segunda-feira, agosto 24, 2020

Mobilização após ameaça de Bolsonaro a jornalista do GLOBO gerou 'onda de contágio' com mais de 1 milhão de tuítes

 Grafo mostra mobilização após ameaça de Bolsonaro a jornalista do GLOBO

A mobilização no Twitter questionando por qual motivo o presidente Jair Bolsonaro não respondeu sobre os 89 mil depositados pelo ex-assessor Fabricio Queiroz na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, gerou em 24 horas mais de 1 milhão de mensagens únicas na rede social até as 23h49 neste domingo. O levantamento foi feito pelo pesquisador Fábio Malini, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

As postagens ocorrem após Bolsonaro declarar que tinha vontade de "dar porrada" em um repórter do GLOBO, que o questionou sobre os depósitos na conta de Michelle, e uniram jornalistas, artistas e celebridades

Segundo Malini, os dados indicam um "comportamento automatizante", com todos em uníssonos repetindo a mesma mensagem e marcando a conta do presidente. Isso significa que boa parte das publicações ocorreu sem o compartilhamento de influenciadores da rede, como costuma ocorrer no Twitter, mas com tuítes próprios dos usuários em seus respectivos perfis, um modus operandi que passou a ser mais utilizado pela direita e apoiadores do bolsonarismo a partir de 2015, segundo o pesquisador, e até então inédito na oposição ao presidente.

— Muitos influenciadores usando do mesmo template para escrever gera uma onda de contágio, contudo, as pessoas individualmente precisam tomar coragem de publicar algo, dado que compartilhar esses influenciadores seria mais cômodo. Publicar algo implica dar mais ênfase a sua voz ainda que se tenha poucos seguidores. Essa voz é mais fortalecida quando é questionadora diretamente na caixa de comentários de quem tem poder, porque ali não importa quantos likes vá se ganhar. 

A mesma pergunta publicada muitas vezes por muitas outras pessoas não influentes liga o alerta vermelho do político, porque ele percebe que não se trata de fãs reagindo, mas de gente de carne e osso. De modo massivo, acossando diretamente as contas do presidente, é a primeira vez — explica.

Malini destaca que um indicador do tamanho da repercussão da mobilização e como afetou a popularidade política online do presidente é que muitos usuários reclamaram de terem sido bloqueados pela conta de Bolsonaro:

— Um dos indicadores mais simples para identificar se a repercussão afeta a gestão da popularidade política online é quando os administradores das contas de políticos começam uma roleta russa de exclusão de comentários, principalmente, no Instagram e Facebook. Um trabalho desmedido já que eles têm de banir milhares de pessoas manualmente ou usando filtros semânticos. E foi o que ocorreu ontem. Muitos usuários reclamavam do "delete" recebido, o que estimulou neles o desejo de reescrever o mesmo comentários, até que foram banidos da conta.

O Globo

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