domingo, julho 10, 2022

Mais de 200 toneladas de ouro tem indícios de venda ilegal

Dados do Instituto Escolhas mostram que, entre 2015 e 2020, foram comercializadas 229 toneladas de ouro com indícios de ilegalidades no Brasil.

No Brasil, a extração de ouro movimenta R$ 14,2 bilhões por ano, segundo a Agência Nacional de Mineração (AMN). Com um mercado tão valioso, a exploração do metal precioso atrai olhares de inúmeras pessoas há décadas e provoca os mais diversos efeitos na sociedade.

Um estudo inédito do Instituto Escolhas, mostra que, entre 2015 e 2020, o Brasil comercializou 229 toneladas de ouro com indícios de ilegalidade. O número inédito e alarmante foi levantado por meio da análise de mais de 40 mil registros de comercialização de ouro e imagens de extração.

Para Larissa Rodrigues, gerente de Portfólio do Escolhas, o estudo é muito importante para se trazer uma dimensão do que já se sabia. “Já se sabia do ouro com indícios de ilegalidade circulando no mercado, mas ainda não se tinha uma ideia mais concreta sobre qual era o volume disso”, explica.

“Conseguimos mostrar que em cerca de 6 anos — de 2015 até 2020 — esse volume chegou a 229 toneladas, quase a metade da produção nacional”, pontua.

Rodrigues ressalta que o número foi o que o estudo conseguiu mostrar, mas que ele pode ser maior. “Tem ouro que não passa por nenhum registro, mas esse número dá uma pista de como esse ouro pode estar em territórios indígenas — mas não pode ter títulos de ouro nessas terras, ou seja, não pode pegar o ouro dessas terras. Como não pode, de onde está saindo esse ouro?”, questiona.

Segundo a gerente de Portfólio do Escolhas, a quantidade é uma consequência da total falta de controle e transparência na cadeia do ouro.

ESQUEMA

O estudo mostra que há cinco empresas ligadas aos indícios de irregularidades que têm laços por toda a cadeia do ouro.

Das 229 toneladas de ouro com indícios de ilegalidade, o estudo identificou que um terço, ou 79 toneladas, foi comercializado por cinco Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários (DTVMs) que compram ouro de garimpos na Amazônia

O estudo confirmou ainda que essas DTVMs, autorizadas a funcionar pelo Banco Central (BC), possuem vinculações empresariais e familiares por toda a cadeia do ouro. Rodrigues observa que é o BC quem dá autorização para essas empresas funcionarem e operarem com o ouro. “Isso não tem sido feito, a autoridade monetária está muito distante deste assunto, mesmo sendo uma competência que ele tem”, comenta.

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