terça-feira, janeiro 09, 2018

Catherine Deneuve e mais 99 artistas defendem 'liberdade de importunar indispensável à liberdade sexual'

Resultado de imagem para fotos atuais de catherine zeta jonesPARIS (AP) — "O estupro é um crime. Mas a paquera insistente ou desajeitada não é delito, nem é o galanteio uma agressão machista." Com esta declaração, um coletivo de mulheres — entre elas, as atrizes Catherine Deneuve e Ingrid Caven — publicou um artigo no jornal "Le Monde", nesta terça-feira, para defender a liberdade dos homens "de importunar".

O texto tem o objetivo de contrapor o que chamaram de "campanha de delações" após o escândalo sexual do produtor Harvey Weinstein. Uma série de acusações contra o magnata encorajou vítimas de abusos de Hollywood e da sociedade a denunciarem os seus abusadores.

A centena de atrizes, escritoras e jornalistas, como a escritora Catherine Millet, dizem rechaçar o "puritanismo" que, segundo elas, se instalou após as acusações contra Weinstein. Embora considere "legítima" a tomada de consciência sobre a violência sexual, sobretudo no ambiente profissional, o grupo avalia que o movimento obriga a se posicionar de certa forma e taxa de "traidores e cúmplices" quem se nega a seguir as diretrizes.

O artigo bate de frente com a campanha que estimula a quebra do silêncio das mulheres que se viram abusadas e assediadas, promovida por centenas de celebridades de Hollywood. Em contraste com o movimento "Time's Up", que vai custear as batalhas legais de vítimas nos Estados Unidos, o outro grupo defendeu homens que "foram penalizados na profissão ou obrigados a se demitir quando seu único erro foi tocar um joelho, tentar um beijo, falar de coisas íntimas no trabalho ou enviar mensagens de conotação sexual a uma mulher que não sentia atração recíproca".

GRUPO VÊ 'ÓDIO À LIBERDADE SEXUAL'
Na visão das autoras do artigo no "Le Monde", há uma "onda purificadora" que levou a uma "febre de levar os cerdos ao matadouro". A referência ao animal alude à campanha #balancetonporc (Delate teu cervo), equivalente francês para o movimento #MeToo, no qual as mulheres foram encorajadas a dividir suas experiências abusivas nas redes sociais. Tal iniciativa e as mulheres que romperam o silêncio foram eleitas a pessoa do ano da revista "Time", em 2017.
Para Catherine Deneuve e as demais artistas, as "delações" não servem à autonomia das mulheres, mas a inimigos da liberdade sexual, a extremistas religiosos, a reacionários e a quem vê o sexo feminino como "uma criança que
pede proteção".

"Não nos reconhecemos neste feminismo que, para além de denunciar abusos de poder, encarna um ódio aos homens e à sexualidade", assegurou o coletivo, que considera a "liberdade de importunar indispensável à liberdade sexual".

Em março do ano passado, Catherine Deneuve, de 74 anos, criou polêmica ao defender publicamente o cineasta Roman Polanski, acusado de estupro. Para a atriz, o diretor não sabia que a vítima tinha 13 anos. "Sempre achei a palavra estupro excessiva", declarou.

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