domingo, julho 12, 2020

Para cientistas, erro cometido por EUA em reabertura é repetido no Brasil

Presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump  -  Alan Santos / PR

Estimulado por discursos entusiasmados do presidente Donald Trump, grande parte dos estados norte-americanos começaram a reabertura econômica no mês passado. 

O Texas reabriu bares, a Califórnia reabriu as praias e o Arizona até as academias. Como resultado, a taxa de contaminação voltou a crescer, o número de contaminados bateu recorde em julho e pelo menos 16 estados tiveram de rever seus planos e fechar os estabelecimentos. 

O Brasil está neste processo. Com quatro dias seguidos acima das 1.200 mortes e taxa de contágio sem controle, o país ensaia sua reabertura econômica com liberação do comércio em grande parte dos estados e municípios.

Podemos ter o mesmo destino dos Estados Unidos e, em um mês, ter de voltar a fechar tudo? 

Sim, avaliam médicos e pesquisadores na área de saúde pública ouvidos pelo UOL. 

Sem organização nacional e com postura questionável por parte do presidente, veja quatro erros cometidos pelos Estados Unidos que, segundo especialistas, estão sendo repetidos por aqui: Não respeitar a taxa de contágio Como nos Estados Unidos, estados e municípios não estão levando a taxa de contágio da doença, o índice R0, como principal indicativo na hora de reabrir o comércio. 

Lá, como cá, olha-se apenas para a taxa de ocupação de UTIs (unidades de tratamento intensivo). "Estudos mostram que o ideal é que a taxa de transmissão esteja abaixo de 1, o que sugere que a doença esteja controlada. 

No Brasil a taxa ainda está acima de 1", afirma o pesquisador Raphael Barreto, doutorando em Saúde Pública pela Fiocruz. 

De acordo com Imperial College de Londres, o R0 do Brasil, que chegou a ser o maior do mundo, caiu, mas ainda está em 1,11. Isso significa que cada grupo de 100 pessoas infectadas transmite, em média, para outras 111. 

Nos Estados Unidos, dos 50 estados, só cinco e o distrito da capital, Washington, estão abaixo do ideal. 

O Arizona, estado que reabriu até academia e teve de voltar atrás após explosão de casos, o índice é semelhante ao brasileiro: 1,11. 

De acordo com a epidemiologista Dandara Ramos, professora do ISC-UFBA (Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia), a grande maioria dos estados usa o índice de ocupação de UTIs para decidir sobre a reabertura. 

"Considerando que o nosso cenário de casos é profundamente subnotificado, confiar só na taxa de ocupação de leitos é um equívoco. 

Os hospitais podem não estar lotados agora e, por isso, o comércio é reaberto, mas, como nossa notificação ainda é insuficiente, o contágio pode explodir e só sentiremos o impacto disso 15 dias depois.

Fonte: Notícias UOL

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