sexta-feira, julho 23, 2021

Líderes religiosos fazem crianças escravas para vender pizza

Três acabaram presos após operação contra o trabalho escravo infantil

Os policiais de Maringá (PR) estranharam que tantas crianças estivesses vendendo pizza na cidade e em jornadas longas de trabalho. Foi a partir daí que se deflagrou uma operação na qual a Polícia Civil prendeu, na manhã desta sexta-feira, 23, três pessoas de uma mesma família e que são ligados a uma igreja evangélica, acusadas de comandar um esquema que colocou, segundo a polícia, crianças em situação análoga à escravidão. As informações foram divulgadas pelo GMC e G1 Paraná.

As buscas efetuadas pelos agentes foram na igreja: um pastor, a mulher dele, que é bispa da igreja e o filho do casal, que é apóstolo, foram detidos. A polícia ainda investiga o crime de tortura, pois, se as crianças não atingissem a meta de venda, recebiam castigos, segundo apurou a polícia.

A delegada do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente (Nucria) de Maringá, Karen Friedrich Nascimento, relata que a investigação se deu após notarem que crianças e adolescentes estavam vendendo grandes quantidades de pizzas em Maringá e região. “Essas crianças passavam o período da manhã, às vezes até a madrugada, o dia todo sob sol, sob chuva, em condições degradantes, sem fornecimento de alimentação. [Elas] teriam que cumprir metas, se elas não cumprissem ou se negassem a vender as pizzas, eram agredidas física e verbalmente”, afirma.
Tortura

A polícia encontrou ao menos cinco crianças vítimas de trabalho análogo à escravidão. As vítimas não tinham remuneração pela venda das pizzas, pois todo o dinheiro ia para o bolso dos religiosos. “Essas crianças, para se alimentar, tinham que ganhar alguma ‘ofertinha’ das pessoas que compravam as pizzas”, pontua.

Segundo Karen, os líderes religiosos, que fazem parte da Igreja das Nações da Poderosa Mão de Deus, aproveitavam-se das condições econômicas e emocionais das famílias das crianças e aliciavam as vítimas para que vendessem as pizzas.

"Se as crianças não cumprissem as metas, elas eram agredidas fisicamente e verbalmente. Elas levaram tapas e, também, eles colocavam um temor, dizendo que elas seriam punidas por Deus. Se elas não vendessem, elas seriam castigadas", afirmou a delegada.

A Ordem dos Pastores Evangélicos de Maringá repudiou o caso e afirmou que os envolvidos no caso não fazem parte da organização.


A Vigilância Sanitária encontrou produtos impróprios ao consumo.
Conselho Tutelar

Algumas das vítimas ficaram fora da escola por um período. Elas disseram ao Conselho Tutelar que tinham apenas um dia da semana para atividades escolares.

Num dos casos, uma vítima de 13 anos foi levada para trabalhar como doméstica na casa dos pastores. Os pais que contestavam também eram agredidos e ameaçados, explica a polícia. “Eles se negavam a devolver a adolescente para os pais. E quando os pais foram atrás, com o Conselho Tutelar, eles foram agredidos”, detalha a delegada do Nucria de Maringá.

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