Arrancaram sua voz? *

O poeta russo Vladimir Maiakovski tem um poema que descreve com exatidão o que vem acontecendo conosco. É mais ou menos assim:
No primeiro dia eles vêm, quebram a nossa cerca e entram em nosso jardim...e não dizemos nada; no segundo dia, pisam em nossas flores e matam nosso cachorro...e não dizemos nada; no terceiro dia, enfiam a mão em nossa garganta e arranca-nos a voz...e como não dissemos nada, não podemos mais reclamar.
Muitas coisas têm acontecido em baixo de nossos narizes e calamos, ou por comodismo, ou por indiferença, ou até mesmo por egoísmo. Poucos vão à Câmara de Vereadores, eu inclusive; depois dizemos que nossos representantes não fazem nada, às vezes injustamente. Temos de acompanhar os trabalhos, ficar por dentro, e só então criticar, positiva ou negativamente.
O Sr. Adércio Sobrinho (Fricon), dirigente da Aseii (Associação Empresaria de Itaituba), reclamava a um grupo de empresários e participantes de uma palestra ministrada pelo Sr.Salomão Ribeiro, de que em uma reunião onde deveriam ser debatidas propostas de união e melhorias para o nosso comércio e para nossa cidade, para a administração pública, etc., só compareceram quatro pessoas.
É muito desinteresse. É como aquela piada onde o piloto de um aviãozinho, ao perceber que o motor pifou em pleno vôo, diz para o passageiro: não se preocupe, o avião não é meu mesmo!!
Pessoas como o Adercio, o João do Alvorada (ASEII), o Davi Menezes (CDL) e outros dirigentes de associações de bairros e comunidades, de cooperativas, de sindicatos, de classes, etc., tem mais o que fazer, mas dedicam parte de seu precioso tempo a melhorar nossa vida, em prol de todos. Não podemos deixá-los sós; temos de participar, de dar sugestões, de gerar novas idéias, novos caminhos e alternativas.
Até pouco tempo atrás a Aseii tinha força na representação dos interesses da Sociedade. Os Vereadores costumavam consultá-la antes de propor um projeto de Lei. Precisamos resgatar o que foi conquistado!
O mundo anda dizendo que a Amazônia é um Patrimônio Universal e não se vê reação. Aqui mesmo em Itaituba tem pessoas que defendem as ONGS e curvam-se a qualquer gringo que diz querer proteger o desmatamento, enquanto que o real interesse é a mineração. Quem são os maiores compradores de nossa madeira? Não são eles? Agora mesmo o Governo Federal deu um prazo até fevereiro/09 para que as mais de 20.000 ONGS se recadastrassem, dizendo o que estão fazendo. Somente 63 o fizeram.
Pessoal, vamos acordar! Quem tem de cuidar somos nós que vivemos aqui. Quando enviarem e-mails coloquem frases dizendo que a” Amazônia é nossa””, Vocês cortaram as árvores suas e agora querem se meter por aqui!” Falem com os Deputados. Preservar é preciso sim, mas tem de ser de forma sustentável, que agregue benefícios aos moradores. Na Transforlândia, eu e mais três produtores independentes já reflorestamos mais de 150.000 árvores. Em Rurópolis tem um produtor que plantou sozinho outras 150.000. Pergunte a um ongueiro destes se plantou alguma semente que não fosse a da Confusão.
Vocês sabiam que vão ser criadas mais áreas de conservação, mais especificamente o conjunto das Glebas Mamuru-Arapiuns, no Oeste do Pará? Vão remanejar os colonos de lá prometendo terras próximo à cidade, talvez as suas terras. Dia 24/03 haverá uma Audiência Pública em Aveiro, onde eles vão apresentar o que já está decidido e ,a única chance de reversão do quadro é apresentar uma Contraproposta consistente, com dados técnicos, fotos e depoimentos.
Querem acabar com o Bicho-Homem.Não pode mexer com passarinhos ou macacos, mas pode conosco. Professores, educadores, pais, vamos ensinar a todos a defender nossa região, ser críticos e principalmente a agir de forma sustentável, não degradando o meio ambiente, não desperdiçando energia e combustíveis, reciclando o que for possível, etc. Que eles cresçam em um lugar com oportunidades. Afinal, nós somos o quê fazemos. Ninguém tem culpa, exceto os calados. Não vamos deixar que arranquem a nossa voz. Acessem o site www.veja.com.br/40anos/ambiente e participem.

* - Artigo de autoria do empresário Wagner Arouca, escrito para a edição do Jornal do Comércio, que circulará amanhã bem cedo.