sábado, janeiro 05, 2019

Guedes e Bolsonaro divergem sobre reforma da Previdência

Presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes Foto: Ueslei Marcelino / REUTERSBRASÍLIA E SÃO PAULO - A proposta de reforma da Previdência que será encaminhada ao Congresso começou a provocar divergências dentro do novo governo. Elas apareceram já na primeira reunião ministerial, ocorrida na quinta-feira. Nela, o ministro de Economia, Paulo Guedes, defendeu a necessidade de fazer uma reforma robusta para conter o crescimento das despesas da União. O presidente Jair Bolsonaro, no entanto, teria demonstrado “desconforto” e “dificuldade em aceitar uma proposta mais abrangente”, contou uma fonte a par do assunto.

icou acertado, então, que o assunto voltaria a ser discutido em outra reunião. Logo depois do encontro, o presidente gravou uma entrevista ao SBT, defendendo a adoção de idade mínima para aposentadoria de 62 anos para homens e 57 anos para mulheres até 2022. E afirmou que caberia a seu sucessor decidir se daria continuidade à reforma. 

As declarações de Bolsonaro surpreenderam integrantes da equipe econômica e especialistas que estão auxiliando na elaboração da proposta de mudanças na Previdência no novo governo. Segundo técnicos envolvidos nas discussões, eles passaram o dia de ontem tentando entender o que o presidente quis dizer. O texto da minuta da proposta ainda não foi formatado e apresentado. 


Transição humana 

Segundos interlocutores ligados à equipe econômica, há uma disputa nos bastidores envolvendo a reforma. A equipe econômica quer uma proposta mais dura ou a reforma de Temer. Já o núcleo político defende mudanças nas regras apenas para resolver o problema do atual governo. 

Políticos também reagiram à fala de Bolsonaro. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), afirmou nesta sexta-feira que, se o governo Jair Bolsonaro reduzir a idade mínima para a aposentadoria para 62 anos (a de Temer é de 65 anos), ele deve excluir uma regra de transição.

Acho que, se for reduzir os 65 anos, não pode ter transição. Uma coisa mata a outra - afirmou Maia. 

O deputado explicou que essa era uma opinião dele e que aguardaria um posicionamento do governo sobre o texto que considera ideal para ser aprovado: 

- É o que eu penso, mas prefiro esperar que o governo federal encaminhe a proposta. Todos morrerão juntos se a reforma não for aprovada. 

No fim do dia, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, deu entrevista para esclarecer as falas do presidente, inclusive o bate-cabeça envolvendo outras questões, como aumento de impostos. Ao ser indagado sobre a idade mínima de aposentadoria citada por Bolsonaro (de 62 anos para homens e 57 para mulheres), Onyx respondeu que o presidente queria apenas passar “tranquilidade” à população.

De acordo com o ministro, os detalhes da proposta da reforma só serão apresentados pela equipe de Guedes a Bolsonaro daqui a duas semanas. 

- O que ele quis foi passar para as pessoas a tranquilidade de que a transição vai ser humana, vai respeitar os direitos adquiridos das pessoas, não vai ser de soco, vai ter um prazo, era isso. Porque ele fala isso? Porque nós, de vez em quando, reportamos a ele, ele nos orienta, e nós repassamos aos técnicos que estão trabalhando para fazer a proposta - disse Onyx. (O Globo)

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