Slimnet, de Itaituba, junto com representantes dos outros dois provedores locais, esteve na capital federal para participar do leilão. Em conversa com a reportagem, ele fez um relato dos resultados obtidos para melhoria desse serviço do qual todos dependem hoje em dia, que é a internet, que faz tempo que anda muito ruim por aqui...

Josué - Então, fomos a Brasília para participar de um leilão eletrônico. A gente poderia até participar aqui da cidade mesmo, mas, devido à instabilidade do link, ficar aqui na cidade era risco, pois, de repente, algum problema com link, e a gente poderia acabar ficando de fora do leilão.

Junto com alguns provedores, achamos melhor nos deslocarmos até Brasília, onde a internet é mais estável, e além disso, o leilão iria ocorrer lá, e também precisávamos tirar umas dúvidas a respeito do leilão, como é o sistema, como é que ele funciona.

Jota Parente - Chega a ser Josué, uma ironia, os proprietários de provedores terem que deixar suas cidades para ir para Brasília, com medo de perder o leilão, em função da falta de confiança na internet que esta região tem...

Josué – É exatamente isso aí! Chega a ser uma ironia, mas, infelizmente estamos passando por isso. Não é a primeira vez que a gente passa por isso, pois no passado tivemos problemas muito graves com relação à internet. A gente só mudou um pouquinho de patamar, mas, os problemas vêm ao longo da história e são aparentemente os mesmos.

Jota Parente - Foi dentro do que vocês esperaram? Quais as possibilidades de melhorar o serviço?

Josué - Estávamos um pouco no escuro, porque eles não revelaram o valor inicial do leilão, não revelaram a quantidade de banda disponível para cada cidade. Só revelaram isso no momento que começou. Só que a gente apostava que houvesse uma queda no valor do preço, uma vez que a gente já vem discutindo isso há muito tempo com a Eletronorte.

A Eletronorte pratica o maior preço de internet do Brasil, e essa empresa estatal pratica esse preço, não sabe baseada em que; questionamos muito eles com relação a essa questão, querendo saber baseados em que eles chegaram a esses valores, então, a gente achava que no leilão esses valores pudessem ser revistos; a gente não pensava que iria cair muito, mas, ao menos um pouco a gente imaginava que iria cair; porém, quando chegamos lá, foi uma decepção porque, em vez de cair, fez foi aumentar.

Jota Parente - O usuário da internet vai ser onerado por conta desse valor maior?

Josué  - Não. Pelo menos com relação ao nosso provedor, não temos essa intenção de repassar esse aumento para o nosso usuário. Vamos procurar outros meios para evitar que isso aconteça.

Jota Parente - Vamos tentar esclarecer para quem é leigo, Josué, em termos de percentuais, as expectativas de melhoria da qualidade dos serviços que você oferece hoje, em função da qualidade do link que você recebe. Dá para mensurar em quanto por cento deve melhorar a qualidade?

Josué – Claro, vai melhor bastante, como explicarei mais adiante, pois, agora, preciso tratar um pouco mais dos detalhes do leilão, porque temos informações que devem ser repassados para o usuário.

Foi estabelecido um limite por cada provedor para evitar que alguém pudesse, de repente, comprar toda a banda que estivesse disponível aqui para Itaituba. A Eletronorte dividiu por CNPJ e foi interessante, porque ficou mais democrático desse jeito.

Poderia ocorrer que uma grande empresa viesse a comprar esse link mais caro e depois revenderia para os provedores mais caro ainda. E aí, sim, estaríamos numa situação pior; então, a Eletronorte, nesse ponto foi boa, estabelecendo essa prática de vender por cada CNPJ e por cada localidade.

Além do problema dos valores altos da banda, outra questão a que fomos obrigados a nos submeter, porque era pegar ou largar, diz respeito à duração do contrato com a Eletronorte, o qual ficou em 36 meses, que é muito longo. A gente vai estar amarrado por 36 meses. Era isso ou nada.

Nesse nosso ramo, 36 meses é muita coisa, pois se a gente for pensar, daqui a três anos a internet terá tido uma evolução estupenda. Há um ano atrás quase não se falava na Netflix e hoje todo mundo fala em Netflix, todo mundo tem Netflix e o consumo de internet por causa dela aumentou absurdamente.

Facebook já era bem utilizado antigamente, mas, hoje em dia ninguém consegue mais sentar para esperar um minuto, dois minutos para se conectar. O uso ficou muito grande. Como estará daqui a trinta e seis meses?

