Os primeiros cem dias

Chega-se ao esperado prazo de 100 dias de governo, ocasião na qual os governantes costumam fazer uma avaliação do que fizeram até então.

É evidente que a prefeitura Eliene Nunes, pessoa centrada, que parece conviver bem com a crítica, sabendo distinguir bem o que é a Eliene da vida privada e o que é a Eliene da vida pública, não deve estar satisfeita com o que aconteceu até agora em seu governo.

É claro que ela está tendo que vencer muitos desafios, alguns gargalos deixados, mas, a população esperava que a esta altura já houve uma sinalização mais ou menos bem definida do que será o seu governo.

Na edição 156 do Jornal do Comércio, a mais recente, abordei este assunto no meu artigo. Creio ser bastante oportuno publicá-lo no blog para que os leitores que não tiveram acesso a um exemplar do jornal possam ler e tirar suas conclusões.

Vamos ao artigo

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           Os prefeitos que assumiram no dia 1º de janeiro caminham para três meses de gestão. Faltam poucos dias. Alguns dias a mais, e já serão 100 dias de mandato, período considerado como um marco inicial por cada governo, que costuma fazer uma avaliação do desempenho da equipe que assumiu o comando. Na região Oeste do Estado existem alguns casos em que a paciência da população está acabando.

            Assisti a uma entrevista do prefeito Alexandre Von, de Santarém, ao vivo, em um telejornal daquela cidade, há três semanas. O apresentador citou algumas críticas feitas pelo ex-secretário Everaldo Martins Filho, o todo poderoso do governo de sua irmã Maria do Carmo, o qual afirmara que tinha ficado dinheiro em caixa para tocar alguns programas de saúde, e que não procediam as reclamações do atual governo sobre dificuldade que estavam enfrentando nesse setor, chegando ao ponto de decretar Situação de Emergência, condição necessária para fazer compras com dispensa de licitação.

            Alexandre Von disse ao âncora do telejornal da TV RBA Santarém, que se recusava a comentar declarações de quem pertenceu ao governo anterior ao seu, porque aquele governo terminou no dia 31 de dezembro do ano passado. Até aquela data, disse ele, a responsabilidade era da administração da ex-prefeita Maria do Carmo. A população o elegeu porque acreditou em suas propostas, dando a ele a oportunidade de governar seu município, o que está procurando fazer com o máximo de acertos, disse. A história vai julgar o governo que passou, e o seu governo. A população já fez um primeiro julgamento, quando apostou nas suas propostas de trabalho, disse Von.

            Achei muito interessante as palavras do prefeito de Santarém, porque até hoje ainda existem governantes que assumiram em 1º de janeiro deste ano, os quais, em vez de trabalhar, em vez de tentar cumprir as promessas que apresentaram na campanha política, preferem ficar colocando a culpa no governo passado em tudo que acontece de ruim no município.

            Essa não tem sido uma prática da prefeita Eliene Nunes. Entretanto, não se pode dizer o mesmo de alguns, ou de vários integrantes de sua assessoria, que preferem dizer que os problemas de Itaituba são todos culpa do ex-prefeito Valmir Climaco. Isso não está mais funcionando, porque os itaitubenses querem soluções para os inúmeros problemas do município. Ninguém quer saber quem foi que cavou os buracos das ruas, mas, quem vai tapá-los, para falar somente do mais urgente dos problemas que a atual administração enfrenta, o que tem sido motivo de muitas reclamações, até mesmo de quem fez campanha para Eliene.

            Quando fez sua primeira reunião de trabalho com seu secretariado, a prefeita Eliene Nunes deu 100 dias para que cada secretário pudesse mostrar algum serviço. Por enquanto, a maioria está devendo explicações para a comunidade, e para a prefeita. Existem sérios problemas de falta de medicamentos nos postos de saúde e no Hospital Municipal, a SEMINFRA não tem sido capaz de aproveitar os dias de sol para resolver a questão da buraqueira que toma conta da cidade, e assim por diante.

            Há reclamações muito fortes contra a maneira como o secretário de administração, Pastor Erisvan, toca sua pasta, com mão de ferro, sendo acusado de agir de forma extremamente centralizadora, além de outras reclamações. As reclamações são diárias. Eu fui procurado por algumas pessoas de dentro do governo, que me confidenciaram que o homem não é apenas econômico. O problema é que ele trava tudo. Com ele a máquina só tem freio; por isso não anda. Houve até um assessor que ocupa uma importante diretoria, que me falou que acha que o Pastor Erisvan é mais centralizador do que o ex-prefeito Valmir Climaco.

            A prefeita Eliene Nunes tem viajado bastante, tanto para conhecer gestões de municípios onde as coisas funcionam há tempos, como para tentar buscar recursos. Sabe-se que não se deve cobrar que um chefe do Poder Executivo permaneça eternamente no seu território. É preciso correr atrás de convênios e de parcerias de um modo geral para fazer a máquina andar. Entretanto, é necessário que a comandante, que é a prefeita, destrave a locomotiva a fim de que ela possa puxar os vagões. Por enquanto a locomotiva da administração de Itaituba está travada.

            Pode parecer para alguns, que ainda seja cedo para cobranças; há de se ter compreensão em alguns pontos, como a questão do sistema viário por causa do inverno pesado, mas, o que motiva o surgimento de críticas consistentes e responsáveis é a letargia que toma conta do governo, que tem reunido muito com diversos segmentos da sociedade, e isso é bom, mas, que tem sido pouco objetivo no que diz respeito a ações práticas, a trabalho. Por isso, quando chegar aos 100 dias de gestão no dia 10 abril, parece que a administração da prefeita Eliene Nunes não vai ter muita coisa para comemorar. Nem o restante da população de Itaituba, ao menos por enquanto.

Jota Parente