sexta-feira, fevereiro 02, 2018

Exclusivo – Vídeos com delação de Reginaldo Campos comprometem estrutura da Câmara

Ex-vereador também terá redução de pena caso seja condenado

O juiz Rômulo Brito, titular da 2ª Vara Criminal da Comarca de Santarém, homologou na quarta-feira (31) a colaboração premiada do ex-vereador Reginaldo da Rocha Campos, que em fevereiro completa seis meses presos, desde quando foi deflagrada a operação Perfuga.

No acordo, a defesa determinou que Reginaldo Campos devolverá o valor aproximado de R$ 1,1 milhão em bens imóveis, que poderão ir a leilão judicial. Também conseguiu que caso seja condenado, o ex-parlamentar cumprirá pena de dois anos e meio em regime fechado, dois anos em prisão domiciliar e o restante em regime aberto.

Antes mesmo de iniciar a instrução do julgamento, Reginaldo Campos renunciou ao mandato de vereador, e resolveu colaborar com a Justiça. Confessou os crimes imputados na denúncia, revelando detalhes de como ocorriam, além de outros delitos. A instrução do processo ainda não terminou, e os interrogatórios deverão ocorrer no final de fevereiro.

Ao homologar o acordo, protocolado na terça-feira (31) pelo Ministério Público do Estado, o juiz considerou que a colaboração foi “legal e regular, pois os depoimentos foram colhidos após o colaborador se voluntariar em esclarecer os fatos, bem como ratificou sua voluntariedade na audiência realizada nesta data, neste juízo”. E completa: “o colaborador foi ouvido nos termos da Lei 12.850/2013 pelo Ministério Público, ocasião em que afirmou a voluntariedade de sua conduta”.

Reginaldo Campos foi vereador por mais de treze anos pelo município de Santarém, e no biênio de 2015/2016 foi presidente da Câmara de Vereadores. As investigações, iniciadas pela Polícia Civil em conjunto com o Ministério Público, e que resultaram na chamada “Operação Perfuga”, concentraram-se nesse período.

Foi descoberto um esquema criminoso de desvio de dinheiro público no âmbito da Câmara de Vereadores, em benefício de Reginaldo Campos e outros servidores da Casa Legislativa, além de marcações ilegais de consultas e exames na Sespa, por meio de servidores da Secretaria Estadual de Saúde.
Na investigação, foram identificados servidores “fantasmas”, vinculados ao gabinete do ex-vereador Reginaldo Campos, que apesar de não prestarem serviços à Câmara, recebiam salário normalmente, sendo que alguns devolviam parte ou integralidade ao parlamentar, que utilizava esse dinheiro para serviços particulares, como pagamento de cartão de crédito, escola de filhos, compra de salgados, etc.

Diversas conversas foram captadas através de interceptação telefônica autorizada judicialmente. Campos também se utilizava de uma servidora “fantasma” para agendar consultas e exames na Sespa, valendo-se de servidores da Secretaria.

Ao todo, respondem criminalmente 28 pessoas pelos delitos de peculato, inserção de dados falsos em sistema de informações, corrupção passiva, corrupção ativa, condescendência criminosa, falsidade ideológica, atentado contra a segurança de serviço de utilidade pública, falso testemunho e associação criminosa. Um dos denunciados, Andrew Oliveira da Silva, também fez colaboração premiada com o Ministério Público, homologada judicialmente, e confirmou as condutas narradas na denúncia. (Com informações do MPE)

FANTASMA MORA EM SÃO PAULO: As investigações relacionadas ao esquema de funcionários fantasmas na folha de pagamento da Câmara de Vereadores apontam que, até mesmo pessoas que residem em outros estados receberam salário sem ao menos comparecer na Casa do Povo.

A voz de prisão a qual foi alvo uma servidora da Câmara na quarta-feira (31/01), depois que mentiu a autoridade policial, se deu justamente por ela afirmar a autoridade policial que conhecia uma pessoa que está na folha de pagamento, porém não o reconheceu o mesmo nas fotos apresentadas pelo delegado. O delegado, após identificar quem teria orientado a servidora a mentir, analisa a solicitação de prisão preventiva do mesmo, por tentar obstruir e dificultar a investigação policial.

FARRA COM COMBUSTÍVEL DA CÂMARA: Conforme matéria publicada no site do O Impacto na segunda-feira (22), onde de forma exclusiva revelamos que o ex-vereador Reginaldo Campos realizaria acordo de delação premiada junto a Justiça, na terça-feira (30), foi confirmada.

De acordo com uma fonte do O Impacto, entre os fatos relatados por Reginaldo, encontra-se os pormenores de como funcionava o esquema de desvio de combustível na sua gestão, conforme apontaram as investigações realizadas pela Polícia Civil e o MPE.

Campos, segundo a fonte, relatou os beneficiários e como o esquema – que teria desviados mais de um milhão de reais dos cofres públicos –, de fato funcionava. Com a homologação, o magistrado pode tornar público o teor da delação, e possivelmente autorizará a divulgação dos vídeos onde o ex-vereador revelar os fatos.


Por: Edmundo Baía Júnior

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