Nas grandes capitais, os valores desses custos vão estar menores ao final desse período do nosso contrato com a Eletronorte, enquanto nós vamos estar com um contrato congelado por três anos, com preço alto, muito caro, enquanto em outras regiões deverão ser valores mais baixos. É muito importante a gente falar desses valores aqui nessa entrevista para usuários terem uma ideia de que nós vamos estar por 36 meses com esses preços congelado num valor altíssimo.

Jota Parente - Não existe possibilidade de rescisão, se um dos lados quiser?

 Josué - A rescisão é possível no contrato, porém, com o pagamento de uma multa absurda. Por exemplo: se eu resolver ficar apenas um mês com esse contrato e quiser cancelar, vou ter que pagar uma multa que vai ser calculada em cima dos valores dos trinta e cinco meses que eu não pretendo cumprir, acrescida de 10% desse montante. Ou seja, terei que pagar R$ 2.100.000,00 de mula e mais 210.00,00 correspondentes aos 10% da multa. É dívida para filhos e netos.

Jota Parente - Com esse link comprado, vai ser possível para o provedor Slimnet aceitar novos clientes?

Josué - Com o link que nós adquirimos em Brasília, a gente não vai conseguir expandir o número de usuários, que é um dos pontos pelos quais a gente luta. Há um ano esse número está estagnado, sem expansão de usuários. Contudo, com o link que nós adquirimos, menor do que a gente queria, por causa da limitação imposta no leilão para que todos pudessem ser servidos, a boa notícia é que o usuário vai poder voltar a navegar normalmente, como ele navegava há um ano, com o link que ele tinha. Vai poder navegar entre 70% e 80% da capacidade do normal. Nos horários de menor tráfego, vai chegar a 100% nos horários que não são os horários de pico. Mas, para contratar um novo usuário, só diante da saída de outro.

Jota Parente - Em relação ao que está hoje em dia que vai ter uma melhoria de pelo menos 50%?

Josué - Certamente, em termos comparativos com a qualidade do serviço que o usuário recebe hoje, vai melhorar, pelo menos 50% .

Jota Parente - Agora Josué, falando de custos, quanto ficou o preço de cada mega para o provedor?

O mega, antes do leilão, quando a gente já brigava com a Eletronorte para baixar, porque era um valor elevado, cobrado de forma que a gente nem imagina de que tabela foi que eles tiraram esse valor, incluindo todos os impostos, custava em torno de r$ 62,00.

Repito que a gente imaginava que esse valor fosse cair, pelo menos, pela metade, ou para algo como r$ 35,00 o mega, mas, quando abriu o leilão, qual foi a surpresa ao vermos que tinha era aumentado. Ainda conseguimos fechar a r$ 65,00 o mega. De R$ 62,00 para R$ 65, nós tivemos um aumento de R$ 3,00, que pode parecer pouco, mas, estamos falando de um mega.

Jota Parente - E tem lugares do Brasil onde se paga bem mais barato...

Josué - Com certeza tem! Lá mesmo no leilão eu encontrei um amigo que tem um provedor em Campinas e ele paga R$ 8,00 o mega.

Jota Parente - Ou seja, ele, paga 8 vezes mais barato do que vocês pagam aqui...

Josué - Exatamente, oito vezes mais barato do que nós, sendo que eles estão lá bem pertinho dos grandes centros, próximo de todos os servidores; é muito mais viável.

Jota Parente - Há mais ou menos três meses nós conversamos a respeito de um investimento que os provedores da região já vinham tratando. Naquela ocasião você pediu para gente deixar para falar um pouco mais adiante, quando já houvesse alguma coisa um pouco mais adiantada. Como está esse projeto, e sua execução será a solução do problema e qual o montante dos investimentos?

Josué - Pois é, como a gente falou no início a gente imaginava que a Eletronorte iria baixar o preço e esse projeto ficaria até mais viável por que teríamos uma mensalidade mais barata para pagar para a Eletronorte, mas isso não aconteceu. Poderíamos de antemão fazer esse outro projeto que que é um projeto ambicioso, porém, necessário, e é o único meio que a gente está vendo de conseguir fazer com que o cliente tenha uma internet parecida com a internet dos grandes centros, mesmo com um valor meio alto. Estamos aí para isso, para tentar investir, mas, infelizmente, não há apoio ainda, do governo para isso, nem de bancos para isso.

