Nossa aviação militar até poderia ser mais
bem equipada, mas ainda assim conquistou respeito e admiração onde se fez
presente, e aí destaca-se o 1º Grupo de Aviação de Caça, que fez bonito nos
céus da Itália durante a Segunda Guerra Mundial.
Devemos lembrar ainda da nossa Embraer, hoje
a terceira maior fabricante de jatos de linha aérea, ficando atrás apenas das gigantes Boeing e Airbus. Ressalto,
também, que centenas de pilotos brasileiros estão voando em diversos países,
sobretudo na Ásia e Oriente Médio. Seguidamente empresas estrangeiras vem ao
Brasil recrutar nossos pilotos. E para fechar com chave de ouro toda essa
grandeza, um brasileiro, Alberto Santos Dumont inventou o avião e o fez voar
pela primeira vez .
O Brasil, como sabemos, tem dimensões
continentais, e se não fosse nossas seguidas crises econômicas, motivadas por
também seguidas crises políticas, certamente teríamos uma aviação com muito
maior pujança; ainda assim, como disse no inicio deste texto, nossa aviação é
respeitada pelo mundo a fora.
Bem, e onde entra nossa querida
Itaituba nessa história? Qual a importância de nossa região na aviação
brasileira e mundial? Muitos simples. Em meados dos anos oitenta, tivemos o
aeroporto mais movimentado do mundo em aviação de pequeno porte, abastecendo as
quase seiscentas pistas em todo Vale do Tapajós, com operações que contrariavam
todos os manuais dos fabricantes de aeronaves, dada a precariedade das pistas e
do excesso de peso, com destaque para a destemida habilidades dos pilotos, os
chamados pilotos de garimpo.
Quem milita na aviação, sabe que nos quatro
cantos desse imenso Brasil, o nome de Itaituba se destaca como a Meca da
aviação de garimpo, ainda que tenha tido outros lugares onde se exerceu ou se
exerce essa atividade, tais como Boa Vista, Alta Floresta, Redenção e outros
lugares com menos visibilidade.
A aviação de garimpo teve seu inicio aqui no Tapajós,
no limiar dos anos sessenta, atingindo seu ápice nos anos oitenta. Nessas quase
seis décadas, por aqui flutuaram, transitaram, ou melhor voaram por aqui
aproximadamente mil pilotos. Muitos deles ainda estão espalhados por diversos
recantos do Brasil e no exterior, alguns ainda pilotando, outros com atividades
diversas, e outros aposentados. Porém, muitos deixaram suas vidas nas matas
desta majestosa Amazônia.
Hoje, uma nova geração mantém
com maestria essa gloriosa tradição de pilotos
de garimpo. Alguns herdaram o DNA de seus pais, avós ou tios, mas também
alguns da velha guarda, chamados de Velhas
Águias, ainda estão por ai, emprestando sua experiência e contribuindo para
o desenvolvimento de nossa querida região.
Em agosto teremos um evento
aqui em Itaituba, que talvez passe despercebido pela sociedade e mais do que
isso, desqualificado até por alguns pilotos, eventos esse que reunirá em uma
confraternização, um grupo com mais de oitenta pilotos que voaram no Tapajós
nas décadas de 60, 70, 80 e 90. Virão de vários estados brasileiros; alguns
saíram daqui há mais de trinta anos e nunca voltaram. Todos guardam lembranças
inesquecíveis dos tempos que aqui viveram e voaram nesta verdadeira epopeia
chamada aviação de garimpo.
Na verdade, há um clima de grande
emoção em torno desse encontro que ultrapassa as fronteiras da saudades,
chegando ao amor que todos dedicaram ao Vale do Tapajós. Estima-se que nesse
encontro, somadas as horas de voo de cada um, ultrapasse um milhão de horas.
Recentemente o Cmte Wilson
escreveu um livro, com título de Voo
Noturno, uma quase auto biografia
onde relata sua passagem como aviador e garimpeiro nas décadas de 80 e 90 aqui
em Itaituba, porém ele recheia seus relatos com passagens de outros pilotos e
garimpeiros. Pouca coisa foi escrita sobre a aviação de garimpo, sobretudo do
Tapajós, alguns anos atrás o Cmte Luis Mendonça, piloto que também passou por
aqui, voando e garimpando, escreveu um bom livro sobre nossa aviação, porém não
teve o alcance merecido pela falta de divulgação, pois não tínhamos a
facilidade que hoje os meios de comunicação oferecem, principalmente a
internet. Soubemos que o Cmte Gustavo Albrecht, que estará no encontro, também
escreveu sobre sua passagem como piloto
de garimpo, quando por aqui voou na década de noventa, e embora ainda não
tenha lido, acredito que deva ser um bom livro, pois sei do conhecimento do
Albrecht sobre aviação, inclusive foi piloto de caça da Força Aérea Brasileira.
Um dos resultados positivos
desse grande encontro que teremos em Itaituba é que por iniciativa do vereador
Toinho Piloto, foi aprovado na Câmara Municipal de Itaituba, um Projeto de Lei,
instituindo o dia 06 de agosto como o Dia
do Piloto de Garimpo, no âmbito municipal. Espero que essa data sirva para
ajudar a manter viva essa história que se insere dentro da história da
garimpagem no vale do Tapajós, pois, infelizmente, por falta de registros boa
parte dessa epopeia está se apagando, o que é uma pena, pois as futuras
gerações ficarão privadas de conhece-la.
Na edição 217 do
Jornal do Comércio, circulando desde hoje à tarde
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