segunda-feira, julho 08, 2019

Hospital Regional de Santarém realiza procedimentos cardíacos inéditos na Amazônia

O Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), localizado em Santarém, interior do Pará, realizou dois procedimentos cardíacos inéditos no Norte do Brasil. Os dois pacientes com cardiopatia congênita, agora, comemoram o sucesso das cirurgias e a chance de ter uma vida normal.

A jovem Bruna Silva, de 19 anos, tinha um problema cardíaco de nascença. “Chamamos de doença ou anomalia de Ebstein. É quando a válvula está em um posicionamento patológico diferente do normal, o que impede de exercer a sua função corretamente”, explica o cirurgião cardiovascular Renê Augusto Gonçalves, chefe da equipe.

A Técnica do Cone, aplicada na cirurgia de Bruna, é inovadora. “No Norte, ninguém tinha realizado essa técnica antes. São poucos os casos que acontecem, porque a incidência dessa doença não é muito grande, então é uma cirurgia que não tem muita oportunidade para se fazer”, afirma o cirurgião. O procedimento conhecido como Plastia Valvar Tricúspide foi realizada em abril deste ano.

Para a paciente, o procedimento representou a correção de um problema que a acompanhava desde o nascimento. “A cirurgia foi um sucesso. A minha recuperação está indo muito bem, sem complicações. Só tenho agradecer a equipe de profissionais que realizaram a cirurgia e ao Hospital Regional", destaca Bruna.

A aplicação da técnica foi importante para evitar complicações. “Existe, basicamente, dois tipos de cirurgia para tratar esse problema. E, com essa técnica, conseguimos evitar algumas complicações. A mais grave seria o bloqueio do Iatricular total, que, nesse caso, precisaria colocar um marca-passo e o paciente ficaria dependente”, diz o cirurgião Renê Augusto Gonçalves.

Em junho, mais uma técnica rara foi aplicada durante um procedimento cardiovascular. O autônomo Elias Lopes, de 51 anos, era um paciente cardiopata crônico. O morador do interior de Belterra – na região Metropolitana de Santarém – já havia passado por duas cirurgias cardíacas, ambas realizadas em Belém, em 2001 e 2010.

O paciente havia trocado a válvula mitral duas vezes e teria de trocar uma terceira, mas devido à gravidade, teria poucas chances de suportar uma nova cirurgia. A única opção encontrada foi a de realizar a cirurgia adotando uma técnica nunca utilizada no Norte do país: implante valvar por cateter. Esse implante pode ser feito pela artéria femoral, pela virilha ou pelo pescoço, ou, ainda, pela ponta do coração. “Tudo isso sem parar o coração ou colocá-lo na máquina”, destaca Renê Augusto.

Lopes reagiu muito bem a cirurgia e o procedimento menos agressivo possibilitou uma recuperação rápida. “Eu passei uns dois meses para me recuperar da primeira cirurgia, e essa aqui, após sete dias eu já estava me sentindo muito bem, muito melhor, o coração está batendo bem”, afirma o paciente.

Após a terceira cirurgia, o paciente deseja ter qualidade de vida. Melhor ainda, para ele, foi ter conseguido realizar todo o tratamento perto de sua casa. “Aqui na terra, o hospital foi 100%. De tudo que eu tenho vivido, esse foi o melhor hospital pelo qual eu passei. Eu estou muito, muito feliz com o atendimento aqui”, revela Elias Lopes. “Eu só tenho a agradecer. Que eles continuem neste mesmo nível. Sei que o potencial do ser humano é limitado, mas Deus dá a condição para eles serem bom como eles são".

A inovação da técnica valve‐in‐valve (ou seja, uma válvula dentro da outra) é conseguir tratar os pacientes que não teriam passibilidades terapêuticas. “Antes, ou a gente tentava uma tentativa heroica, com grandes chances de o paciente não suportar, ou ele iria esperar um transplante, que é muito difícil, ou pior ainda, o paciente simplesmente morria de insuficiência cardíaca. E agora conseguimos tratar pacientes graves ou pacientes idosos”, explica Renê Augusto.

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