sábado, setembro 01, 2007

Cosanpa aperta o cerco

Os consumidores que têm débito de conta de água estão sendo apertados pela Cosanpa. A empresa negocia o débito, mas, caso o usuário insista em não pagar, o serviço é cortado. A inadimplência é altíssimo em Itaituba, chegando a 82%. Já foi até mais alta, conforme informou o atual supervisor de núcleo Raimundo Xavier (Raimundinho do Buburé), que falou sobre o trabalho que a Cosanpa desenvolve nesta cidade, em entrevista ao Jornal do Comércio.
JC – Qual é a qualidade do serviço prestado pela Cosanpa à população de Itaituba?
Raimundinho – A água é de boa qualidade; é tratada. Contudo, eu costumo dizer que a água é de boa qualidade, mas ainda é em pouca quantidade, porque nós só conseguimos chegar até a 13ª Rua, onde termina a rede de distribuição da Cosanpa.
JC – Quanto ao horário de distribuição...
Raimundinho – Na Cidade Baixa ela chega das 6 horas da manhã ao meio-dia; do meio-dia às 18 horas para a Cidade Alta. Essa limitação acontece porque nossa bomba tem uma capacidade nominal de captação para 250 metros cúbicos por hora, equivalente a 250 mil litros por hora. Porém, o equipamento não corresponde 100% ao que o fabricante anuncia. No nosso caso, temos hoje uma deficiência de mais ou menos 150 mil litros por hora. Por isso há esse racionamento.
JC – Qual é o número exato de domicílios com água encanada, atualmente?
Raimundinho – Hoje temos 2.291 ligações cadastradas. Mas, existem mais ou menos umas 300 ligações que ainda estão sendo regularizadas, as quais começarão a receber a fatura em breve. Essas ligações já estão todas feitas e são mais recentes. Somando tudo chegamos a mais de 2.600 ligações. A gente está fazendo o levantamento de cada uma delas através de visita domiciliar, para saber quantas torneiras tem, para termos uma noção do consumo de cada uma.
JC - Existem muitos pedidos para novas ligações?
Raimundinho – Todo dia a gente recebe de cinco a seis pedidos para efetuarmos novas ligações.
JC – São somente ligações residenciais ou comerciais?
Raimundinho – Sim. Somente esse tipo de ligação, pois a Cosanpa é proibida de fazer ligações para lava-jatos, estádios de futebol e postos de combustível. Foi aprovada uma lei na Assembléia Legislativa nesse sentido.
JC – Qual é o índice de inadimplência dos consumidores?
Raimundinho – A inadimplência é muito grande em Itaituba. Chega a 82%. Quando nós assumimos, 90% da população que se beneficia do serviço não pagava. Para diminuir nós estamos com dois estagiários na rua, andando de porta em porta, fazendo um trabalho de conscientização do povo. A gente pergunta porque não estão pagando. Muita gente não leva a sério a questão do pagamento da conta de água, porque em Itaituba as pessoas se acostumaram a não pagar. Atualmente a gente tem recebido muitas visitas de comerciantes e usuários residenciais querendo acertar suas contas. A Cosanpa negocia. Não é o nosso desejo cortar a água de ninguém, mas, hoje, se não pagar, não tem jeito; tem que efetuar o corte.
JP - Qual é a alegação do consumidor para não pagar?
Raimundinho – Muitos consumidores alegam que foram enganados. Eles dizem que a empresa SERVIC, que fez o trabalho de ampliação da rede, informava que os novos usuários só começariam a pagar a partir de dois anos de uso. O cliente chega muitas vezes nervoso, alegando que a Cosanpa o enganou. Até certo ponto ele tem razão, mas não foi diretamente a Cosanpa, mas a empresa por ela contratada que agiu dessa forma.
JC – Como a Cosanpa administra essa situação?
Raimundinho – A gente mandou diversos ofícios para a direção da empresa, em Belém e avançamos em alguns aspectos. Por exemplo: a direção autorizou fazermos as ATRIBUIÇÕES, que é uma adequação de certos usuários à realidade financeira deles. Há pessoas idosas que visitamos e constatamos que não têm condições de pagar uma taxa normal. Essas, com o aval de Belém passam a pagar a taxa mínima, que é de R$ 12,00. Pagando em dia essa taxa baixa para R$ 8,50. Quanto aos que alegam que foram lesados pela SERVIC, nós ainda não tivemos nenhuma resposta da direção, embora já tenhamos feito comunicação por mais de uma vez. Apesar de tudo, um bom número dessas pessoas já começou a pagar a conta, porque constataram que recebem água de boa qualidade em casa.
Tratando especificamente da qualidade da água, Raimundo Xavier pediu que a técnica em saneamento Irene Lopes falasse sobre o assunto. Ela está há pouco mais de dois meses em Itaituba, mas, já conhece muito bem a cidade, pois também faz trabalho de campo, com visitas aos domicílios que têm ligação de água.
“A qualidade da água é ótima. Eu estava acostumada com Belém, onde o número de reclamações é bastante elevado. Aqui, minha surpresa foi grande quando tive contato com a água do Rio Tapajós. Já na viagem de Santarém para cá, a olho nu eu pude perceber a boa qualidade da água. Isso faz com que o tratamento seja feito utilizando-se uma quantidade menor de produtos. O consumidor pode ficar tranqüilo que está tudo certo”.
Um problema que foi destacado por Raimundo Xavier é o grande desperdício de água. Segundo ele, 10% da água são desperdiçados pelos consumidores, deixando torneias abertas ou quando caixas d’água transbordam horas seguidas. O ideal é que o consumidor instale uma bóia, que é uma peça que custa pouco e que resolve o problema.

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