Na primeira parte da entrevista que concedeu ao Jornal do Comércio, na edição passada, o empresário Valmir Climaco ateve-se, basicamente, às questões relativas ao setor madeireiro, dando ênfase especial à necessidade de se parar com o desmatamento. Nesta edição, na segunda parte ele aborda o atual momento vivido pelo setor mineral e no final não poderia deixar de falar de política, referindo-se de modo especial sobre a sucessão para o governo do Estado. Ele afirma com todas as letras, que não acompanhará seu partido, o PMDB, caso o mesmo volte a coligar com a governadora Ana Júlia na próxima eleição.
JC - Qual é a situação atual do setor mineral desta região?
Valmir - Na década de 80 o município de Itaituba chegou a produzir duas toneladas de ouro por mês. Já nos anos de 2007 e alguns meses de 2008 eu creio que a produção mensal não chegou a 200 quilos. Entretanto, pelas informações que a gente tem, nestes últimos meses do ano que está terminando, essa produção deverá ficar entre 500 e 600 quilos por mês, num aumento grande no movimento. Isso é resultado de investimentos que estão sendo feitos. Por exemplo: No Crepurizinho, o empresário Ney, de Poconé, Mato Grosso, implantou uma micro mineradora na qual investiu mais de R$ 3 milhões.
Atualmente ele está extraindo uma média de 35 quilos de ouro por mês, tudo dentro dos modernos padrões, tudo legalizado, sem comprometer em nada o meio ambiente. O Joaquim Carlos Lima está instalando uma planta igual à do Ney, no garimpo Bom Jardim; até o final deste ano deverá funcionar uma planta de minha propriedade e outra, também minha, deverá estar funcionando até o meio do ano de 2010.
Conversando com o Seme Sefrian, secretário municipal de meio ambiente, a gente chegou à conclusão de que ate´o final do ano de 2010 a região estará produzindo cerca de 200 quilos de ouro, somente com essas micro mineradoras. Quem sair para fazer um vôo sobre a região de garimpos vai ver que de cada 100 pistas, 60 já estão roçadas, tem gente colocando maquinário.
Eu acredito que quando tudo isso estiver em fase de produção, Itaituba vai produzir de 600 a 700 quilos de ouro por mês, já em 2010. Dá para chegar a 900 ou 1.000 quilos mensais.
Neste momento, um ponto fundamental é a regularização dessa atividade por parte do governo, o qual precisa reconhecer que o setor de garimpagem e de mineração não é responsável pela destruição da Amazônia. Trata-se de uma atividade que dá lucro para a região, gera empregos, gera divisas para o país.
Nesse particular da geração de empregos, cito o exemplo do garimpo Bom Jesus, que chegou a ter 800 homens trabalhando lá dentro este ano, numa área na qual o desmatamento total foi de no máximo cinco hectares. No momento ainda há mais de 400 pessoas. Esse pessoal todo tem família em Itaituba, para onde manda o dinheiro que ganha. Não é todo município do sul ou do sudeste que tem injetados em sua economia, montante relativo a 200 ou 300 quilos de ouro todo mês. Voltaram a produzir os garimpos do Surubim, do Rosa de Maio, do seu Tomás Aquino e vário outros. O ouro bateu a casa dos R$ 60,00.
JC - O preço atual do ouro compensa...
Valmir - Compensa, sim. Hoje a gente tem a vantagem de pesquisar. De primeiro a gente metia a cara para explorar um barranco, sem saber se iria encontrar ouro, ou não. Hoje a gente bota três homens na frente, vai com o malquinário atrás e descobre onde tem ouro. E com essa crise internacional que ainda está deixando a economia de diversos países ricos desacelerada, o ouro voltou a ser o ativo mais atraente. Eu acredito que nós temos de 20 a 30 empresas estrangeiras pesquisando na região do Tapajós. Na região do Tocantinzinho foi descoberta uma grande jazida de ouro, que eu não sei dizer de quantas toneladas é, mas, sei que é grande. É a maior do Tapajós, descoberta até agora.
JC - No seu garimpo, no Bom Jesus, continua a parceria com a Dourave?
Valmir - Continua, sim, nossa parceria com a Dourave, do Sérgio Aquino. Já foram feitas muitas pesquisas, os resultados tem sido muito animaadores e com certeza, lá vai funcionar uma grande mina. A crise da economia mundial atrasou um pouco, porque a maioria dos investimentos em pesquisa foi suspensa. Isso vai retardar um pouco a implantação de uma planta no Bom Jesus, que estava prevista, mais ou menos para meados de 2010, antes da crise. Entetanto, os trabalhos de pesquisa continuam sendo realizados e eu tenho certeza que o resultado vai ser dos melhores. É possível que demore de um ano a um ano e meio para que uma mineração industrial seja implantada lá.
JC - Tudo isso é muito bom, Valmir, mas, uma hora dessas o ouro vai acabar e o município precisa estar preparado...
