domingo, dezembro 15, 2013

Moraes Almeida fala até em governo paralelo após veto de Dilma

Ubiratan Filadelpho
Quando passou por Moraes Almeida na recente viagem de moto que fez, o jornalista Jota Parente conversou com Ubiratan Filadelpho, presidente do Comitê Pela Emancipação daquele distrito. Era o dia 31 de outubro. Vivia-se a expectativa da sanção do Projeto de Lei da Emancipação que se encontrava sobre a mesa da presidente Dilma Rousseff. Nem mais os mais pessimistas imaginavam que pude haver veto parcial, que dirá, veto total da matéria. Mas, aconteceu, e frustrou a todos que aguardaram um resultado diferente, adiando o sonho de transformar Moraes em um novo município, sensação que se estendeu por dezenas de outros distritos. A matéria teve que ser refeita, porque foi produzida em cima do otimismo que havia.

JC – Como você e a comunidade de Moraes Almeida receberam a notícia do veto ao Projeto de Lei 416/20018 aprovado pelo Congresso sobre a criação de novos municípios?

Ubiratan - Decepcionado em toda a acepção da palavra! Profundamente decepcionado, uma vez que a comunidade de Moraes Almeida não tem interesse nenhum em projetar pessoas ou favorecer grupos, mas visa tão somente o bem estar de milhares de cidadãos que há anos se encontram totalmente abandonados sem nenhuma participação nos avanços progressistas do seu país. O veto da Dilma foi praticamente um ‘tiro de misericórdia’.

Esperávamos que a Presidente da República sancionasse o Projeto de Lei 416/2008, pois o texto base foi aprovado na Câmara dos Deputados Federais no dia 04/06/2013 por uma maioria esmagadora, tendo 319 votos favoráveis, 32 contra e duas abstenções; tivemos a participação importantíssima da bancada paraense: do deputado Lira Maia (DEM), deputado Dudimar Paxiúba (PROS), do Zé Geraldo (PT) entre outros, mostrando aí a força que nós municipalistas temos. No Senado, precisamente no dia 16/10/2013, tivemos mais uma vitória, onde 53 senadores votaram a favor, 03 contra e 02 se abstiveram; mais uma vez a participação dos nossos senadores paraenses foi notável com a participação de Flexa Ribeiro e Mário Couto (PSDB), Jader Barbalho (PMDB) entre outros.

De maneira democrática foi definida a proposta que define as novas regras para a incorporação, fusão e desmembramento de municípios. Por esse motivo, Jota Parente, ficou difícil entender, pois na votação, tanto na Câmara como no Senado, somente o PSOL se colocou contrário à criação de novos municípios; a votação expressiva que tivemos a favor deixa claro que até a Bancada Governista votou favorável à aprovação do PL 416/2008. Até agora ainda estamos com dificuldade de digerir a decisão da Presidente Dilma Rousseff, pois tenho certeza que este veto surpreendeu até os governistas.

***JC – Que providências o comitê local está tomando depois do veto e que informações você tem a respeito do movimento em nível nacional para tentar mudar esta situação? 
Ubirtan - Embora decepcionados, estamos conscientes que não é hora de desistir, aliás, pensamos que nunca se deve desistir de uma luta em prol de uma boa causa. E a nossa luta é por uma boa causa. Ela envolve o bem estar de milhares de pessoas. Não estamos a par do que os demais comitês estão arquitetando para reverter esta situação, mas o nosso primeiro passo agora é contatar lideranças em nível federal e sensibilizá-las, mais uma vez, em favor da nossa missão. Há de se ter um vislumbre que deve ser focado para que a presidenta desista, o quanto antes, da sua obstinada miopia política em ser o entrave para o progresso de imensas regiões do Brasil. Este vislumbre, juntamente com as lideranças políticas, queremos achar e focar nele toda a nossa energia para que a urgente criação de novos municípios se torne realidade.

Entendemos que este projeto é de fundamental importância para que a desigualdade possa ser corrigida, principalmente para as pessoas que moram em distritos longínquos, como é o caso de distrito de Moraes Almeida; para estes, a única perspectiva é a emancipação. O nosso Conselho Gestor, e acreditamos que também a Câmara e o Senado, foram pegos de surpresa, pois havíamos negociado com o Governo, com os Ministérios, tirando alguns itens, acrescentando outros... A frase que se ouve agora nos corredores da Câmara e do Senado é “a guerra está declarada.

