segunda-feira, julho 13, 2020

Anac abre processo para apurar 'possíveis irregularidades' de empresa de táxi aéreo suspeita de atuar em garimpo ilegal

Icaraí Turismo continuou prestando serviço ao Ministério da Saúde e transportando índios e equipes, apesar de suspensão do certificado de operador aéreo. História foi revelada pelo GLOBO

Garimpo ilegal de ouro na reserva indigena Yanomami, em Roraima Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo

BRASÍLIA — A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) abriu um processo para apurar "possíveis irregularidades" cometidas pela Icaraí Turismo Táxi Aéreo, empresa que já recebeu R$ 24,3 milhões do Ministério da Saúde e que tem um sócio suspeito de ceder pequenos aviões ao garimpo ilegal de ouro na terra indígena ianomâmi, a maior do Brasil. 

Os contratos com a pasta, vigentes desde 2018, são para o transporte de índios e de equipes de saúde que atuam em seis distritos sanitários especiais indígenas (DSEIs), entre eles o Ianomâmi. 

Desde o último dia 17, a Icaraí está proibida de operar voos, por decisão da Anac, e mesmo assim a empresa seguiu transportando indígenas e equipes dos DSEIs.

As informações foram reveladas em reportagem publicada pelo GLOBO nesta segunda-feira. No começo da noite, a Anac informou que instaurou um processo para verificar as "possíveis irregularidades" referentes a normas de aviação civil.

A Icaraí está proibida de voar porque a Anac suspendeu cautelarmente o certificado de operador aéreo da empresa. O empreendimento "não demonstrou possuir controle sobre a qualificação de seus tripulantes, permitindo que estes tripulem aeronaves sem estarem aptos", conforme a decisão da Anac. 

Mesmo assim, a Icaraí continuou transportando indígenas e profissionais dos DSEIs, segundo informação confirmada ao GLOBO pelo próprio sócio da empresa, Rodrigo Martins de Mello.

A decisão da suspensão cautelar, adotada pela Anac em razão da falta de treinamento de pilotos e tripulantes, foi publicada no Diário Oficial da União. Helicópteros da Icaraí transportaram ainda empregados da estatal Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional. O pagamento foi feito no último dia 9.

O pagamento mais recente foi feito no último dia 1º, no valor de R$ 600 mil. Somente a gestão do general Eduardo Pazuello, ministro interino da Saúde, pagou mais de R$ 1 milhão à empresa. Contratos seguem vigentes até 2021.

Fonte: O Globo

Nenhum comentário:

Postar um comentário