segunda-feira, maio 18, 2015

A crise atingiu em cheio Itaituba

             

              A crise atingiu em cheio Itaituba. Falta liquidez no mercado. As pessoas estão vendo o pouco dinheiro que tem escapar das mãos como fumaça. Os lojistas trabalham para administrar a retração das vendas, pois enquanto entra menos dinheiro no caixa, os custos do negócio se mantem, ou crescem. Cada dia mais a conta não fecha. Em face disso, o Jornal do Comércio procurou alguns empresários de diferentes setores para ouvir como cada um enfrenta esse delicado momento da economia.
            Davi Menezes – Pontocom e presidente da CDL – O nosso segmento, hoje, enfrenta dificuldades, em virtude das problemáticas nacionais, estaduais e municipais. Então, hoje o comércio não promete muito. Em Itaituba, passamos por um período de especulação por causa da previsão de investimentos que estavam para acontecer e que estão retardando. Hoje percebemos que Itaituba está voltando aos valores normais dos imóveis, por exemplo. A gente sente uma queda bem acentuada no comércio, motivado, também, pela falta de investimentos externos no município. A leitura que nós fazemos é de que essa conjuntura tende a fazer com que continuemos enfrentando dificuldades, enquanto não houver a recuperação da economia nacional, o que demanda tempo.
            No caso do meu negócio, sofri uma retração de vendas em torno 30% a 40%. Infelizmente isso está acontecendo à revelia da nossa vontade. Nos mexemos para um lado ou para outro  sem conseguir fazer as coisas andarem. Ademais, no meu segmento, assim como em outros, a gente enfrenta uma forte concorrência da internet, que é uma realidade crescente. Isso nos afeta muito, porque vivemos em um ponto longínquo do principal centro de produção, São Paulo. Temos um custo elevado e concorremos com grandes lojas que estão também na internet. Por exemplo: eles vendem um computador para um comprador em Itaituba, muitas vezes, com frete grátis e em prestações de dez a quinze vezes, coisa que a gente não tem com fazer aqui. Há ainda o fator das grandes redes nacionais que se instalaram em nossa cidade, com as quais é complicado competir, porque o poder de compra delas é muito elevado, com preços e prazos que não temos como acompanhar. Veja que algumas lojas de Itaituba do setor de eletroeletrônicos fecharam.
            Davi fala como presidente da CDL. A reportagem perguntou se o fechamento de uma loja pertencente a uma grande rede como foi o caso da Novo Mundo está diretamente relacionada com a crise e ele respondeu: Com certeza! Acho que a rede Novo Mundo não planejou. Houve uma especulação. Vários empresários vieram para cá em virtude de pura especulação. Isso prova que nossa cidade não suporta esse tanto de lojas com a economia do jeito que está. E pela leitura que se faz, há possibilidade de outras lojas baixarem as portas, porque a nossa economia está centrada no ouro e no funcionalismo público. A CDL não vê isso com bons olhos.
            João Batista R. Prado – Drogaria Pontual – Apesar das pessoas precisarem comprar remédios, as vendas caíram bastante. No meu negócio eu observei uma queda de cerca de 40%. 2015 está sendo um ano muito difícil para todos os segmentos do comércio. Espero que em 2016 a gente tenha um ano melhor, que possamos ter melhores representantes, pois eu acredito que se continuar desse jeito, muitos comércios irão fechar suas portas. Eu penso como muitos comerciantes, que consideram que se conseguir empatar receita com despesa no final do ano, já estará bom.
            Marcelo Cajado – Naturalíssima Cosméticos, João & Maria, Via Celular... - Quando a gente se depara com uma situação como essa, a primeira coisa que se faz é se questionar se o problema é geral ou se somos nós que não estamos conduzindo bem o nosso negócio. Mas, a verdade é que estamos vivendo um momento muito preocupante, que não deixa margem para erros, porque as consequências podem ser muito difíceis. A partir do momento em que a gente observa que as empresas das quais compramos, insistem para que compremos, é porque o negócio não está para brincadeira.
            O momento faz com que mude o comportamento, inclusive das empresas fornecedoras, que tentam vender de qualquer maneira, dilatando os prazos, com bons descontos e até sem entrada. Estão fazendo de tudo para vender, principalmente para quem tem um histórico de ser bom pagador. Mas, a gente precisa planejar bem as compras, porque não está dando para estocar mercadoria. Deve-se comprar mercadoria para o giro e com muito cuidado.
            Joelson Castro – Grupo Itafrigo – O que está acontecendo agora é reflexo do que ocorreu lá atrás, quando maquiaram os números. Hoje sofremos as consequências, que poderiam ter sido evitadas se a gente tivesse a informação correta. Muitos investimentos feitos, teriam sido melhor planejado, de acordo com as perspectivas.
            Em âmbito nacional o reflexo é instantâneo, pois algo que acontece nos grandes centros, daqui a pouco já repercute em todo o país. A informação, hoje em dia, acontece em tempo real.
            Em Itaituba, alguns setores, principalmente os de serviço, vão muito bem, uma vez que nós recebemos investidores de fora, como é o caso dos portos. Então, as empresas que prestam serviços para essas grandes que vieram de fora, vão bem. Entretanto, no comércio, na atividade de compra e venda, essa tem problemas, porque a mão de obra ficou mais cara e escassa. Falta mão de obra qualificada, o que fez com que houvesse o encarecimento. Ademais, nosso PIB per capta é muito baixo. Isso nos obriga a praticar um preço muito baixo em relação aos grandes centros, porque se a gente cobrar mais caro corre o risco de não vender. Sobretudo produtos que perecem rapidamente, como hortifrutigranjeiros.
            Vereador Nicodemos Aguiar – Loja Liderança – Eu já enfrentei várias crises em Itaituba, mas, esta é uma das maiores que eu vi. Estive em São Paulo há poucos dias, fazendo compras, e lá não está muito diferente daqui. As empresas estão demitindo muitos funcionários. No meu ramo, calçados e confecções, a situação está muito difícil. Mas, não é só aí. Eu tenho uma loja de importados na Rua Hugo de Mendonça, que está fechada com mercadoria dentro. Eu estou tentando vender a mercadoria para alugar o ponto.
            Os nossos fornecedores, em São Paulo, nos ofereceram mercadorias  com prazos que nunca tínhamos conseguido antes. O maior prazo que nos davam era de 120 dias. Agora ofereceram produtos com até dez meses para pagar. As reclamações por lá são muitas, com um grande número de demissões sendo feitas pelos lojistas. Tem muita empresa fechando. Aqui a crise está muito séria, com ameaça de fechamento de muitas lojas. No nosso caso, nossas vendas cairam quase 50%. Na pecuária, com a qual também trabalho, o preço do boi está bom, mas, faltam compradores. Diminuiu bastante o consumo de carne em nossa cidade. Mesmo as vendas para Manaus diminuíram muito.

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