Valmir - Sim. Uma hora dessas deverá acabar, mas, isso ainda vai demorar um bocado. O que vai ficando cada vez mais difícil é a garimpagem manual. Aí entra a mineração mecanizada, que é o que está acontecendo no Tapajós. Em Minas Gerais há o exemplo da empresa Morro Velho, que vem explorando ouro a uma profundidade de 1.200 a 1.500 metros de profundidade, com possibilidade de trabalhar por mais 600 anos, ou mais. Aqui, o trabalhos das mineradoras mal começou.
Na primeira parte da entrevista que concedeu ao Jornal do Comércio, na edição passada, o empresário Valmir Climaco ateve-se, basicamente, às questões relativas ao setor madeireiro, dando ênfase especial à necessidade de se parar com o desmatamento. Nesta edição, na segunda parte ele aborda o atual momento vivido pelo setor mineral e no final não poderia deixar de falar de política, referindo-se de modo especial sobre a sucessão para o governo do Estado. Ele afirma com todas as letras, que não acompanhará seu partido, o PMDB, caso o mesmo volte a coligar com a governadora Ana Júlia na próxima eleição.
POLÍTICA
JC - Como vai sua atividade política?
Valmir - A política é uma coisa que está no sangue. Eu estou observando como fica o jogo para o ano de 2010, quando teremos eleição para deputado estadual, deputado federal, senador, governador e presidente da República. Com certeza o PMDB deverá vir com nosso líder maior, o deputado Jader Barbalho, que eu espero que seja o nosso candidato a governador.
O PMDB nesta região se fortaleceu muito nos últimos dois anos e hoje temos um partido muito forte aqui.
O momento é muito bom para o PMDB, tanto em nível de Brasil, quanto no Estado do Pará, onde o deputado Jader Barbalho aparece muito bem nas pesquisas, o que nos deixa otimistas quanto à sua participação na próxima eleição para o governo. Assim acontecendo, não tenho dúvidas de que a gente vai lançar um candidato a deputado estadual e outro a deputado federal aqui da região, podendo isso passar por negociação com os partidos que deverão fazer parte da coligação do PMDB na próxima eleição.
JC - Você entende que este é o momento; que não existe razão para o seu partido não ter candidato ao governo do Estado.
Valmir - Até porque, se o PMDB não lançar candidato a governador o partido vai ficar desmoralizado. Se nós temos um candidato com a maioria das intenções de voto, bem à frente, se temos a presidência da Assembléia Legislativa, se temos diversos deputados estaduais, qual seria a razão para não termos um candidato cabeça de chapa?
Uma coisa que eu afirmo é que este Estado não aguenta mais quatro anos com essa governadora, que não tem feito uma boa administração e que não tem olhado para o nosso município. Qual a grande obra do governo de Ana Júlia em Itaituba? Será que ela vai transformar o Estado, incluindo Itaituba, num canteiro de obras? A gente tem que tirar o chapéu par o governo do presidente Lula. Se você for para a divisa com o Amazonas vai encontrar um grande número de equipamentos trabalhando na estrada. A mesma coisa acontece na estrada para o Mato Grosso e para Santarém.
JC - E se por ventura o PMDB acompanhar Ana Júlia na eleição para o governo do Estado, de novo?
Valmir - Eu faço política com o meu dinheiro, gastando o meu tempo. Não é dinheiro do PMDB, nem do deputado Jader Barbalho, para o qual espero pedir votos na próxima eleição para o governo do Pará. Sou partidário e sou leal. Mas, nesse barco eu não entro. Nâo sento à mesa para conversar com o PT, mesmo porque eu atribuo grande parte da culpa por eu não ser prefeito de Itaituba, atualmente, ao Partido dos Trabalhadores.
Eu fiz um acordo em 2006 com o PT, via Afábio Borges, que não cumpriu o que tínhamos acertado. Em 2008 ele lançou-se candidato a prefeito, tirou uma mixaria de votos, o que com certeza nos atrapalhou. A gente precisa ter aliados com os quais se possa conversar com franqueza, cedendo de um lado e de outro; não, aliados que não cedem.
Não podemos apenas fazer escada para os outros subirem. É preciso que haja parceria, de fato. Parceria tem que ser uma via de mão dupla, onde um ajuda o outro, um cede aqui, o outro cede ali. Parceria que só benefecia um lado não serve. É o exemplo do que está acontecendo no governo do Estado. O PMDB ajudou a eleger a governadora, mas foi colocado de lado.
Publicado na edição do Jornal do Comércio que está circulando hoje
Parente, parabéns pela entrevista com Valmir, creio que Valmir deveria conseguir um excelente marqueteiro para sua campanha, e de preferencia escolher pessoas para andar com ele a tira-colo que entendam de política atual. A política partidária arcaica e anti-democrática está fora da nossa realidade. Gostaria que o mesmo viesse me visitar para conhecer uma realidade bem difente do nosso país e levar boas idéias para seu futuro governo. Um forte abraço a vc, a ele e a todos os amigos.
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