Desde
as eleições, as universidades
brasileiras têm se tornado um campo de batalha onde
crescem as denúncias de assédio, achaques e ameaças contra professores que são
identificados como “de esquerda”.
No
final de outubro, pouco
antes de 17 campi universitários serem invadidos pela polícia por manterem
cartazes com mensagens antifascistas, professores da Universidade Federal
de Pernambuco (UFPE) receberam uma carta anônima listando o nome de 15 docentes
e estudantes de ciências humanas ameaçados de serem “banidos” da instituição
depois da posse de Jair Bolsonaro.
A
carta detalha que todas as pessoas nomeadas desenvolvem pesquisas e trabalham
com o público LGBT, ou seriam “lésbicas, gays, prostitutas e partidários de
esquerda”.
A
violência em ambiente universitário já tem alertado a comunidade internacional.
Há oito meses, a organização Scholars at Risk, ou Acadêmicos em Risco, em
português, tem sido procurada por professores brasileiros que se sentem
inseguros no país.
Sediada
nos Estados Unidos, a organização é uma rede de instituições de ensino superior
que promove a liberdade acadêmica, ajudando pesquisadores e professores
ameaçados de morte a sair de seus países por um tempo.
A
rede é formada por 520 universidades, como a Universidade de Washington, nos
EUA, a Universidade do Chile e a City University, em Londres, no Reino Unido.
Até
o ano passado, apenas um brasileiro tinha contatado a organização. Agora, já
são 18.
“Devido
à mudança significativa para a direita na atmosfera sociopolítica no Brasil que
levou à eleição de Bolsonaro, os candidatos do Brasil relatam instabilidade,
medo de serem detidos ou presos, assédio e medo de serem mortos ou
desaparecerem”, resume Madochée Bozier, assistente do programa de proteção a
professores universitários, em entrevista à Pública.
“À
luz da mudança na narrativa política e cultural no país, muitos acadêmicos
decidiram deixar o Brasil para continuar o seu trabalho fora do país por medo”,
completa.
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