Eu
sempre tive a exata ideia da dimensão da importância da atividade garimpeira na
reserva aurífera do Tapajós para os municípios da região Sudoeste do Pará. E
embora ela não seja mais do mesmo tamanho de anos atrás, continua sendo o
principal pilar da nossa economia.
É
indiscutível a culpa do governo federal, que por sua ausência reguladora faz
com que a atividade garimpeira se desenvolva de forma tão conturbada,
principalmente, nas duas últimas décadas.
Regularizar
para depois cobrar. Dar oportunidade de se legalizar a quem quer trabalhar na
legalidade para depois fiscalizar com dureza, separando legais de ilegais no
garimpo. Esse deveria ser o caminho.
O
governo do presidente Jair Bolsonaro sinaliza com a possibilidade de tornar mais
fácil a quase impossível missão de conseguir uma Permissão de Lavra Garimpeira
(PLG), tendo criado um grupo de trabalho com o objetivo de fazer um
levantamento completo, ou, um diagnóstico da situação da mineração no Brasil. Pode
até que seja um trabalho de médio, ou longo prazo, mas, já é um começo para
quem não tinha nada.
Há
anos o vereador Wescley Tomaz vem malhando em ferro frio em busca de apoio para
que se destrave a concessão de PLGs. Finalmente, ele e todos os outros
envolvidos nessa luta encontraram esse amparo no deputado federal Joaquim
Passarinho, que por sinal, por seu empenho, merecia ter sido muito mais bem
votado em Itaituba na eleição do ano passado.
Passarinho
tem sido fundamental nos poucos avanços obtidos até agora. Poucos, mas, que
representam uma esperança, sobretudo porque as pessoas que ocupam cargos-chave
em Brasília, tanto no Ministério de Minas e Energia, quanto na Agência Nacional
de Mineração tem se mostrado muito sensíveis aos problemas atinentes ao
garimpo. Até autoridades do Palácio do Planalto tem se manifestado surpresas
quando conhecem a realidade da situação.
Tudo
isso é positivo, mas, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.
Uma
coisa é as lideranças insistirem e não desistirem nunca dessa luta pela
legalização dos garimpos que estão situados em áreas que podem ser legalizadas;
outra coisa é defender o trabalho de mineração em áreas como flonas e parques
nacionais. Isso não é de bom tom.
Enquanto
não mudam as absurdas exigências do Ibama para que se possa trabalhar em
florestas nacionais, tornando exequível o cumprimento de condicionantes, a
atividade é ilegal e ponto final. Ilegal é ilegal e não se discute, e ninguém
pode defender o que é ilegal.
Torço,
como morador de Itaituba, para em breve haja a compreensão de que a riqueza do
subsolo deve servir para melhorar a qualidade de vida dos moradores de
Itaituba, Novo Progresso, Trairão e Jacareacanga.
Embaixo da terra só tem valor para especuladores. E já que pode ser uma atividade legal, que o minério possa ser retirado, pois, dessa maneira, muito mais pessoas irão ser beneficiadas com a riqueza que circulará de forma muito mais abrangente, ao passo que quando ocorre a extração ilegal, muito menos gente é alcançada.
Consciente
de que ainda dependemos muito dessa atividade, espero que as conversações em
Brasília avancem de maneira mais rápida, para que os brasileiros corajosos que
arriscam muito, arriscam a própria vida tentando melhorar de vida e
contribuindo para o aquecimento da nossa economia possa, trabalhar com
tranquilidade.
O
que não dá mais para aguentar calado é ver o pessoal de fora tachar todos os
garimpeiros como bandidos e a atividade garimpeira como grande responsável pela
depredação do meio ambiente amazônico.
É
preciso separar quem quer trabalhar em conformidade com as leis, de quem não
está nem aí para o que vai acontecer com o futuro, interessado apenas em se dar
bem. A partir de então, poderemos sonhar em ver o garimpo legal ter uma imagem
melhor. Mas, isso só vai acontecer quando a nossa realidade nua e crua seja
mostrada, em vez de apenas reportagens, muitas delas meramente sensacionalistas,
que só nos denigrem lá fora.
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