quarta-feira, setembro 25, 2019

A vacina que previne o câncer: eficiente e segura, mas subutilizada

vacina hpv para que serveA imunização contra HPV ainda enfrenta resistência na América Latina, apesar de proteger contra um vírus que causa tumores de colo de útero, entre outros


Os programas de vacinação contra o HPV na América Latina correm o risco de repetir a trajetória do exame preventivo de Papanicolaou: uma ferramenta muito eficiente, mas que, subutilizada, não atinge o seu potencial. Embora a região tenha um histórico de sólidos programas nacionais de imunização, com alta cobertura vacinal, as doses contra o HPV esbarram em falta de conhecimento, na associação infundada com a iniciação sexual precoce e na dificuldade de alcançar crianças e adolescentes que já não frequentam os postos de saúde regularmente, como é comum na primeira infância.
O alerta é importante em um cenário em que os tumores relacionados ao HPV continuam a ser uma das principais causas de câncer na América Latina, principalmente o do colo do útero, terceiro tipo mais frequente no Brasil. A prevalência de infecção pelo vírus na região é duas vezes maior que a da média mundial e está associada a mais de 68 mil novos casos de tumor cervical por ano.
Como a doença afeta, em sua maioria, mulheres jovens, ela representa a maior causa de anos de vida perdidos como resultado do câncer em países de baixa e média renda.
A falta de conhecimento sobre a relação entre o vírus e os tumores está entre as principais barreiras para a vacinação contra o HPV. Vários estudos já mostraram que, uma vez informados de que essa injeção evita a doença, pais e profissionais de saúde são mais propensos a indicá-la. A adesão à imunização também tem sido menor do que a esperada pelo pouco conhecimento da população sobre a comprovada segurança da vacina.
Os aspectos culturais são outro fator que influenciam os programas contra o HPV, assim como impactaram as iniciativas voltadas para os exames de Papanicolaou na América Latina. O conservadorismo e a natureza desse vírus como uma infecção sexualmente transmissível prejudicaram a comunicação e a educação sobre ele.
Ora, há um desconforto geral de falar sobre sexo e existe a crença, infundada, de que essa vacina adiantaria a atividade sexual dos adolescentes. Mas um estudo da Sociedade Americana de Pediatria confirmou que a vacinação contra o HPV não está associada à iniciação precoce da vida sexual, tampouco ao aumento da atividade sexual na adolescência.

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