quinta-feira, setembro 12, 2019

Garimpeiro não é sinônimo de bandido


Eu sempre tive a exata ideia da dimensão da importância da atividade garimpeira na reserva aurífera do Tapajós para os municípios da região Sudoeste do Pará. E embora ela não seja mais do mesmo tamanho de anos atrás, continua sendo o principal pilar da nossa economia.

É indiscutível a culpa do governo federal, que por sua ausência reguladora faz com que a atividade garimpeira se desenvolva de forma tão conturbada, principalmente, nas duas últimas décadas.

Regularizar para depois cobrar. Dar oportunidade de se legalizar a quem quer trabalhar na legalidade para depois fiscalizar com dureza, separando legais de ilegais no garimpo. Esse deveria ser o caminho.

O governo do presidente Jair Bolsonaro sinaliza com a possibilidade de tornar mais fácil a quase impossível missão de conseguir uma Permissão de Lavra Garimpeira (PLG), tendo criado um grupo de trabalho com o objetivo de fazer um levantamento completo, ou, um diagnóstico da situação da mineração no Brasil. Pode até que seja um trabalho de médio, ou longo prazo, mas, já é um começo para quem não tinha nada.

Há anos o vereador Wescley Tomaz vem malhando em ferro frio em busca de apoio para que se destrave a concessão de PLGs. Finalmente, ele e todos os outros envolvidos nessa luta encontraram esse amparo no deputado federal Joaquim Passarinho, que por sinal, por seu empenho, merecia ter sido muito mais bem votado em Itaituba na eleição do ano passado.

Passarinho tem sido fundamental nos poucos avanços obtidos até agora. Poucos, mas, que representam uma esperança, sobretudo porque as pessoas que ocupam cargos-chave em Brasília, tanto no Ministério de Minas e Energia, quanto na Agência Nacional de Mineração tem se mostrado muito sensíveis aos problemas atinentes ao garimpo. Até autoridades do Palácio do Planalto tem se manifestado surpresas quando conhecem a realidade da situação.

Tudo isso é positivo, mas, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

Uma coisa é as lideranças insistirem e não desistirem nunca dessa luta pela legalização dos garimpos que estão situados em áreas que podem ser legalizadas; outra coisa é defender o trabalho de mineração em áreas como flonas e parques nacionais. Isso não é de bom tom.

Enquanto não mudam as absurdas exigências do Ibama para que se possa trabalhar em florestas nacionais, tornando exequível o cumprimento de condicionantes, a atividade é ilegal e ponto final. Ilegal é ilegal e não se discute, e ninguém pode defender o que é ilegal.

Torço, como morador de Itaituba, para em breve haja a compreensão de que a riqueza do subsolo deve servir para melhorar a qualidade de vida dos moradores de Itaituba, Novo Progresso, Trairão e Jacareacanga. 

Embaixo da terra só tem valor para especuladores. E já que pode ser uma atividade legal, que o minério possa ser retirado, pois, dessa maneira, muito mais pessoas irão ser beneficiadas com a riqueza que circulará de forma muito mais abrangente, ao passo que quando ocorre a extração ilegal, muito menos gente é alcançada.

Consciente de que ainda dependemos muito dessa atividade, espero que as conversações em Brasília avancem de maneira mais rápida, para que os brasileiros corajosos que arriscam muito, arriscam a própria vida tentando melhorar de vida e contribuindo para o aquecimento da nossa economia possa, trabalhar com tranquilidade.

O que não dá mais para aguentar calado é ver o pessoal de fora tachar todos os garimpeiros como bandidos e a atividade garimpeira como grande responsável pela depredação do meio ambiente amazônico.

É preciso separar quem quer trabalhar em conformidade com as leis, de quem não está nem aí para o que vai acontecer com o futuro, interessado apenas em se dar bem. A partir de então, poderemos sonhar em ver o garimpo legal ter uma imagem melhor. Mas, isso só vai acontecer quando a nossa realidade nua e crua seja mostrada, em vez de apenas reportagens, muitas delas meramente sensacionalistas, que só nos denigrem lá fora.

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