Nunca fui um amigo íntimo de Elias Leão e não é porque ele morreu, sábado, 26 de julho, que resolvi fazer um artigo cheio de loas como tributo. Privei, sim, de sua amizade, mas, nossa relação foi calcada mais em contatos de trabalho, quando o procurava para fazer matérias a respeito do setor mineral. Algumas vezes, no decorrer dos nossos encontros, tive oportunidade de dizer-lhe quanta admiração nutria por ele, pelo modo como se portava.
Diz um velho ditado, que quem quiser ser considerado bom pelos outros, morra, ou adoeça gravemente. Esse ditado não serve para Elias, que se não era uma unanimidade - porque toda unanimidade é burra, segundo Nelson Rodrigues – era admirado pela grande maioria dos que o conheceram e com ele conviveram.
No prólogo da vida de Elias Leão o Criador escreveu que ela não seria tão longa como ele e os seus gostariam. Em compensação, seria profícua. E assim o foi, pois seu caminhar terrestre foi uma obra bem construída, conquanto ele deixou marcos por onde passou.
Elias foi um desses servidores públicos que o cidadão gostaria de encontrar sempre que precisasse de algum serviço público. Profissional de reconhecida competência, funcionário público concursado responsável e pai de família exemplar foram qualidades que marcaram sua existência. Para citar apenas três trabalhos que nunca poderão ser esquecidos por Itaituba, Elias Leão foi um dos maiores responsáveis pelo detalhado e bem montado Plano Diretor do Município de Itaituba, lutou para que a SEMMA pudesse expedir a licença de lavra garimpeira, o que agilizaria muito os processos que costumam demorar bastante, mas a SECTAM não deu essa autorização e por último estava trabalhando em conjunto com lideranças do setor mineral para a formalização dos garimpos.
Elias Leão levou consigo uma memória incalculável, repleta de informações que foram acumuladas ao longo dos anos de trabalho. Desse tipo de memória que não dá para passar para o disco rígido de um computador, porque ela fazia parte do conhecimento pessoal que ele armazenou em sua vivência diária. Só mesmo a convivência, fosse na lida do trabalho, no dia-a-dia, ou na sala de aula, ele poderia, no decorrer dos anos, repassar boa parte dela, multiplicando-a. Mas, ele não teve o tempo necessário para fazer isso.
Por seu reconhecido preparo técnico e por sua conduta pessoal conciliadora, poucas pessoas em Itaituba tinham tanta capacidade para ocupar a titularidade da Secretaria Municipal de Mineração e Meio Ambiente, quanto ele. Por algumas vezes foi o titular, sempre interino. O motivo: não era político e não sendo político, na visão do prefeito (não apenas de Roselito, mas de todos com quem trabalhou), não servia para o cargo.
Como diretor de Mineração de Meio Ambiente, foi o secretário, de fato, quando não o era de direito, pois, a maioria dos que ocuparam a pasta como titulares jamais pôde prescindir de seus conhecimentos, os quais ele jamais se negou a compartilhar, levando sempre em conta que os maiores interesses eram os do município ao qual servia. Discretamente, como sempre agiu, nunca cobrou, se quer, a lembrança de seu nome quando a SEMMA realizava algo em que houvesse sua participação direta.
Se o conceito de administração pública já tivesse avançado no Brasil, como nos países ditos de primeiro mundo, nos quais os órgãos públicos são comandados por profissionais de carreira, técnicos competentes, Elias Leão teria sido secretário de Mineração de Meio Ambiente por alguns governos do município, passando de um governo para o outro.
Elias não veio a esta vida apenas a passeio ou somente para se divertir. Mas, ele sabia conciliar os seus deveres com o lazer. Junto com a família era presença constante nos acontecimentos sociais da cidade, mantendo sempre a mesma postura de equilíbrio, que foi uma marca em sua vida. Embora tenha nascido em Belém, ele viveu como um itaitubense nos anos em que trabalhou aqui.
Por fim, neste tributo a um itaitubense de coração e por decreto, posto que recebeu o título de Cidadão Itaitubense, no final do ano passado, gostaria de pedir aos senhores vereadores, que não deixem a memória de Elias Leão esmaecer. Preservem-na, homenageando-o com o nome de algum logradouro público, um desses tantos batizados com nomes que fizeram pouco, ou nada por Itaituba.
Descanse em paz, Elias
(Artigo de autoria de Jota Parente, veiculado no Jornal do Comércio, que circulou hoje)
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