Assistindo ao programa Nada Além da Verdade, veiculado pelo sbt e apresentado pelo dono do canal, Sílvio Santos, no dia em que o convidado foi o multi-talentoso Moacyr Franco, há mais ou menos um mês, algumas colocações do referido artista chamaram minha atenção.
Moacyr disse, dentre outras coisas interessantes, que a televisão no Brasil poderia desempenhar um papel muito mais importante, caso enaltece mais, nas telenovelas, as virtudes e os valores da família. Disse que em algumas tramas, quando aparece um jovem drogado, toda a atenção é dedicada a ele. Se o mesmo tem um irmão, há ocasiões em que até parece que ele está na contramão por agir corretamente. Moacyr defende a idéia de que o segundo seja devidamente valorizado, mostrando que aquele é o caminho a ser seguido, sem deixar de tomar os devidos cuidados com o filho que precisa de ajuda.
Ainda no sbt, no programa Casos de Família, que é muito bem comandado pela apresentadora Regina Volpato, assisti à reclamação de um jovem de 16 anos, que goza de liberdade total dada por sua mãe. Ele pode sair e chegar a hora que quiser. Pode até não voltar para casa de um dia para outro que a mãe não dá a mínima. Perguntado se era aquilo que ele queria, o jovem disse que era bom ter liberdade, mas que ele gostaria que sua mamãe lhe impusesse algum limite.
Limite é a palavra chave. Já tratei deste assunto e certamente voltarei a falar do tema, pois a maneira como um grande número de pais cria seus filhos nos dias de hoje contribui para a desagregação da estrutura familiar. Eles pensam, de maneira equivocada, que as crianças, os adolescentes e os jovens se contentam com polpudas mesadas e nenhum limite.
Quando a gente, que estabelece limites para os nossos filhos, vê um jovem pilotando uma motocicleta sem capacetes ou dirigindo um carro sem ter a carteira nacional de habilitação, ou, pior ainda, menor de idade fazendo isso, a primeira coisa que vem na cabeça é que se trata de alguém, filho de pais irresponsáveis, que acham que só porque tem um pouco de dinheiro podem ser superiores aos direitos dos outros, ou até maiores que a lei.
Tão ruim quanto os pais que não impõem limites, são aqueles que resolvem liberar geral para uns filhos e ser severos com outros. Todos nós conhecemos alguma família onde as coisas funcionam dessa maneira. Isso faz com que se crie um ambiente belicoso entre os próprios filhos, e entre os que são reprimidos e os pais, que ao agirem assim mostram que não tem senso de justiça.
Estabelecer de maneira equilibrada o que um filho pode ou não pode fazer é acima de tudo um ato de justiça. Pais justos nas suas ações e nas suas decisões para com os filhos constroem um espaço harmoniosos nos seus lares. Mais tarde os filhos dirão: papai, mamãe, muito obrigado por terem me mostrado que na vida eu não posso fazer tudo que quero, de bom e de ruim, sem pagar por isso; obrigado por terem mostrado a mim o caminho da justiça. É assim que vou criar meus filhos, seus futuros netos.
Crescemos ouvindo que a família é a base da sociedade. Não há dúvida de que essa base tem se degenerado nas últimas décadas, exatamente porque muita gente coloca filho no mundo sem o menor senso de responsabilidade. É preciso que cada família discuta a importância dessa instituição.
Mesmo um filho criado ao Deus dará, sem um bom relacionamento familiar, quando qualquer coisa dá errada, quando comete algum delito, para quem é que ele recorre? Para a família. Diz que é filho do fulano, pede para telefonar para papai ou para mamãe pedindo socorro. Nas horas mais difíceis, quando não há ninguém por perto para nos dar a mão, é sempre a família para quem apelamos. Portanto, que cada um de nós dê o devido valor à família, cumprindo exemplarmente no papel de pais, e de filhos.
* Artigo de Marilene Parente, publicado na edição do Jornal do Comércio que está circulando desde ontem
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