Jota Parente - Tem que ser bancado com recurso próprio?

Josué - Sim, através da união dos provedores, criamos a Associação dos Provedores da Transamazônica, e essa Associação fizemos essa união para conseguir puxar essa fibra de Altamira, até aqui.

Os provedores lançaram a ideia de trazer de Altamira até aqui em Itaituba e até os outros municípios da região, porque em Altamira já se encontra uma outra possibilidade de se comprar link da Telebrás, por que, por incrível que pareça, o link da Telebrás é mais barato, em torno de R$ 30,00 a R$ 40,00. Então já é uma grande luz e há possibilidade das grandes empresas chegarem lá vendendo link também.

A outra possibilidade que não é fácil, mas não é impossível é interligar até Marabá, porque até Marabá, que por contar, hoje, com outra opção de oferta de link por uma empresa privada, além da Eletronorte, os provedores daquela região nem foram para esse leilão em Brasília.

Caso optemos trazer a fibra ótica, de Marabá até aqui, pelos nossos cálculos preliminares, será um investimento de cerca de R$ 6 milhões.

Jota Parente - É em que ponto estão as conversas?

Josué - Com o milagre que todo mundo esperava que fosse acontecer nesse leilão, não aconteceu, pois, em vez de baixar o valor do mega, fez foi subir, aproveitamos a oportunidade, e já decidimos que o projeto precisa ser elaborado. Temos um amigo do grupo que é um técnico que trabalhou na Eletronorte por um bom tempo, o qual tem um currículo muito bom. É ele quem vai montar esse projeto para nós, e assim que aprontar, no máximo em 30 dias, vamos conversar para definir o início dos trabalhos.

Jota Parente - Fica difícil para a lógica do governo você tem duas estatais a Eletronorte e a Telebrás e uma disparidade enorme no valor do serviço oferecido...

Josué - É isso mesmo. Por se tratarem de setores públicos, a gente não consegue entender qual é a lógica de dois entes estatais praticarem preços tão diferentes na oferta de um mesmo serviço, para a mesma região. Muitos talvez não gostem do que eu vou falar, mas, uma privatização desse setor é indispensável para nós provedores e para os usuários, pois, com certeza, a privatização é algo trazer avanços para o setor.

Faz um ano que vimos falando com a Eletronorte sobre a necessidade de se fazer um “upgrade”, sem que nenhuma providência tenha sido tomada por mero capricho da burocracia. A União deixou de arrecadar dos provedores, por causa da falta dessa atualização, por mês, R$ 1 milhão e 600 mil, mas, como é do povo, é público, isso para eles não interessa; não deram bem bolas. Nós falamos na reunião, que se fosse uma empresa privada, com certeza, esse R$ 1 milhão e 600 mil faria os olhinhos deles brilhar e investiriam porque haveria retorno seguro.

Jota Parente - Além de ter um custo bastante elevado, esse investimento, mesmo que o dinheiro estivesse em caixa, leva tempo. Quanto tempo?

Josué – Sim, mesmo que o dinheiro estivesse na mão, não se faria do dia para a noite. A gente imagina que fazer um trabalho como esse deve levar de seis meses a um ano para a gente concluir, porque todos sabem que é complicado o tráfego na Transamazônica, que é por onde se vai puxar essa fibra.

No inverno é sempre bem complicado para a gente trabalhar por causa da chuva, e mesmo no verão, que é melhor, tem a poeira. Vamos ter que passar por muitos rios, o que torna esse percurso difícil e faz o projeto ser ainda mais ambicioso, porém, é a única forma da gente resolver de modo duradouro esse problema.

Jota Parente - Na hora que projeto da fibra ótica própria tornar-se realidade, ao fim do contrato de 36 meses feito depois desse leilão em Brasília, os provedores só terão que pagar o aluguel de postes para a Celpa, e isso vai diminuir muito os custos, que certamente beneficiarão os usuários. É isso mesmo?

Josué - Exato. Nós temos aqui uma simulação como se fosse um giga e meio para cada provedor; o provedor paga, em média, vamos arredondar para R$ 100.000,00 por mês para Eletronorte. Esses R$ 100.000,00, com a fibra própria vai cair para no máximo em torno de R$ 10.000,00 por mês; então compensa e muito a gente trazer essa fibra. Inicialmente passaremos um aperto sim, mas num futuro próximo a gente se verá o resultado.

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