A construção de hidrelétricas no Rio Tapajós é um fato. Os estudos para a realização das obras estão muito adiantados. Não adianta pensar que alguém vai conseguir travar o andamento desse processo, pois não vai. E não imagino uma campanha para evitar que esse complexo saia do papel.
O Brasil continua correndo o risco de sofrer um apagão energético, se não de imediato, ao mesmo dentro de poucos anos. E as opções de matrizes de energia elétrica realmente viáveis não são tantas assim. Uma das mais limpas continua sendo a gerada por usinas hidrelétricas. Então, neste momento, os olhos se voltam para esta região, na qual somente uma usina poderá gerar quase onze mil megawatts. E ela será implantada no Rio Tapajós.
O governo do PT popularizou a discussão exaustiva de obras, sobre tudo aquelas que possam provocar fortes impactos ambientais. Porém, esse mesmo governo tem agido de forma dúbia nesse particular. Discute durante anos algumas obras que parece não ter o interesse de realizar, como é o caso do asfaltamento da BR 163, enquanto se faz de morto, quando se trata de um empreendimento de grande porte, como é o caso das hidrelétricas do Rio Tapajós.
Até agora, nenhum seminário, nenhum encontro, enfim, nada que servisse para discutir a questão das hidrelétricas do Rio Tapajós foi promovido pelo governo federal, que bancará a obra. Será isso resultado de Belo Monte, que para sair do papel houve muita discussão por parte da comunidade do município de Altamira, através dos seus movimentos sociais, assim como pela forte participação das comunidades indígenas?
Belo Monte não vai sair do jeito que o governo queria. O projeto teve que ser refeito mais de uma vez, porque a pressão foi muito grande. Houve índia passando facão na cara de gente graúda e o povo de lá não ficou calado, como estamos nós aqui, absolutamente acomodado.
Tenho ouvido alguns comentários de pessoas dos mais diversos segmentos de Itaituba, incluindo alguns empresários, de que a construção da hidrelétrica de São Luis, que será a maior das que estão previstas para o Tapajós, será uma maravilha para este município, uma vez que serão criados muitos empregos, além de compras que poderão ser feitas, aumentando a circulação de dinheiro na praça.
Quem pensa apenas assim não gosta de Itaituba, porque existirão as conseqüências positivas, sem dúvida, mas, não se pode olvidar as negativas, que serão muitas. Essas, começarão pelo inchaço populacional provocado pela imigração de centenas de famílias que virão de todas as partes atrás de emprego. Muitas pessoas talvez conseguirão uma ocupação temporária. Mas, quando a obra acabar, o que elas vão fazer da vida? Há, ainda, a questão do deslocamento das comunidades que terão que desocupar a área a ser inundada. Para onde irá esse povo, a não ser para a periferia de Itaituba?
Este é um assunto muito sério, o qual nos diz respeito de forma direta. Diante dele, não devemos fazer como o avestruz, que enterra a cabeça quando o perigo se aproxima. Temos o dever de provocar a discussão dessa obra, que vai servir, primordialmente, para levar energia para a Alcoa, em Juruti, e para o sul e para sudeste do Brasil. Para Itaituba, daqui há alguns anos deverá haver uma melhora no repasse do ICMS. Mas, a que preço para o município e para a Natureza? Portanto, não digo que saiamos por aí fazendo passeatas, gritando palavras de ordem contra a construção das hidrelétricas, que repito, são necessárias para o País, mas, que também não fiquemos acovardados diante de mega obras como dessas que vêm por aí, que vão mexer com a vida da gente, para o bem e para o mal. Nós é que deveremos dar essa guinada, fazendo nossa voz ser ouvida. É preciso seguirmos o exempl
Prezado J. Parente - bom dia. Li seu comentário e a democracia nos permite dialogar e até discordar, assim como você deve ter discordado de minha exposição lá em Iatituba dia 30/04 que você acompanhou. Pois bem, pense bem:
ResponderExcluir1. As hidrelétricas na nacia do Tapajós, oferecerão as imigalhas do ICMS e ISS e alguns empregos temporários, como você mencionou. Fora isso, elas serão um desastre social e ecológico para toda a calha do rio Tapajós. Não adianta o governo e os oportunistas dourarem a pílula. Afirmo isso baseado em pesquisas que tenho feito e nos estudos dos cientistas como o prof. Servá da USP, Glenn Switkers da ONG Rios Vivos.
2. Não se pode enterra a cabeça na areia como a avestruz, que você mencionou. Não está decidido sem retorno que as hidrelétricas serão consruídas no Tapajós. Depende de nós, filhos da região reagirmos e enfrnetarmos, com tem feito o povo do Xingu. Agora, se ficarmos com esse conformismo de que elas são irreversíveis e que o governo é poderoso, etc aí realmente é o que a Eletronorte quer, povo conformado. Mas um jornal como o seu que é vanguarda em Itaituba, não pode ficar coluna do meio, pregando o conformismo. O exemplo do Xingu deve ser um espelho para nós todos. Certamente, após essa mexida na sensibilidade de Itaituba, o convite da Câmara de vereadores será aceita pela Eletronorte logo,logo, mas é preciso se fazer perguntas precisas e não aceitar simplesmente os argumentos deles. sabe como é, quem quer vender cavalo manco, tenta enfeitá-lo o melhor que pode. Bom, precisamos defender nossa cultura, nossos povos e não conformar que planos que atendem aos interesses das grandes empresas. Hidrelétrica no Tapajós, nunca!! Já temos energia bastante de Tucuruí.
Mathara disse...
ResponderExcluirE isso ai.
O povo do Tapajos esta acostumado com a sua forma de viver, com belas praias como parana-mirim, papagaio e muitas outras e comer varios tipos de pescado. Prescisamos de empregos para termos um vida melhor mas não prescisamos de emprego com hidreletricas destruíndo nosso tapajos.