Por Malu Gaspar e Johanns Eller
Uma ausência notória chamou a atenção no encontro de Jair Bolsonaro com 5 mil mulheres evangélicas da Assembleia de Deus em Imperatriz (MA): a primeira-dama, Michelle. Na agenda, simbólica em razão do baixo desempenho do presidente no eleitorado feminino, Bolsonaro aparecerá ao lado apenas de pastores aliados.
O distanciamento de Michelle Bolsonaro não é novidade, mas foi tratado como um assunto proibido no entorno presidencial. A primeira-dama tem resistido a participar de inserções do PL na TV, que, na avaliação do núcleo duro da campanha do presidente à reeleição, seria um importante ativo para reduzir sua rejeição entre eleitoras.
A equipe do blog conversou com três integrantes familiarizados com a agenda do presidente. Indagados a explicar o que estaria por trás da postura de reserva da primeira-dama, todos evitaram dar detalhes sobre o assunto.
Um importante aliado de Bolsonaro no Congresso disse que Michelle tinha “compromissos particulares”, mas não quis detalhá-los. Diferentemente dos ministros e autoridades do governo, Michele não torna pública sua agenda.
Nas redes sociais, não há pistas sobre seu paradeiro. A primeira-dama apenas reproduziu um vídeo publicado há dois dias na página “Bolsochelle” retratando o casal presidencial sob uma trilha de forró.
Já um assessor do Planalto relatou que, durante reuniões do núcleo de campanha, há um silêncio constrangedor toda vez que um aliado pergunta sobre o papel de Michelle na estratégia eleitoral.
O "climão" em torno do engajamento da primeira-dama contrasta com os sinais emitidos pelo cerimonial do governo na posse de Jair Bolsonaro, em 2019. Na ocasião, Michelle quebrou o protocolo e roubou a cena discursando em libras no parlatório do Palácio do Planalto antes do discurso do marido.
Gradativamente, sua projeção pública diminuiu. Há poucas exceções, em geral quando Michelle é abordada por jornalistas ou é registrada em ocasiões privadas.
É o caso, por exemplo, de quando foi filmada durante uma manifestação religiosa a celebrar a aprovação da indicação de André Mendonça para o Supremo. Recentemente, em março, saiu em defesa do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, preso no mês passado em uma ação da Polícia Federal.
Fonte: O Globo