sábado, outubro 16, 2010

O viajante solitário da Expedição Brasil - cap. 6

14.04.2010 – O dia amanheceu nublado naquela quarta-feira, ameaçando chover a qualquer momento. Tomei café bem cedo e às 7:30 já estava caminhando, pegando informações sobre como chegar até a casa onde Roberto Carlos nasceu. Fica no centro de Cachoeiro do Itapemirim, que é bem grande. Saí perguntando, dobrando em várias esquinas, até que começou a cair uma chuva fina.



Eu sabia que já estava perto, mas, ainda não tinha conseguido me localizar. Então perguntei a uma jovem natural da cidade, onde ficava a tão famosa casa. Ela, embora nascida e criada lá, nunca tinha entrado no local. Pediu para segui-la, o que fiz e ela, pela primeira vez visitou a casa onde o rei tinha nascido.


A única razão de eu ter ido a Cachoeiro do Itapemirim foi conhecer a casa onde nasceu e viveu até os doze anos, Roberto Carlos Braga. Não fosse por isso, não teria deixado a BR 101. Então, tratei de registrar da melhor maneira possível, minha passagem por aquela cidade que seu filho mais ilustre tornou nacionalmente famosa por causa de uma canção, que a maioria dos fãs pensa que é dele, mas, não é. Roberto é o intérprete, porém, a composição da letra e da melodia é de Raul Sampaio, outro filho famoso da terra, compositor gravado por muitos ícones da música brasileira. Ele compôs Meu Pequeno Cachoeiro e procurou seu conterrâneo Roberto, a quem perguntou se ele gostaria de gravar aquela música. O rei gostou muito, gravou e deu no que deu.


A coisa deu tão certo, o sucesso foi tão grande, a identificação dos cachoeirenses com a música foi tão forte, que virou o hino oficial do município pela lei municipal n° 1072/1966.


Fui recebido por Luis Gonzaga Dias, o Binguê, uma figura muito conhecida na cidade, por seu conhecimento de tudo quanto se refere a Roberto Carlos. Se alguém naquela cidade sabe da vida do rei, esse alguém é o Binguê.


A casa tem uma administradora, para a qual o ele ligou, para pedir permissão a fim de que eu pudesse fazer fotos. Autorização concedida, comecei a visitar os cômodos, dois quartos da casa que é pequena, incluindo o quarto onde Roberto nasceu. Foi um banho de história da vida da maior estrela da música brasileira em todos os tempos.


Foi naquela casa que foram dados os primeiros passos de Roberto Carlos no mundo da música. Encontra-se no local um antigo piano, no qual o rei teve aulas com uma professora particular. Há, também, como uma das grandes relíquias, um pequeno equipamento utilizado pela Rádio Cachoeiro, quando o ainda pequeno fenômeno da música dava os primeiros passos.


Há dois anos Roberto esteve na casa, mas, nenhuma foto foi feita, porque a Rede Globo, com a qual o rei tem contrato, não concedeu autorização. Há fotos de seus irmãos e de diversas outras pessoas conhecidas que visitaram o local. Do rei, somente fotos antigas, LPs e outras lembranças.


Uma curiosidade que vale a pena destacar: a casa foi vendida pelo pai de Roberto Carlos, na década de 1950, quando a família mudou-se para o Rio de Janeiro. Contudo, quando estourou o sucesso do rei, a prefeitura de Cachoeiro do Itapemirim desapropriou o imóvel, transformando-o num museu, ainda que com muito poucos itens para serem vistos pelos visitantes. Vale muito mais pelo valor histórico que o local tem, do que pelo que há para ser visto.


Terminada a visita, fui para o hotel, peguei a bagagem e caí na estrada. Já passava de nove e meia da manhã. Daí em diante procurei ganhar terreno para recuperar o tempo gasto na visita. Mas, mesmo assim, só consegui avançar cerca de 400 km, até a cidade de Vassouras, no Rio de Janeiro, já relativamente perto de São Paulo.




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