Quem for eleito prefeito de Itaituba na eleição do dia 5 de outubro vai enfrentar grandes desafios a partir de 1º de janeiro de 2008, quando assumir o comando do município. O próximo governante terá pela frente o desafio de tentar conduzir a economia a níveis melhores do que os atuais, precisará encarar índices sociais preocupantes, administrará um município pólo cujo PIB per capta perde para Trairão e Novo Progresso, se a comparação for apenas dentro da região do Tapajós e muitos outros números desfavoráveis, de acordo com o mapa social do Estado do Pará, divulgado recentemente pelo governo paraense.
Apesar de suas imensuráveis riquezas naturais, o município de Itaituba é formado por uma população pobre, mergulhada em um mundo de falta de emprego e necessidades. As deficiências passam pela Educação, pela Saúde, pela distribuição de renda, etc. É o que revela o mais recente mapa social do Estado do Pará, divulgado na semana passada pelo governo estadual. O mapa é um documento obrigatório na prestação de contas anual do governo e revela que mais da metade da população de Itaituba (50,89%) vive abaixo da linha da pobreza com menos de meio salário mínimo por mês. Além disso, o município derrapa em outros índices sociais importantes, como educação, saúde e obras de infra-estrutura básica na cidade e no interior.
O mais amplo documento sobre a exclusão social nos municípios paraenses foi elaborado pela Secretaria de Orçamento Participativo e Finanças (Sepof), com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e da própria Sepof. Itaituba, o oitavo maior município paraense em população, segundo a contagem populacional de 2007 feita pelo IBGE (118.194) mantém índices sociais bem inferiores a um município vizinho, Novo Progresso, que fez parte de seu território até 15 anos atrás.
O mapa social paraense mostra que dos 118 mil habitantes, 65% vivem na área urbana, sendo que 35% residem na zona rural do município. A maioria da população tem entre 20 e 49 anos. Com base nos dados do IBGE, o estudo aponta que mais de 60 mil moradores de Itaituba estão abaixo da linha da pobreza, pois sobrevivem com até meio salário mínimo. Isso corresponde a 50.89% de toda a população do município. A situação é mais crítica na zona rural, onde 54,47% da população vivem com menos de meio salário mínimo, em condições muito difíceis.
A situação de Itaituba é a pior, comparando com os quatro grandes maiores municípios do Estado. Na captal, Belém, apenas 31.97% dos moradores vive abaixo da linha da pobreza; em Ananindeua, segundo maior município do estado, o percentual chega a 36.40%, já o quarto município paraense, Marabá, apresenta um índice de 45.17% da população que vive com menos de meio salário mínimo por mês. Se servir de consolo, a situação do terceiro maior município paraense, Santarém, é pior do que a de Itaituba. Em Santarém, 54,88% vivem abaixo da linha de pobreza, contra 50,89% de Itaituba. Se a comparação é feita com Novo Progresso, a diferença é enorme, posto que naquele município apenas 26,82% vivem abaixo da linha de pobreza, índice invejável para todo o Estado. Em contrapartida, Aveiro ostenta um dos piores índices de todo o Pará, já que 80,09% de sua população vivem abaixo da linha de pobreza.
Quando se trata da taxa de mortalidade infantil Itaituba tem número melhores do que muitos municípios da região e de outras regiões do Estado. A cada grupo de mil crianças nascidas, 22 morrem, enquanto em Novo Progresso esse número é de 36,96, em Santarém, 22,44, enquanto em Marabá a taxa é de 26.12. No entanto, quando se trata do índice de mortalidade geral, Itaituba tem uma taxa de 4,97, contra 3,93 de Novo Progresso, Trairão e Santarém, para cada grupo de mil habitantes.
Na área da educação, Itaituba, com 81,34% de sua população acima de dez anos alfabetizada, ainda precisa avançar bastante para alcançar os municípios que se encontram no topo da relação. Na região do Tapajós fica atrás de Novo progresso, com 83,89%, à frente os demais, mas, em desvantagem em relação a muitos municípios da região, além não conseguir alcançar os maiores municípios paraenses no percentual de alfabetizados. No oeste do Estado, segundo o mapa social, Santarém tem 90.19% da população alfabetizada, Alenquer, 83,81%, Belterra, 81,897%, Curuá, 84,60%, Juruti, 86,02%, Óbidos, 86,14%, Oriximiná, 87,32% e Terra Santa, 88,56%. Um número expressivo de municípios de outras regiões alcançara números bem melhores que Itaituba, que precisa avançar nesse particular.
Na avaliação do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos municípios, Itaituba novamente sai perdendo quando comparado com outros municípios paraenses de grande e médio porte. O IDH de Itaituba não passa de 0,704, numa escala que tem 1 como índice máximo. Enquanto isso, Novo Progresso ostenta o patamar de 0,760. Na região oeste perde ainda para Santarém e para Almerim ambos com o índice de 0,750, Altamria 0,740 e Medicilândia e Uruará com 0,710.
Rendimento médio mensal da população também é um desastre.
Quando se trata do rendimento médio mensal da população o estudo mostra que Itaituba também precisa melhorar nesse item, ostentando uma péssima distribuição de renda, pois mal passa de meio salário mínimo, chegando a R$ 269,45, enquanto Novo Progresso alcança R$ 389,29. O mapa social dos municípios paraenses, divulgado pelo Governo do Estado, mostra que o maior rendimento médio é de Belém, com R$ 516,09 por habitante. Em segundo aparece Marabá, com R$ 311,58, e em terceiro Ananindeua, com R$ 310,61 por habitante. Santarém consegue ser bem pior, com apenas R$ 230,50.
O Produto Interno Bruto (PIB) per capta também não é melhor do que em outras médias e grandes cidades do Estado. Belém registra um PIB per capta (por pessoa) de R$ 5.873,61, enquanto Marabá tem R$ 7.679,88, Ananindeua, tem PIB per capta de R$ 3.380,85; Altamira, R$ 4.536,05, Rurópolis, R$ 4.214,79, Novo Progresso, 4.628,73, Trairão, R$ 3.966,66, Santarém R$ 3.850,67, enquanto Itaituba tem um PIB per capta R$ 3.328,33. É extensa a relação de outros municípios paraenses, de todos os tamanhos, com PIB per capta maior do que o de Itaituba.
A área da saúde é outra na qual Itaituba precisa avançar muito, pois existem apenas 2,3 unidades de atendimento para cada grupo de 10 mil habitantes. Em Jacareacanga essa média e de 3,2, enquanto que em Novo Progresso e Santarém é de 3,6, Altamira 4,6 e Anapu 6,7.
O estudo é muito abrangente e detalhadíssimo, fazendo um raios-X completo de cada município paraense. Ele foi concluído há poucas semanas e disponibilizado há pouco mais de uma semana. Para compreendê-lo bem é preciso dedicar várias horas de análise, pois são muitos os números nele contidos. Os candidatos a prefeito que tiverem o sincero desejo de fazer alguma coisa por Itaituba e quiserem ter noção de como deverão fazer e por onde deverão começar a atacar os problemas, precisam conhecer muito bem esse estudo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário