O Globo - O Ministério Público
Estadual de São Paulo ouviu um adolescente de 17 anos suspeito de ajudar no
planejamento do massacre na escola de Suzano.
Esta é a segunda vez que o menor, que
também é ex-aluno da escola, foi ouvido. Na quarta-feira (13), ele já havia
prestado depoimento na delegacia.
Acompanhado da mãe e de uma psicóloga,
ele foi ouvido nesta sexta (15) no Fórum de Suzano por quase duas horas por um
promotor de justiça e repetiu o que já tinha falado aos policiais.
Confirmou que os assassinos tinham vontade
de atacar uma escola e que foi ele quem sugeriu o uso de explosivos e de roupas
táticas. Mas negou que tenha participado do planejamento para atacar a escola
Raul Brasil.
Segundo o delegado-geral Ruy Ferraz
Fontes, o menor não sabe por que não participou do massacre.
“Ele
não sabe dizer por que não foi convidado, esperava que tivesse sido convidado”.
A
Justiça autorizou buscas na casa do suspeito. Foram apreendidas anotações em
código e um par de botas.
“É
igualzinha à bota que estava calçada nos pés dos dois que morreram foi
encontrada na casa dele”.
A
polícia tinha pedido à Justiça que ele fosse internado.
“Ele
tinha ligação direta com todo o planejamento, ajudou a iniciar a execução e não
participou da ação. É muito perigoso do nosso ponto de vista deixá-lo nesse
momento em liberdade. Ele pode, e já disse em depoimento que queria ter
participado e que que gostaria de fazer isso”, afirmou o delegado-geral.
Depois
de ouvir o suspeito, a promotoria informou que, por enquanto, não há indícios
suficientes para pedir à Justiça a apreensão dele e que aguarda o relatório da
polícia sobre as buscas e também o depoimento de um amigo do suspeito.
Com
um equipamento de última geração, a polícia analisa os celulares dos assassinos
para saber com quem eles falaram e com quem trocaram mensagens desde novembro
de 2018, quando começaram a comprar os materiais.
O
carro que eles usaram tem um sistema de monitoramento, e o JN teve acesso com
exclusividade a detalhes desse rastreamento.
No
momento em que os assassinos pagavam a conta do estacionamento onde tinham
deixado o carro por duas semanas, o sistema começou a funcionar. O carro foi
ligado às 21h39 do dia 7, no estacionamento e foi desligado 12 minutos depois,
perto da rua onde os assassinos moravam.
O
carro não saiu do lugar do dia 8 de março até o dia 12.
No dia do ataque, 13 de março, às 7h19,
os assassinos ligaram o carro. O rastreamento da empresa de locação diz que
eles rodaram por ruas e avenidas de Suzano até as 7h54.
Em
35 minutos, os criminosos passaram três vezes em frente à escola Raul Brasil e
uma vez em frente à loja do tio de um dos assassinos, que foi morto antes do
massacre no colégio.
A
polícia suspeita que os dois tenham ficado com o carro parado por mais de uma
hora à espera que Jorge Moraes entrasse na loja de automóveis. O último
endereço do rastreamento é da escola para onde eles foram dispostos a matar.
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