O que posso dizer neste momento é que consultamos vários deputados federais nestes últimos dias e tive, também, uma conversa com o nosso deputado federal, Dudimar Paxiúba e vi que ele está engajado e totalmente mobilizado no sentido de reverter esta situação; como nós, também ele é sabedor do caos em que Moraes Almeida se encontra. É desumano pensar que uma pessoa tome uma atitude contrária a outras centenas de deputados e dezenas de senadores!

JC – Levando-se em consideração que o veto da Presidenta deu-se baseado em critérios técnicos do Ministério da Fazenda e sabendo que o Governo tem folgada maioria do Congresso, levando-se em consideração, ainda, que 2014 será ano de eleição, havendo pouca disposição dos parlamentares de situação para peitar o governo, o movimento tem esperanças de reverter isso até que o próximo Congresso tome posse?

Ubiratan -  Primeiramente, os critérios utilizados pelo Ministério da Fazenda não condizem com a nossa realidade. Acreditamos que um governo não pode interromper o desenvolvimento de um distrito; vivemos em um sistema presidencialista e esta não foi a primeira vez e nem será a última vez que haveremos de nos unir para derrubar um veto presidencial. Está escrito no Direito Constitucional e no Processo Brasileiro que o veto representa uma discordância do Presidente da República em relação a um projeto, neste caso específico, o Projeto 416/2008.

Você já pensou, Jota Parente, o quanto seria suspeito e contraditório, a Bancada Governista da Câmara que em junho de 2013 e a do Senado que em novembro do mesmo ano votou a favor da PL 416/2008 (criação de novos municípios), agora votasse contra??!! Pois para barrar o veto é necessário que 257 deputados federais e 42 senadores votem a favor. Este veto será apreciado em sessão conjunta dentro de 30 dias a contar do seu recebimento.

JC- Supondo-se o pior quadro, que seria impossibilidade de reverter essa situação em curto prazo ou médio prazo, o que o comitê pela emancipação pretende fazer para não deixar o ânimo esfriar?

Ubiratan - Pensamos que a médio e longo prazo está fora de cogitação para a solução dos nossos problemas, levando-se em conta que até agora somente tivemos promessas que não foram cumpridas. Estamos simplesmente no limite de aturar tanto descaso! Caso a emancipação seja totalmente impossibilitada, seremos – quem sabe – obrigados a criar uma organização paralela, talvez uma Associação dos Moradores de Moraes Almeida e, através dela, conseguir fundos para a aquisição de uma moto-niveladora, caminhão para recolhimento do lixo, pá mecânica. caminhão pipa e outros, tudo extremamente necessários para, pelo menos, dar um pouco de dignidade aos moradores de Moraes Almeida. Isso pode ser constrangedor para as nossas lideranças políticas locais e do município em geral, mas, quem sabe, eles chegarão a ver isso como desafio e saiam do seu casulo de inoperância e falta de vontade política.

            A Editoria do JC: A verdade é que pelo conhecimento que se tem da realidade do município de Itaituba, por mais dinâmico que seja o prefeito, ou no caso presente, a prefeita, não há condições de atender às demandas de comunidades que cresceram e se desenvolveram à revelia de interferências da sede, seja pela falta de recursos, que é um fato real, seja por causa da distância, pois 300 km afastam aquele distrito da cidade de Itaituba.

            Inegavelmente, houve esforço da administração do ex-prefeito Valmir Climaco em dar uma melhor assistência a Moraes Almeida. Da mesma forma, a gestão da prefeita Eliene Nunes tem se esforçado para que a administração municipal seja mais presente. Contudo, por maior que seja esse esforço, ele ainda é muito pequeno em comparação com as necessidades daquele distrito.

            Ubiratan Filadelpho disse para a reportagem do Jornal do Comércio, que a economia de Moraes está cada vez mais forte. Está difícil conseguir alguém para ocupar vagas que surgem nas empresas locais, informou ele, pois só não trabalha por lá quem não tem disposição. Mas, apesar desse dado muito positivo, o distrito se ressente de serviços públicos que só existem na sede do município, o que causa inúmeros problemas no dia a dia da comunidade. O vereador Dirceu Biolchi (Solidariedade), eleito por Moraes, é outro que ficou muito desapontado com a decisão da presidente da Republica.

*** Na Edição 170 do Jornal do Comércio, que está circulando.

Nenhum comentário:

Postar um comentário