O médico Manuel Diniz chamou atenção para o elevado número de pessoas que já contraíram a doença em Itaituba. Foram mais de 100 casos, desde que a doença foi diagnosticada no município, nos anos 90. A informação foi dada por ocasião da palestra que ele proferiu no encontro realizado no dia 29 de março, na Câmara Municipal.
O evento, que ganhou o sugestivo nome de Projeto Sem Vergonha, abordou de frente problemas de saúde pública sérios como Doenças Sexualmente Transmissíveis, AIDS, prostituição, violência doméstica sexual, violência contra a mulher e outros. Dele participou Lourdes Barreto, prostituta assumida do GEMPAC (Grupo de Mulheres Prostitutas do Pará) e da Rede Brasileira de Prostitutas (RBP).
Entrevistado pela reportagem do Jornal do Comércio, o Dr. Diniz disse que a reunião foi muito produtiva porque tratou dos assuntos já citados, destacando a participação de Sara Sabino, de Manaus, que é portadora do vírus HIV há dezoito anos, cujo depoimento foi muito importante. Ela teve três filhos, mesmo tendo AIDS, e nenhum dos três herdou a doença da mãe, porque ela soube se cuidar.
“Para nós foi muito importante ter uma pessoa como ela participando desse encontro, falando de sua positividade do HIV, colocando o assunto de maneira aberta, mostrando como é fundamental tratar dessa questão de frente, seja por pessoas que vivem do sexo, ou qualquer pessoa que viva por aí praticando sexo sem os devidos cuidados”, disse o médico.
Diniz disse que a doença AIDS é uma realidade presente em Itaituba e que, apesar do trabalho que tem sido feito, ela avança de maneira silenciosa, reforçando a informação de que são mais de cem casos, para ver se as pessoas se tocam sobre a necessidade de ter cuidado na hora do sexo, tomando as precauções indispensáveis.
“Tem gente de todas as classes sociais de Itaituba com AIDS, que é uma doença que não escolhe em quem vai pegar. Interessante é que as pessoas ficam curiosas em saber que tem a doença, mas, não são curiosas para tomar cuidados sobre como não contrair a mesma”, afirmou o Dr. Diniz.
Dos mais de cem 100 casos registrados oficialmente no município, em torno de 30, talvez um pouco mais, continuam vivendo em Itaituba. A maioria, está se cuidando, tomando a medicação específica para a doença. Os outros aproximadamente 70 morreram, a maior parte no próprio município, outros fora daqui.
O Dr. Diniz afirma que ainda existe, tanto muita negligência, quanto preconceito sobre o problema AIDS. Se os cuidados necessários forem tomados, ninguém contrai a doença. E importante que todos tenham em mente, ressalta ele, que AIDS pode ser contraída por meio de qualquer uma das formas de se praticar sexo, seja por meio do sexo oral, vaginal ou anal, se não forem tomadas medidas preventivas, a mais importante delas, o uso de preservativos.
Pessoas que fazem parte do grupo de risco, como profissionais do sexo e usuários de drogas injetáveis devem procurar o Centro de Testagem e Acompanhamento (CTA), que funciona no Hospital Municipal. O resultado é dado no mesmo dia. No caso de resultado positivo, é coletado material e enviado para Belém, onde é feia a contraprova. Se o resultado do CTA for negativo, não é necessário reconfirmar o mesmo.
O uso da camisinha, o mais difundido e defendido método de prevenção, encontra grande resistência por parte da Igreja Católica, embora muitos de seus seguidores façam uso desse tipo de preservativo. Muitos pais católicos recomendam aos filhos que não saiam de casa para a balada sem levar uma camisinha no bolso.
Uma das maneiras de melhor prevenir que os filhos corram riscos desnecessários é conversar com eles com franqueza, a partir do momento que se começar a tratar da educação sexual. Bem informados eles saberão se defender dos perigos. A omissão dos pais, ao contrário, pode empurrar muitos jovens para o caminho do HIV.
Embora se viva em tempos de grande liberação de quase tudo, ainda existe muito tabu, quando o assunto sexo. É muito fácil falar de sexo em rodadas de amigos, homens batendo papo com homens ou mulheres com mulheres. Porem, quando isso envolve os filhos, como o assunto fica embaraçoso. Há pais que gaguejam e não conseguem começar uma conversa com seus filhos. Se não aprendem direito em casa com os pais, poderão aprender errado, às vezes, da pior maneira, contraindo na rua doenças sexualmente transmissíveis ou até AIDS. Como sempre, prevenir é sempre o melhor remédio e a prevenção deve começar dentro de casa.
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