domingo, julho 05, 2020

Rádio Rural, 56 anos de uma rica história


Jota Parente com pouco mais de 20 anos, na primeira foto superior

Hoje, 05 de julho, a Rádio Rural de Santarém completa 56 anos de atividades e de bons serviços prestados a toda essa imensa região amazônica.

Foi inaugurada três meses depois da implantação da ditadura militar, com a qual jamais compactuou a Rádio Emissora de Educação Rural, primeiramente conhecida por Rádio Educadora, depois, como Rádio Rural. Por isso, foi muito perseguida. Quem esteve lá por 14 anos como eu, sabe muito bem disso.

Até para se incluir na programação do dia, a transmissão de uma partida de futebol acertada de última hora, era necessário fazer um ofício para o Departamento de Censura da Polícia Federal. Sempre foi autorizado, mas, se não autorizasse, não haveria transmissão.

Quando digo que a emissora prestou grande serviços para a região amazônica é porque, embora hoje tenha suas transmissões com alcances bem mais limitados, porque opera somente em ondas médias, nos tempos em que atuava, também, em ondas tropicais, chegava aos lugares mais longínquos, rompendo até barreiras do território brasileiro.

Onda tropical - OT ou "Ondas tropicais" é uma faixa do espectro eletromagnético correspondente às radiofrequências entre 2300 kHz e 5060 kHz (comprimentos de onda dos 120 m aos 60 m). A reflexões nas camadas mais baixas da ionosfera, associada à refrações sucessivas na troposfera, permite a cobertura de extensas regiões e atingir pontos da superfície terrestre situados a milhares de quilômetros de distância a partir de uma única antena emissora.

A origem da designação "ondas tropicais" está associada ao (uso entre os trópicos) e com a comparação do seu "comprimento de onda", da ordem de dezenas de metros (sendo por isso também chamadas ondas decamétricas), com o comprimento de onda de outras radiações eletromagnéticas, mais longas, como as ondas médias (ondas hectométricas) e longas (ondas quilométricas). (Wikipedia)

Recebíamos cartas da Suécia, da Noruega, da Alemanha, da Itália e de outros países, fora as que eram enviadas por pessoas que conseguiam ouvir a emissora em cidades muitos distantes no Brasil.

Manuel Dutra: Rádio Rural de Santarém, 55 anosNaquele 05 de julho de 1964, eu tinha 13 anos. O garoto de Cipoal que morava na cidade, acompanhou aquele momento histórico para Santarém, porque nascia naquele momento, uma rádio que viria a se transformar num marco da radiodifusão na Amazônia. E eu nem sonhava em me tornar radialista algum dia.

Haroldo Sena, Manuel Dutra, Eduardo Augusto, gerentes; Edinaldo Mota, Edmar Rosas, Gerson Gregório, Cláudio Serique, Santino Soares, Sinval Ferreira, Osvaldo de Andrade, Campos Filho, Bena Santana, Oti Santos, Terezinha Pantoja, Natalino Souza, Habib Bechara, Eriberto Santos, Dário Tavares, Jota Nogueira, Osmar Simões, Maria dos Remédios, Dona Venita, Dona Zenaide, Dona Conceição Castro, Manolo Santos, Evadir Cardoso, Silvério Reis, Ray Marinho, Lorde Edgar, Cezário Torres, Clenildo Vasconcelos, Tadeu Maia, Erasmo Maia, RaixFran de Souza, Anadir Brito, Eduardo Castro (Boizinho), Hélio Nogueira, Thompson Mota, Leal di Souza, Toni Reis, Benna Lago, Jota Parente, e o grande D. Tiago Ryan.

Certamente cometerei injustiças, esquecendo de nomes de colegas, mas, eu tive o privilégio de fazer parte da mais brilhante equipe que a Rádio Rural montou em toda sua história.

Fui repórter, comentarista esportivo, chefe da equipe de esportes e coordenador de programação. Fiz de tudo na rádio. Quando foi preciso, fui operador, discotecário, atuei no jornalismo, puxei fio no estádio... Estava sempre pronto para fazer o que fosse necessário.

A Rádio Rural era o SMS ou o WhatsApp da época, com o seu Correspondente Rural, primeira e segunda edições, a primeira às 13:00 hs e a segunda às 17:30. Era por seus programas de mensagens que a população de Santarém e de municípios vizinhos conseguiam mandar recados para seus familiares que atuavam nos garimpos, ou que tinham viajado para outras cidades da região.

Quem não lembra da Parada Social, às 11:00 hs, quando músicas de sucesso eram oferecidas para aniversariantes. “A você Zefinha, que completa mais um ano de vida, hoje, seu admirador, Admildo, oferece a melodia, Eu não sou cachorro não”.

 Jornalismo de credibilidade. Deu na Rural, então, era verdade. O Jornal da Noite, antes da chegada da TV, que ecoava a partir das 21 horas.

 A Rádio Rural, que com seu imenso sucesso, levava para os lares dessa imensa região, a palavra de Deus, através da transmissão da Santa Missa, missa campal celebrada por D. Tiago, na frente da catedral de Nª Sª da Conceição, de A Voz do Pastor, e dos programas religiosos como A Bíblia em sua vida, hoje.

 Foi nas missas campais que D. Tiago fez pesadas críticas contra ações truculentas do regime. Ele era a voz dos mais fracos, porque com sua coragem ímpar, dizia coisas que os mortais comuns não poderiam dizer.

São apenas alguns fragmentos de uma rica e extensa história que tanto enriquece a radiofonia brasileira.

Apesar dos percalços, a Rádio Rural segue em frente com os atuais colegas que tem o compromisso de manter vivo esse nome que representa muito para Santarém.

Os tempos são outros, as conjuntaram são diferentes, mas, a essência permanece. Construir uma sociedade melhor e mais justa é o eixo central da missão da nossa rádio. Que assim seja por muito mais tempo.

Jota Parente


Nenhum comentário:

Postar um comentário