domingo, setembro 01, 2019

Fumaça de queimadas invade o céu de Belém e acende alerta de especialistas

Oswaldo Forte / O Liberal Falta pouco para que a qualidade do ar em Belém, ainda considerada regular, passe do limite de atenção para o de emergência. 

De acordo com a professora Eliane Coutinho, diretora do Centro de Ciências Naturais e Tecnologia da Universidade do Estado do Pará (Uepa) e coordenadora do curso de especialização em Gestão e Direito Ambiental, isso significa que, se não forem tomadas providências, os prejuízos hoje causados apenas a idosos e crianças passarão a atingir todas as pessoas. 

O problema advém sobretudo da queima de combustível, que provoca concentrações de poluentes atmosféricos - dióxido de enxofre, dióxido e monóxido de carbono e a fuligem, que dá densidade à fumaça. “A emergência é como era em Cubatão (SP) e em muitas cidades do México onde as pessoas usam até máscaras”, alertou.  

Há dez anos, Eliane Coutinho pesquisa a poluição do ar. Ela possui doutorado em Ciências Ambientais, na área de Física do Clima, pela Universidade Federal do Pará/ Museu Emílio Goeldi/Empresa Brasileira de Agropecuária, mestrado em Meteorologia pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e especialização em Meteorologia Tropical pela Universidade Federal do Pará. “Desde 2009 venho fazendo coleta, em função da densidade da fumaça, e vem aumentando esse valor”, comentou.

“O monóxido e o dióxido tiveram suas emissões aumentadas em 50% desde 2009”, acrescentou. “Belém não tem legislação própria e a gente utiliza a de São Paulo, legislações internacionais ou dados coletados pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas”. 

O ar está poluído, explicou, quando há concentração acima desses valores por um período muito longo. Os congestionamentos, disse ainda, pioram ainda mais a qualidade do ar. Ela citou um trabalho que ainda não está finalizado e usa outra metodologia. 

Ela explicou ainda que há dez anos a densidade de fumaça em Belém está acima do permitido e que é maior nas áreas onde há um tráfego maior. “Os pontos em que já fiz análises - Presidente Vargas, Entroncamento, Almirante Barroso, São Brás e os bairros do centro da cidade - sempre têm um valor maior do que o padrão, em média. São os principais corredores de tráfego”.  

Eliane mencionou também como mais graves as situações vividas dentro de veículos em que o sistema de ar condicionado não está funcionando e se respira monóxido de carbono, um gás venenoso, ou quando se está do lado de fora e o cheiro é perceptível ou a fumaça. 

Para a população, isso acarreta, principalmente, problemas respiratórios. “Pode até causar enfisema, se o indivíduo tiver constantemente exposto”, disse. “A qualidade do ar em Belém precisa de atenção, para que não cause mais danos à saúde da população”, acrescentou. 

Ainda segundo a professora, outro problema é a inexistência em Belém de uma estação que monitore a qualidade do ar, como existe em São Paulo. Com o agravante de que deveriam ser instaladas várias. “A nossa vantagem é a temperatura elevada, que expande mais os gases e os dispersam para longe da superfície”, analisou. “Nas cidades onde a temperatura é muito baixa esses poluentes ficam concentrados próximos à superfície. (O Liberal)

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