Até
outubro do ano passado, o governo Simão Jatene gastou quase 500 milhões de
reais a mais do que arrecadou. Mentiu ao declarar que, pelo contrário, havia um
superávit nas contas públicas. Mentiu porque estava empenhado na eleição do seu
candidato (do DEM e não do PSDB), o presidente da Assembleia Legislativa,
Márcio Miranda (que se licenciou para a disputa e não mais retornou ao cargo).
O incremento dos investimentos realizados até então foram insuficientes para
evitar a derrota do adversário, Helder Barbalho, do MDB.
Ao invés de frear os gastos, Jatene o incrementou ainda mais. Nos últimos dois
meses do ano, o buraco entre a arrecadação e a despesa cresceu mais do que o
dobro: R$ 1,2 bilhão, à média de R$ 600 milhões mensais. O novo secretário da
Fazenda, o mineiro René Sousa Júnior, disse a O Liberal que apresentará o valor
de R$ 1,7 bilhão de déficit fiscal no relatório a ser encaminhado em abril à
Assembleia Legislativa e à secretaria do Tesouro Nacional.
O efeito será danoso para o Estado, que poderá até ser impedido de receber
parcelas do empréstimo feito pela administração anterior, já que o
ex-governador mentiu às autoridades do governo federal. Jatene também poderá
ser multado pessoalmente por ter mentido (expressão que o novo secretário usou explicitamente
na entrevista, publicada na edição dominical do jornal, já em circulação), ao
prometer conseguir um superávit primário nas contas estaduais. A multa poderá
chegar a R$ 3 milhões.
O
Liberal, que publicou diversas vezes as declarações de Jatene sobre o
equilíbrio e a folga fiscal, agora deu destaque às acusações de René Júnior.
Ele disse que o novo governo vai tentar enfrentar o problema cortando gastos,
combatendo a sonegação fiscal, revendo benefícios fiscais e simplificando a
legislação “para criar um ambiente jurídico e de negócio seguros para atrair
confiabilidade, a iniciativa privada interessada em investir no Pará”.
VERSÃO DE JATENE
Como O Liberal não ouviu o ex-governador, dando-lhe o direito de resposta,
publico a postagem de Jatene no seu facebook no dia 1º. Foi sua resposta ao
pronunciamento do governador Helder Barbalho, que contabilizou o déficit
primário em um bilhão de reais, ao qual o seu secretário da Fazenda acrescentou
R$ 700 mil.
Amigas e amigos,
É com o coração e a mente transbordando de sentimentos e num esforço de atender a razão, ainda que tomado pela emoção, que me dirijo a vocês nesse momento. Peço a atenção de todos que aqui nasceram ou para cá vieram dos mais diversos lugares nos ajudar a construir esse imenso e fabuloso Estado. Independente de cor, crença, classe, ou partido, peço atenção dos que aqui nasceram ou vieram nos ajudar a construir esse Estado, peço atenção dos que amam o Pará.
É com o coração e a mente transbordando de sentimentos e num esforço de atender a razão, ainda que tomado pela emoção, que me dirijo a vocês nesse momento. Peço a atenção de todos que aqui nasceram ou para cá vieram dos mais diversos lugares nos ajudar a construir esse imenso e fabuloso Estado. Independente de cor, crença, classe, ou partido, peço atenção dos que aqui nasceram ou vieram nos ajudar a construir esse Estado, peço atenção dos que amam o Pará.
Antes de tudo, para agradecer. Agradecer o respeito e, sobretudo, o
carinho, o abraço, o aperto de mão, o simples aceno ou sorriso, que sempre
recebi e recebo por onde ando e foram os combustíveis que nos moveram na busca
de contribuir para um Estado melhor.
Agradecer a confiança que se manifestou no voto que, por três vezes, nos
colocou – homem simples e criado no interior – no mais alto posto
político-administrativo do nosso Estado.
Agradecer, principalmente, a compreensão e solidariedade que não nos
faltou nos momentos pessoais e coletivos mais difíceis. Isso só vez aumentar minha
convicção de que a maior riqueza desse Estado é o seu povo, nossa gente.
Não fiz tudo que sonhei, do mesmo modo que não acertei em tudo que fiz,
mas quando olho pra trás ou comparo com outros estados, vejo o quanto fizemos
juntos esses anos.
Com um orçamento que não chega a R$ 300,00 por pessoa por mês, oriundo
dos impostos pagos, só como exemplo, conseguimos implantar mais de uma dúzia de
hospitais importantes e a maioria no interior. Conseguimos atender com o
Cheque-Moradia mais de oitenta mil famílias. Construímos, aproximadamente,
oitenta Unidades Integradas Pró-Paz.
