Valdeliro Manhuary é um índio mundurucu
que defende o direito dos índios poderem viver da garimpagem em suas terras.
Ele faz parte de um grupo de sua etnia que é totalmente favorável à exploração
de ouro em terras indígenas, sobretudo pelos próprios integrantes de sua nação.
O seu discurso demorou duas vezes e meia o tempo estabelecido de três minutos,
porque agradou aos presentes e a mesa deixou seguir.
Ele disse que, embora respeite a
posição de seus irmãos de etnia, essa minoria que impediu que a reunião
acontecesse no Espaço Português é influenciada por Organizações Não Governamentais
bem pagas que vivem reunindo com eles, colocando coisas em suas cabeças.
“Hoje, o índio, quer ter o seu próprio
negócio, mesmo que haja muita gente que ainda queremos viver como há mais de
500 anos atrás. O índio, atualmente, está inserido na sociedade. Dizem que nós
temos terra indígena, mas, aquilo não é nosso, porque, se fosse, a gente teria
o direito de trabalhar, de usufruir das riquezas da terra. Teríamos o direito
de tirar ouro, plantar, formar fazendas. Mas, isso nós não podemos fazer.
Estamos em pleno Século XXI. Precisamos acompanhar
a sociedade, pois estamos globalizados. Nós sonhamos com um futuro melhor para
os nossos filhos e para os nossos netos, mas, para que isso aconteça, a gente
precisa ter o negócio próprio da gente.
O índio não volta mais àquele tempo de 1500. O
índio sonha em ter casa boa, ter carro. É isso que eu falo em nome daqueles
índios que querem trabalhar. Hoje a gente tem CPF, tem documentos. Antes que
cheguem as multinacionais, a gente quer ter o direito de explorar a nossa
terra.
Quanto aos índios que são contra, como os da
manifestação de hoje, isso é ruim para nós, essa divisão. Eles pegam corda dos
ativistas. Mas, eles sabem o que é ativista e são que ONGs, que ganham dinheiro
em cima deles, que não recebem nada.
Porque eles (os ativistas) não trazem projetos
para as aldeias, porque lá, hoje em dia, tem famílias que já passam fome?
Enquanto que nós, garimpeiros, queremos trabalhar e produzir para um dia chegar
a ser um empresário para ajudar os outros indígenas. E essa briga com apoio dos
ativistas, coloca os próprios parentes indígenas, uns contra os outros”, disse
Valdeliro.
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