A
direita burra considerava que a exacerbação do clima policial, com o Congresso
brasileiro debaixo de vara, acabaria levando água para seu moinho. Bem, não
levou. Como previ, os únicos que tinham a ganhar com isso eram os esquerdistas.
Pesquisa
Datafolha divulgada nesta segunda, para a surpresa de ninguém com miolos, traz
ninguém menos do que Lula na liderança de todos os cenários de primeiro turno.
Sim, Lula, ele mesmo, aquele que já é réu três vezes e que foi denunciado uma
quarta vez. No segundo turno, quem se dá bem em todos os cenários é Marina
Silva, da Rede.
Posso
colocar de outra maneira: quem lidera no primeiro turno é uma das estrelas da
Lava Jato que é contra a reforma da Previdência e a PEC do Teto e quem vence no
segundo turno é uma liderança que é contra a PEC do Teto e a reforma da
Previdência. Fica bom assim?
Se
a eleição fosse hoje, Lula obteria 25% no cenário em que o candidato tucano
fosse Aécio Neves, com 11% — em março, o petista tinha 17%, e o tucano, 19%.
Marina fica com 15%. O ex-presidente chega a 26% com Alckmin na disputa, que
obtém 8%. A líder da Rede marca 17%. Se o nome do PSDB é José Serra, com 9%, o
chefão do PT mantém os 25%. Jair Bolsonaro (PSC-RJ) conquista, nessas
hipóteses, respectivamente, 9%, 8% e 9%.
Calma
que vem mais coisa.
Marina
Silva, cujo partido assumiu claramente uma inflexão à esquerda, continuaria a
vencer todos os possíveis oponentes no segundo turno: 43% a 34% contra Lula;
47% a 25% contra Aécio; 48% a 25% contra Alckmin; 47% a 27% contra Serra. Não
lhes pareceu bom, leitores amigos? Então vamos piorar um pouco.
Ainda
que na margem de erro, Lula aparece à frente de todos os oponentes no segundo
turno, exceção feita a Marina: 38% a 34% contra Aécio e Alckmin e 37% a 35%
contra Serra.
Atenção
para o movimento: na comparação com março, Aécio cai de 51% para 34%, e Lula
sobe de 32% para 38%; Alckmin vai no período de 45% para 34%, e o petista
ascende de 34% para 38%. Serra passa de 49% para 35%, e o ex-presidente oscila
de 35% para 37%.
Lula
encurta a distância também contra Marina no segundo turno: ela cai de 52% em
março para 43% agora, e ele oscila de 31% para 34%: a diferença caiu de 21
pontos para 9.
Se
os números estiverem certos, eles evidenciam uma recuperação do prestígio
político e eleitoral de Lula, embora ele siga sendo um dos presidenciáveis mais
rejeitados, com 44%, empatado com Michel Temer, com 45%. Dizem rejeitar Aécio
30% dos entrevistados; Serra aparece com 20%, empatado tecnicamente com
Bolsonaro (18%) e Alckmin (17%). Marina fica com apenas 15%.
Na
sexta, fiz uma brincadeira no programa “Os Pingos nos Is”. O “Lula” que imito
lançou um apelo à direita burra, sugerindo que o negócio é mesmo botar fogo no
país e esculhambar o Congresso. Afinal, esse era o melhor caminho para a
recuperação de Lula.