quinta-feira, abril 02, 2020

Coronavírus: Homem morre e mulher é internada nos EUA após tomarem cloroquina

Cientistas pesquisam o uso da cloroquina no tratamento contra o coronavírus; atualmente, droga é usada contra a malária Foto: CRAIG LASSIG / REUTERSMedicamento usado contra malária e doenças autoimunes tem sido promovido por Trump e Bolsonaro como saída para a Covid-19, mas estudos ainda não foram concluídos

PHOENIX, EUA — Um homem de 60 anos morreu e sua esposa, com a mesma idade, foi hospitalizada nos Estados Unidos no último domingo após se automedicarem ingerindo uma forma de cloroquina, um produto químico recentemente apontado como possível aliado na prevenção e tratamento do novo coronavírus. As identidades dos dois não foram reveladas.

Estudos publicados em revistas acadêmicas dos EUA, China e França apontaram que as drogas cloroquina e hidroxicloroquina, atualmente usadas no tratamento da malária e de doenças reumatológicas, apresentaram resultados promissores contra a Covid-19 - o que gerou uma procura maciça pelos compostos no mundo.

Segundo a National Public Radio, uma organização americana de mídia sem fins lucrativos, o hospital onde o casal ficou internado, em Phoenix, Arizona,  informou que o homem e a mulher ingeriram “fosfato de cloroquina, um aditivo comumente usado em aquários para limpar tanques de peixes". O aditivo para aquário que o casal ingeriu, portanto, não seria o mesmo que o medicamento usado no tratamento da malária, cujo uso é investigado para tratar coronavírus.

"Trinta minutos após a ingestão, o casal apresentou efeitos que exigiam internação", afirma o comunicado do hospital, de acordo com a NPR. Entre os efeitos, náusea e vômitos. Ainda segundo o informe, o homem morreu de parada cardíaca e a mulher foi internada em estado crítico. Eles não foram testados para o coronavírus.

"Dada a incerteza em torno do Covid-19, entendemos que as pessoas estão tentando encontrar novas maneiras de prevenir ou tratar esse vírus, mas a automedicação não é a maneira de fazê-lo", disse Daniel Brooks, diretor médico do centro de estudos Banner Poison and Drug Information, do hospital no Arizona, à NPR.

Brooks disse, de acordo com o New York Times, que o casal leu sobre cloroquina na internet, onde ele aponta haver muitas informações erradas sobre os tratamentos para Covid-19. Ele destacou ainda os perigos da automedicação e que é preciso confiar em fontes oficiais, como a Organização Mundial de Saúde e as autoridades estaduais de saúde para aconselhamento médico - “não a Internet ou os políticos”.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, destacou, na última quinta-feira, a cloroquina e a hidroxicloroquina como compostos promissores para prevenção ou tratamento da Covid-19. Trump disse ainda que seu governo simplificou os procedimentos da Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA, na sigla em inglês) para que possam liberar o medicamento rapidamente. (O Globo)

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