segunda-feira, maio 11, 2015

Sem dinheiro não dá, mas, só dinheiro não ganha eleição

Artigo de Jota Parente, publicada na mais recente edição  do Jornal do Comércio

A campanha eleitoral de 2016, que nos bastidores algum tempo começou faz, tem tudo para ser uma das difíceis dos últimos anos. A maior dificuldade que eu vislumbro será exatamente naquilo que é o combustível de qualquer processo eleitoral, o dinheiro para bancar a máquina montada para captar votos. Principalmente para quem vai precisar sair atrás de quem possa ajudar a tocar a campanha.
No tocante a Itaituba, até três meses atrás, o que se via era uma polarização entre os nomes da prefeita Eliene Nunes e do ex-prefeito Valmir Climaco. Porém, o quadro está mudando, pois já se somam à disputa mais dois nomes cuja aceitação popular só vai poder ser medida dentro de mais alguns meses.
Eliene desliza em números de popularidade nada satisfatórios. Embora esteja em pleno exercício do mandato, seu sumiço do meio do público só faz aumentar seu desgaste dia a dia. E, embora ainda falte um ano e meio para a eleição, o grupo político que a elegeu vai se afastando cada vez mais dela. Para reagir, ela precisa reforçar seu time, mas, não se veem gestos concretos dela nesse sentido.
Inevitavelmente, surgem as comparações da atual prefeita, com seu mentor político, Roselito Soares. Fala-se que a essa altura do mandato, Roselito sofria com baixos índices de aprovação, o que é verdade. Todavia, há uma diferença fundamental que pesa contra ela: Roselito nunca se escondeu do povo, mesmo nos momentos mais difíceis, nos quais até crianças o vaiavam no meio da rua. Eliene dificilmente é vista, e até mesmo aliados de primeira hora tem muita dificuldade para conversar com ela, pessoalmente ou por telefone.
Outra diferença é que quase todo a imprensa batia em Roselito, até que ele decidiu abrir a mão e fazer bons contratos, aproveitando com maestria os espaços, enquanto a maioria dos veículos de comunicação tem contrato, hoje, com a Prefeitura, mas, o marketing da prefeita não tem conseguido erguer o nível de aprovação dela.
O ex-prefeito Valmir Climaco surfa em números de pesquisas, que para ele são sempre verdadeiros. Não é de hoje que ele vem sendo enganado pelos números, mas, parece que não aprendeu a desconfiar deles, apesar das seguidas derrotas. A euforia do político e empresário tem sido sempre maior do que a prudência, e os resultados, catastróficos eleição após eleição.
Se houvesse eleição agora, muito provavelmente Valmir seria eleito. Ocorre que a eleição será daqui a dezoito meses, tempo suficiente para que muita coisa mude. Caso Valmir não mude nada na sua maneira de fazer leitura da conjuntura política, tem tudo para repetir os fracassos anteriores. Em vez de ouvir somente os bajuladores de plantão, que só dizem o que ele quer ouvir, deveria dar ouvidos a quem tem coragem de lhe dizer coisas que contrariam seu ego, mas, que estão próximas da realidade política do momento.
A entrada dos empresários Ivan D’Almeida e Paulo Gilson Pontes no jogo poderá mudar muita coisa. Por enquanto são apenas pretensos candidatos que dão início à jornada visando a chegar ao topo da pirâmide política local. Todavia, quem pode garantir que nenhum deles vai vingar? Quando o nome de Eliene Nunes começou a ser citado nas rodadas políticas, era muito tímido e pouca gente apostava no seu sucesso. O próprio então prefeito Valmir Climaco subestimou e pagou caro por isso.
Sem dinheiro não dá para fazer campanha, mas, apenas dinheiro não ganha eleição. Se o problema é dinheiro, Ivan D’Almeida tem bastante e pode se contrapor a Valmir. Eliene Nunes tem a máquina administrativa do município a seu favor e Paulo Gilson Pontes é jovem e muito articulado, entrando no páreo com muita disposição de desbancar os três, com muito menos recursos financeiros do que eles, mas, com um projeto de poder debaixo do braço e com muita vontade chegar em primeiro lugar.

A priori, configura-se uma disputa que tende a ser muito acirrada, na qual a competência para negociar adesões tem tudo para ser um fator decisivo.  E em tempos de crise, quem souber administrar melhor as finanças de sua campanha também poderá levar grande vantagem, pois é fundamental saber onde e no que gastar. E é bom os que tem dinheiro não fazer pouco de quem tem menos, uma vez que em uma campanha desigual, Eliene ganhou do endinheirado Valmir, que por cima ainda era o prefeito.

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