sexta-feira, abril 24, 2020

Com saíde de Moro, Bolsonaro prova que tem coisas que o preocupam mais do que o combate à corrupção que o elegeu

Sergio Moro explica cara feia em fotos ao lado de Bolsonaro O governo do presidente Jair Bolsonaro sofreu o seu mais contundente golpe desde que começou. A saída do ministro da Justiça Sérgio Moro, arquitetada pelo próprio presidente é um tiro no pé.

Sem Moro, o governo perde a sua maior referência no combate à corrupção que tanto ajudou o presidente a ganhar a eleição. Qualquer pessoa que tenha um mínimo de discernimento sabe que a Lava Jato carreou muitos votos para Bolsonaro.

O então pré-candidato Jair Bolsonaro tinha o discurso de combate à corrupção. Já Sérgio Moro foi a personificação do combate efetivo.

As três razões da substituição do atual diretor da Polícia Federal Maurício Valeixo atendem pelos nomes de Flávio, Eduardo e Carlos Bolsonaro, que agora terão mais tempo para arquitetar suas maldades sem serem incomodados pela PF.

Jair Bolsonaro tem um senso de justiça próprio. Podem investigar à vontade quem vocês quiserem, porém, se mexerem com a minha família, vou aterrorizar geral.

Moro foi elegante até na hora de sair. Falou o que tinha que ser falado sem tripudiar ninguém.

Jogou vinte e dois anos de uma vitoriosa carreira de juiz para tentar, com mais poder, encetar com maior vigor sua luta contra a corrupção. Mas, não rezou na cartilha do presidente, um homem que tem se mostrado cada vez mais despreparado para o cargo.

Só está faltando, agora, os seguidores do presidente, aqueles que fazem parte da patrulha composta por sectários, vir a público desandar críticas contra o ex-ministro acusando de um monte de coisas que ele não é, nunca foi, nem nunca será.

O restinho de esperança que eu ainda pudesse ter na lisura do presidente na condução do Brasil esvaiu-se no momento em que ele resolveu apagar a luz das investigações, privilegiando as sombras que escondem os esqueletos das maquinações perversas de quem tem medo do claro.

É mais uma crise política no governo, de autoria do próprio presidente, em pleno crescimento da pandemia do coronavírus.

Lamentável.

Jota Parente

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