Por Oswaldo Bezerra
Quem achava vergonhosa a submissão do presidente
Bolsonaro aos EUA é por que nunca viu o presidente chileno, ao lado de Trump.
Um dos homens mais ricos do Chile, pertencente à elite que é alvo das
reclamações dos manifestantes que não abandonam as ruas, o presidente Sebastián
Piñera, no poder desde março de 2018, viu sua imagem desmoronar devido a uma
crise social sem precedentes.
Donald Trump, aliás que telefonou ao seu homólogo
do Chile, Sebastián Piñera, com uma ordem clara: reprima os protestos. Trump
também denunciou uma interferência externa de outras nações no Chile, com o
objetivo de “minar” suas instituições, democracia e sociedade em meio aos
protestos que abalam o país. A Casa Branca não especificou quais países estão
supostamente interferindo nos protestos no Chile.
Depois de forte repressão, como ordenado por Trump,
com centenas de feridos e dezenas de mortes, houve uma reação. Presidente do
Chile foi processado por crimes contra a humanidade após violência em
protestos. O que surpreendeu foi a reação de alguns militares. Hoje um caminhão com militares do Exército
do Chile confraternizou com os manifestantes, na capital Santiago,
onde meio milhão de pessoas protestou contra os problemas sociais do país, aos
gritos de “milico escuta, vamos à luta”.
Provavelmente, será escondida no jornalismo
brasileiro. Este tipo de revolta afeta os lucros dos bancos. A grande mídia faz
pouco caso dessas revoltas ou do jeito arrogante como o presidente Piñera lida
com a crise. Também ficam calados quando, em Talaca, um militar que,
cercado por manifestantes, enviou uma mensagem de tranquilidade e apoio aos
protestos que viralizou nas redes sociais. O militar afirmou: “O Exército
chileno não fará nada com vocês, nós estamos com vocês”, diz o soldado, que
mais tarde recebeu aplausos dos manifestantes gritando “que os soldados se
juntem”.
“Não voltaremos à normalidade porque a normalidade
era o problema.” A frase, estampada em cartazes nas manifestações que tomam as
ruas do Chile há três semanas, reflete os resultados de uma pesquisa da
Universidade do Chile. Nesta, 85,8% da população apoia os protestos e 83,9%
concordam com que sejam feitas mudanças na atual Constituição, herdada da
ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).
Fonte: RG15/O Impacto
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