Davi
Menezes – Pontocom e presidente da CDL – O nosso segmento, hoje, enfrenta
dificuldades, em virtude das problemáticas nacionais, estaduais e municipais.
Então, hoje o comércio não promete muito. Em Itaituba, passamos por um período
de especulação por causa da previsão de investimentos que estavam para
acontecer e que estão retardando. Hoje percebemos que Itaituba está voltando
aos valores normais dos imóveis, por exemplo. A gente sente uma queda bem
acentuada no comércio, motivado, também, pela falta de investimentos externos
no município. A leitura que nós fazemos é de que essa conjuntura tende a fazer
com que continuemos enfrentando dificuldades, enquanto não houver a recuperação
da economia nacional, o que demanda tempo.
No caso do meu negócio, sofri uma
retração de vendas em torno 30% a 40%. Infelizmente isso está acontecendo à
revelia da nossa vontade. Nos mexemos para um lado ou para outro sem conseguir fazer as coisas andarem.
Ademais, no meu segmento, assim como em outros, a gente enfrenta uma forte
concorrência da internet, que é uma realidade crescente. Isso nos afeta muito,
porque vivemos em um ponto longínquo do principal centro de produção, São
Paulo. Temos um custo elevado e concorremos com grandes lojas que estão também
na internet. Por exemplo: eles vendem um computador para um comprador em
Itaituba, muitas vezes, com frete grátis e em prestações de dez a quinze vezes,
coisa que a gente não tem com fazer aqui. Há ainda o fator das grandes redes
nacionais que se instalaram em nossa cidade, com as quais é complicado competir,
porque o poder de compra delas é muito elevado, com preços e prazos que não
temos como acompanhar. Veja que algumas lojas de Itaituba do setor de
eletroeletrônicos fecharam.
Davi
fala como presidente da CDL. A
reportagem perguntou se o fechamento de uma loja pertencente a uma grande rede
como foi o caso da Novo Mundo está diretamente relacionada com a crise e ele
respondeu: Com certeza! Acho que a rede Novo Mundo não planejou. Houve uma
especulação. Vários empresários vieram para cá em virtude de pura especulação.
Isso prova que nossa cidade não suporta esse tanto de lojas com a economia do
jeito que está. E pela leitura que se faz, há possibilidade de outras lojas
baixarem as portas, porque a nossa economia está centrada no ouro e no
funcionalismo público. A CDL não vê isso com bons olhos.
João
Batista R. Prado – Drogaria Pontual – Apesar das pessoas precisarem comprar
remédios, as vendas caíram bastante. No meu negócio eu observei uma queda de
cerca de 40%. 2015 está sendo um ano muito difícil para todos os segmentos do
comércio. Espero que em 2016 a gente tenha um ano melhor, que possamos ter
melhores representantes, pois eu acredito que se continuar desse jeito, muitos
comércios irão fechar suas portas. Eu penso como muitos comerciantes, que
consideram que se conseguir empatar receita com despesa no final do ano, já
estará bom.
Marcelo
Cajado – Naturalíssima Cosméticos, João & Maria, Via Celular... -
Quando a gente se depara com uma situação como essa, a primeira coisa que se
faz é se questionar se o problema é geral ou se somos nós que não estamos
conduzindo bem o nosso negócio. Mas, a verdade é que estamos vivendo um momento
muito preocupante, que não deixa margem para erros, porque as consequências
podem ser muito difíceis. A partir do momento em que a gente observa que as
empresas das quais compramos, insistem para que compremos, é porque o negócio
não está para brincadeira.
O momento faz com que mude o
comportamento, inclusive das empresas fornecedoras, que tentam vender de
qualquer maneira, dilatando os prazos, com bons descontos e até sem entrada.
Estão fazendo de tudo para vender, principalmente para quem tem um histórico de
ser bom pagador. Mas, a gente precisa planejar bem as compras, porque não está
dando para estocar mercadoria. Deve-se comprar mercadoria para o giro e com
muito cuidado.
Joelson
Castro – Grupo Itafrigo – O que está acontecendo agora é reflexo do que
ocorreu lá atrás, quando maquiaram os números. Hoje sofremos as consequências,
que poderiam ter sido evitadas se a gente tivesse a informação correta. Muitos
investimentos feitos, teriam sido melhor planejado, de acordo com as
perspectivas.
Em âmbito nacional o reflexo é
instantâneo, pois algo que acontece nos grandes centros, daqui a pouco já
repercute em todo o país. A informação, hoje em dia, acontece em tempo real.
Em Itaituba, alguns setores,
principalmente os de serviço, vão muito bem, uma vez que nós recebemos
investidores de fora, como é o caso dos portos. Então, as empresas que prestam
serviços para essas grandes que vieram de fora, vão bem. Entretanto, no
comércio, na atividade de compra e venda, essa tem problemas, porque a mão de
obra ficou mais cara e escassa. Falta mão de obra qualificada, o que fez com
que houvesse o encarecimento. Ademais, nosso PIB per capta é muito baixo. Isso
nos obriga a praticar um preço muito baixo em relação aos grandes centros,
porque se a gente cobrar mais caro corre o risco de não vender. Sobretudo
produtos que perecem rapidamente, como hortifrutigranjeiros.
Vereador
Nicodemos Aguiar – Loja Liderança – Eu já enfrentei várias crises em
Itaituba, mas, esta é uma das maiores que eu vi. Estive em São Paulo há poucos
dias, fazendo compras, e lá não está muito diferente daqui. As empresas estão
demitindo muitos funcionários. No meu ramo, calçados e confecções, a situação
está muito difícil. Mas, não é só aí. Eu tenho uma loja de importados na Rua
Hugo de Mendonça, que está fechada com mercadoria dentro. Eu estou tentando
vender a mercadoria para alugar o ponto.
Os nossos fornecedores, em São
Paulo, nos ofereceram mercadorias com
prazos que nunca tínhamos conseguido antes. O maior prazo que nos davam era de
120 dias. Agora ofereceram produtos com até dez meses para pagar. As
reclamações por lá são muitas, com um grande número de demissões sendo feitas
pelos lojistas. Tem muita empresa fechando. Aqui a crise está muito séria, com
ameaça de fechamento de muitas lojas. No nosso caso, nossas vendas cairam quase
50%. Na pecuária, com a qual também trabalho, o preço do boi está bom, mas,
faltam compradores. Diminuiu bastante o consumo de carne em nossa cidade. Mesmo
as vendas para Manaus diminuíram muito.
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