quarta-feira, julho 23, 2008

A discussão sobre o off

Na Comunidade do Blog Projetor, o grupo MÍDIA começou uma discussão sobre os Observatórios de Mídia que acabou derivando sobre um tema penoso, para nós jornalistas, mas que entrou na ordem do dia com os recentes problemas jornalísticas: o "off" (não revelar o nome da fonte ou não dar nenhuma indicação sobre a origem da informação) ainda é um recurso legítimo, ou seu uso para a manipulação da Justiça obriga a rever e/ou aprimorar esse conceito?
Clique aqui para participar da discussão. Espero que, depois, o moderador Weden, possa fazer uma síntese crítica das discussões.

Comentário

É uma discussão dura. Quando comecei no jornalismo, anos 70, já havia um desvirtuamento do "off". Em tese, o "off" é elemento essencial de investigação. Mas deveria ser o ponto de partida. Uma fonte em off passa uma dica relevante, ou um documento. Em cima disso, se avançam nas investigações, se confirma ou desmente a informação com outras fontes.

O caso Watergate marcou muito o jornalismo dos anos 80. Havia a idéia de que toda informação confirmada por três fontes em off poderia ser publicada. Acontece que, no caso Watergate, estava em jogo uma das mais importantes instituições norte-americanas - a Presidência. Por isso mesmo, todo cuidado era pouco. O “off” foi utilizado com todo discernimento possível.

Por aqui, criou-se a síndrome das três fontes até em colunas de notas. Essas colunas são fechadas de afogadilho. É mais fácil uma fonte passar três informações delicadas do que conferir uma informação com três fontes.

Mas se publicam informações, muitas delas acusações contra terceiros e, quando o atingido reclama, a resposta costuma ser sempre: confirmada com três fontes. Quem trabalha no dia-a-dia sabe que, na maioria absoluta dos casos, a resposta não é verdadeira.

Mesmo assim, a informação em off continua sendo um dos pilares do jornalismo e dos sistemas de controle sobre os diversos poderes. A questão essencial é: como trabalhar o "off" de maneira a torná-lo um instrumento legítimo?

Luis Nassif

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