A paralisa do governo*

A paralisia que tomou conta deste começo do segundo mandato do prefeito Roselito Soares é notória. Por maior que seja o esforço de alguns secretários – e esse esforço realmente existe de parte de alguns deles -, a nau está à deriva, porque o comandante abandonou o timão para cuidar de tentar salvar a própria pele.

Não é uma paralisia total, pois, como disse, há as exceções mencionadas, de pessoas bem intencionadas em fazer a máquina pública não travar de vez.

Até certo ponto, como bem gosta de dizer da tribuna da Câmara Municipal, o vereador César Aguiar, é compreensível, pois o lobo está no encalço, querendo pegar o calcanhar do prefeito, de um jeito ou de outro. No caso, o lobo da metáfora é o Valmir Climaco.

Digo que se compreende essa situação, até certo ponto, porque não é fácil alguém governar com uma dúvida cruel como essa que acompanha o prefeito Roselito Soares todos os minutos de cada hora. Ele está na expectativa do julgamento do recurso da coligação que teve Valmir como candidato, na eleição de outubro passado.

Dependendo do que decidirem os desembargadores do Tribunal Regional Eleitoral, ele poderá continuar tocando seu mandato, da mesma forma que poderá ser apeado do Poder.
Imagino que não seja fácil governar um município complexo como Itaituba, com a espada de Gideão sobre a própria cabeça. Entretanto, mesmo no que pese esse estado de coisas e de espírito do prefeito, ele precisa conciliar os esforços por sua defesa a que todo ser humano deve ter legítimo direito, com as obrigações de gestor do município que o escolheu como seu administrador.

Para chegar a esse ponto Roselito brincou com fogo e está custando caro para ele se livrar das queimaduras. Subestimou o rigor da legislação eleitoral, que tem sido apertada, seguidamente, pelos legisladores de Brasília e tem sido cumprida rigorosamente pela Justiça Eleitoral.
Ele se queixa do PMDB, sobretudo Valmir, que não o deixa trabalhar. Mas, Roselito, ou quem quer que estivesse em situação análoga à de Valmir, recorreria contra ele por ser esse um direito que tem quem se sente prejudicado numa eleição.

Para Itaituba, o melhor que pode acontecer será o julgamento, tanto quanto mais rápido que for possível, desse recurso. Dê ganho de causa a quem entender que tem razão o TRE, que isso aconteça logo, porque por onde eu passo, com quem eu mantenho contato, o desejo é um só: que termine logo essa espera, a qual só nos trás prejuízos.

Sem concentrar-se no seu trabalho, Roselito deixa de tratar dos assuntos vitais para o desenvolvimento do município, deixa de celebrar convênios. Enfim, deixa de governar como deve. E um governo travado não interessa a ninguém que vive em Itaituba. Mas, que fique bem claro que o gestor municipal construiu essa situação. O importante é sair da paralisia a que o município foi condenado por causa desse imbróglio.

Que venha logo a decisão do Tribunal Regional Eleitoral, para o bem de Itaituba e para a felicidade, que não poderá ser geral, posto que só agradará a um dos dois lados. Só um dos dois vai sorrir no final, enquanto grupo político. Mas, todo o restante da população se sentirá aliviada.

Jota Parente
Editor Chefe do Jornal do Comércio
*Publicado na edição 88 do Jornal do Comércio, que está circulando