Fizemos o Hangar – Centro de Convenções, o Mangal das Garças e a tão
sonhada Arena Mangueirinho. O grande Centro de Convenções de Marabá e belo
Teatro e Liceu da Música, em Bragança. Milhares de quilômetros de estradas e
dezenas de pontes, como a do Rio Capim e Igarapé-Miri. As avenidas
Independência e a João Paulo II. As faculdades de medicina em Santarém e
Marabá. Além das escolas tecnológicas e as mais de mil novas salas de aulas, só
no último quadriênio. E tanto mais, que seria ocioso enumerar.
Mas tudo, reconheço, direta ou indiretamente, foi fruto de muitas mãos e
muitos corações.
Resultado do trabalho de muitos. Patrimônio público, e agradeço a Deus e
a todos os paraenses, por terem me permitido participar dessa história.
História que não começa quando chegamos e tampouco termina quando saímos, mas
se constitui em legado, acúmulo necessário para avançarmos.
Por isso busquei exercitar e incentivar a supremacia dos interesses do
Estado sobre interesses específicos, bem como o protagonismo coletivo em
substituição ao velho comportamento personalista.
Acreditando que o voto popular impõe mais deveres que confere direitos,
sempre me senti honrado e procurei respeitar e honrar o cargo de governador,
entendendo, entretanto, que se o mesmo aumenta a responsabilidade de servir a
sociedade, não transforma o “cidadão eleito” em “entidade” que deve se
confundir ou se achar maior que o governo.
Foi essa compreensão que nos fez determinar que em toda grande obra, ao
lado da chamada “placa oficial” de inauguração, também se fixasse uma placa com
o nome de todos os operários que participaram da construção. Simbolizando o
imposto, o trabalho e o voto de cada paraense.
Com o mesmo objetivo de valorizar a impessoalidade, no lugar da famosa
“logomarca de governo” determinamos que fosse usada a bandeira do Pará e
valorizamos nosso hino, abolindo os conhecidos “slogans” de gestão.
Amigas e amigos,
Por tantas vezes disse e repeti que somos o que somos por que não nos determinamos, individual e, sobretudo, coletivamente, ser diferentes. Do mesmo modo, certamente muitos me ouviram dizer que o Pará é maior que qualquer partido ou liderança política. A cada dia mais acredito nisso.
Amigas e amigos,
Por tantas vezes disse e repeti que somos o que somos por que não nos determinamos, individual e, sobretudo, coletivamente, ser diferentes. Do mesmo modo, certamente muitos me ouviram dizer que o Pará é maior que qualquer partido ou liderança política. A cada dia mais acredito nisso.
Governar um Estado grandioso como o Pará é uma experiência
indescritível. É um permanente e necessário esforço equilibrar as contas,
formular projetos, captar recursos, implementar programas, contratar e
construir obras. O momento de ver brotar o que foi semeado é, também, de semear
para o futuro. Por isso, devo dizer que entre obras em execução e a iniciar,
com recursos de operações de crédito, obtidas graças ao equilíbrio fiscal do
Estado, estão disponíveis mais de um bilhão de reais. Só para implantação do
BRT no trecho Entroncamento/Marituba, o contrato é de mais de 500 milhões. Sem
falar nos recursos da Avenida Yamada/ Tapanã; dos Terminais Hidroviários do
Baixo Amazonas, inclusive o de Santarém.
E ainda nos 100 milhões de dólares para desenvolvimento dos municípios
da Transamazônica, que só falta assinar os contratos, pois já estão aprovados
pela CAF e NDB e autorizados pelo Senado.
Amigas e amigos,
Aprendi a respeitar as pessoas e compreender que a melhor forma de se
firmar e afirmar em sociedade é mostrar qualidade no que faz e não destruir,
desqualificar ou negar o que foi feito. É fazer mais e melhor, por isso,
sinceramente, desejo ao governo que se inicia boa sorte e sucesso, apesar das
nossas inequívocas diferenças.
O Brasil vive momento de decisões difíceis. O gigantesco afastamento
entre ética e política exige coerência e exemplo dos que pretendem contribuir
para uma sociedade melhor. O fantasma da crise econômica e o desemprego ainda
assustam milhões de lares. A desigualdade social ainda nos afasta do que se
poderia chamar efetivamente de uma nação civilizada. Mais do que nunca, o
Brasil precisa de todos nós brasileiros. Que Deus nos ilumine e dê sabedoria.
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