domingo, dezembro 07, 2014

*A violência doméstica e suas diferentes manifestações

           Tenho em meus arquivos, um relatório produzido há poucos anos, por oito especialistas de diferentes formações profissionais, muito interessante, a respeito da violência doméstica e suas manifestações Eles são: Vivian Peres Day, Paulo Blank, Pedro Henrique Zoratto, Lisieux Elaine de Borba Telles, Rogério Göettert Cardoso e Denise Arlete Machado, psiquiatras, sócios efetivos da SPRS; Maria Regina Fay de Azambuja, Procuradora de Justiça do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul, especialista em violência doméstica pela USP; Marisa Braz Silveira, * pediatra, especialista em violência doméstica pela USP; Moema Debiaggi, arquiteta, docente da PUCRS e Maria da Graça Reis, Defensora Pública do Estado do RS. Defensora Pública do Estado do RS. Trata-se de um trabalho de profissionais estudiosos do assunto, que desejo compartilhar com os leitores para reflexão.
   
            A violência é, em primeiro lugar, os outros”. Alain Teyresite
“Existe um meio de libertar os homens da maldição da guerra?”, Einstein surpreende Freud na famosa troca de correspondência entre os dois gênios. A resposta é rápida: “em princípio, os conflitos de interesse entre os homens
são solucionados mediante o uso da força”. Explica Freud que a evolução tecnológica e intelectual pode e, muitas vezes, está a serviço de estimular o poder pelas armas ou pelo conhecimento.
O objetivo seguiria sendo o mesmo, aniquilar o outro. O respeito ao inimigo vem da necessidade de utilizar a vítima para seus propósitos, bastando mantê-la subjugada e atemorizada. Essas são reflexões que seguem atuais, escritas sob a égide da Segunda Guerra Mundial. Partindo do “filicídio institucionalizado” representado pelos conflitos mundiais, conclui-se que as aflições dos grandes mestres sobre as tendências autodestrutivas da humanidade resistem, apesar dos reiterados esforços da sociedade em explicá-las e evitá-las. Partindo da experiência em estudar e acompanhar vítimas e perpetradores de violência, na experiência diária como psiquiatras forenses, membros do judiciário, médicos que atendem a realidade dos ambulatórios e dos centros de triagem, estudiosos de urbanismo e
outros determinantes sociais, os autores agruparam suas experiências e conhecimentos para refletir e propor alternativas para lidar com um
dos ângulos mais cruéis do crime, aquele que atinge os mais fracos por limitações físicas, emocionais ou sociais.
Foi realizada pesquisa bibliográfica recente, ampla e atual, buscando contemplar os diferentes vértices do tema. O enfoque multidisciplinar é, já, uma das propostas. O problema da violência intrafamiliar e doméstico é complexo e árido. A antiga ideia de que o delinquente era um estranho que se esconderia numa rua escura vem mudando sua face, e à luz observam-se feições bastante conhecidas, familiares. Hoje, está mais claro que falamos de muitas guerras.
Os homens participam dos conflitos das ruas, são vítimas mais frequentes de homicídios, ocorridos entre desconhecidos, atingindo principalmente
os jovens. Entre 20 e 29 anos, a proporção é de 15 vezes para um de óbitos por projétil de arma de fogo, de homens em relação às mulheres da mesma faixa etária.
No presente trabalho, abordar-se-á o tipo de violência que mais acomete mulheres, crianças e adolescentes, além de idosos e deficientes físicos e mentais. Tratam-se de atos violentos que acontecem dentro dos lares, onde a taxa de homicídios é menor, mas o prejuízo individual, familiar e social
é catastrófico. Entende-se por violência intrafamiliar: “toda ação ou omissão que prejudique o bem-estar, a integridade física, psicológica ou a liberdade e o direito ao pleno desenvolvimento de um membro da família. Pode ser cometida dentro e fora de casa, por qualquer integrante da família que esteja em relação de poder com a pessoa agredida. Inclui também as pessoas que estão exercendo a função de pai ou mãe , mesmo sem laços de sangue”. Na próxima edição vamos dar prosseguimento à divulgação desse estudo, que como se vê, foi muito bem elaborado.
            Marilene Parente é Bacharel em Direito

*Na edição 191 do Jornal do Comércio, circulando.      

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