sexta-feira, outubro 13, 2017

O imbróglio da decisão que impede os hospitais de Santarém de receber pacientes de outros municípios

O pano de fundo por traz de toda essa polêmica criada pela decisão que impede a entrada de pacientes de outros municípios em hospitais públicos de Santarém, está a atuação nefasta de políticos que se aproveitavam da fragilidade dos pacientes e seus familiares para em troca de votos, intermediar a transferência desses pacientes para o Hospital Regional do Baixo Amazonas.

A regulação de pacientes por Santarém começou no governo da Ana Julia e a partir disso, a atuação de agentes contratados por políticos para agir dentro do Hospital Municipal de Santarém ficou tão escancarada que o Ministério Público Estadual resolveu agir e proibiu que a regulação de pacientes continuasse a ser feita pelas autoridades de saúde de Santarém.

Com essa medida do MPE, a Secretaria de Saúde do Estado assumiu a novamente a responsabilidade pela regulação e agora, cada um dos municípios do Tapajós e do Baixo Amazonas passa a encaminhar os seus pacientes direto para Hospital Regional. Assim, o Ministério Público Estadual acaba com a ingerência política dentro do sistema público de saúde, mas, cria uma enorme incerteza em quem precisa de tratamento médico de alta complexidade, pois a lógica diz que quanto mais rápido for o deslocamento do paciente para o local de atendimento, maior também será a possibilidade do tratamento ser bem-sucedido.

Outro dado importante revelado com essa mexida no sistema público de saúde é que entre todos os vinte municípios que encaminham pacientes vítimas de traumatismo para Santarém, 60% desses pacientes são oriundos de Itaituba. Isso significa dizer que o nosso trânsito faz mais vítimas do que qualquer outro tipo de doença e, mesmo assim, ninguém toma nenhuma providencia para reduzir o número de acidentes no transito de Itaituba.

Os nossos representantes políticos, tanto em nível estadual, quanto federal, em vez de lutarem por recursos para resolver os gargalos do trânsito de Itaituba, preferem tirar vantagens eleitorais, burlando o sistema de regulação dos pacientes.

Outra dúvida causada por essa decisão do MPE é sobre a pactuação dos municípios do Tapajós e Baixo Amazonas com Santarém para o atendimento dos pacientes de alta complexidade, pois os repasses de recursos federais para esse tipo de atendimento vão diretos para os cofres de Santarém e o prefeito de Itaituba, agora, deve exigir o ressarcimento desse dinheiro.  E diante de toda essa polêmica, fica ainda mais urgente a necessidade da conclusão da obra do Hospital Regional do Tapajós.


Weliton Lima, comentário do Focalizando, quinta-feira, 12/10/2017

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