Parauapebas, localizada no sudeste paraense, é um exemplo incontestável do domínio de uma mineradora sobre as várias instancias legais da cidade.
Estranhamente é uma das poucas cidades brasileiras com tamanha potencialidade econômica que não possui um sistema de justiça trabalhista e seguridade social, bem como de intervenção federal.
A cidade é desprovida de uma delegacia da Polícia Federal e de um estabelecimento do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social).
Os serviços da Polícia Rodoviária Federal e do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) também desfalcam os serviços públicos de Parauapebas
Faltam também órgãos fiscalizadores diretamente ligados à atividade de mineração, como o DNPM, Funai e Ibama.
O mais grave é que Parauapebas, uma das cidades com maior índice de acidentes de trabalho ocasionados pela mineração no Brasil, não dispõe de uma estrutura federal, especialmente relacionada ao sistema da justiça trabalhista.
Do tripé, composto pela fiscalização (Poder Executivo), pela promoção social (Ministério Público) e pela jurisdição (Poder Judiciário), só está presente em Parauapebas a Justiça do Trabalho. Culminando em notificações judiciais após lesão perpetrada, nunca antes.
Dessa situação, a Vale se aproveitaria, pois atua sem fiscalização do Ministério do Trabalho e sem balizas para formatar uma conduta coletiva.
Assim, a mineradora estaria tercerizando, inclusive, toda as suas relações trabalhistas e convertendo a Justiça do Trabalho de Parauapebas em um mero departamento de recursos humanos próprio.
Pois, quando se rompe o vínculo do empregado com a terceirizada, a Vale contingencia o valor respectivo, não paga a rescisão e aguarda que a Justiça do Trabalho se manifeste.
Em vez de um termo de rescisão, a mineradora tem um título executivo transitado em julgado (sentença ou acordo). Só isso explica as milhares de ações, hoje, contra a mineradora – o que infla a estrutura e sobrecarrega o corpo de funcionários da Justiça do Trabalho de Parauapebas.
“Por isso, as empresas da mineração têm poder, mandam e desmandam nas cidades, nos órgãos federais, estaduais, municipais, sonegam impostos e distribuem a políticos que defendem seus interesses” aponta Jorge Néri, do Movimento Nacional pela Soberania Popular Frente à Mineração (MAM).
Fonte: Brasil de Fato
Enviado
para o blog pelo geólogo José Waterloo Leal
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