segunda-feira, abril 27, 2020

Argentina abandona negociações futuras do Mercosul e paralisa o bloco

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, cumprimenta o chanceler argentino, Felipe Solá, durante a reunião que mantiveram em fevereiro em Brasília.
 Mercosul ficou paralisado. Após a aceleração da assinatura, no ano passado, de um Acordo de Livre Comércio com a União Europeia (pendente de ratificação), a consolidação do bloco integrado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai está no limbo.

A Casa Rosada anunciou nesta sexta-feira à noite que está deixando as negociações para novos TLCs (tratados de livre comércio) que seus parceiros insistem em promover com Coreia do Sul, Canadá, Índia, Líbano e Cingapura.

O Ministério das Relações Exteriores da Argentina afirmou que o mundo está de cabeça para baixo e que é hora de lidar com os efeitos devastadores que a pandemia terá sobre as economias domésticas.

Paraguai, que detém a presidência pro tempore do bloco, alertou que os membros “avaliarão as medidas jurídicas, institucionais e operacionais” necessárias para não afetar as negociações em andamento.

Argentina tomou a decisão de deixar as mesas de negociação após uma reunião virtual de coordenadores nacionais, durante a qual pediu o congelamento das negociações com terceiros até novo aviso.

Apresentou aos parceiros um quadro desolador, onde “organizações internacionais preveem a queda do PIB nos países mais desenvolvidos, a queda repentina no comércio global de até 32% e um impacto imprevisível na sociedade”, de acordo com o conteúdo do encontro divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores em comunicado.

O texto assinala que o Governo de Alberto Fernández fez da proteção das empresas locais e dos mais pobres uma prioridade diante da pandemia de coronavírus. E em seguida lança o dardo da discórdia: “Faz isso em contraste com as posições de alguns parceiros, que propõem uma aceleração das negociações para acordos de livre comércio com Coreia do Sul, Cingapura, Líbano, Canadá e Índia, entre outros”.

Brasil, Paraguai e Uruguai responderam que de modo algum congelariam as negociações com esses países, e a Argentina bateu a porta. Por trás de tudo estão as grandes diferenças ideológicas entre Fernández e seus pares do Mercosul, que, com diferentes nuances, pregam a abertura comercial e o livre mercado.

O peronista não tem relação com Jair Bolsonaro, a quem não viu pessoalmente desde que tomou posse na Casa Rosada há mais de quatro meses, e mantém uma distância cordial com o uruguaio Luis Lacalle Pou e o paraguaio Mario Abdo Benítez.

Longe vão os tempos em que Mauricio Macri se unia em abraços com Bolsonaro para celebrar o acordo Mercosul-União Europeia. O Governo argentino disse que esse TLC prosseguirá, mas nada mais. (El País)

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