domingo, novembro 18, 2018

Notícias da estrada, Expedição ao Fim do Mundo

Em Ponta Porã, fronteira Brasil e Paraguai. Do outro lado da rua está
a cidade de Pedro Juan Caballero
Há quatro dias na estrada, e sem dar notícias; mas, explico os motivos. É que já tinha feito esse trecho em 2013. Pelo menos o relevo não mudou nada. Já os acontecimentos da viagem são sempre novos.

Saí de Itaituba na madrugada do feriado de 15 de novembro, quinta-feira, de ônibus, torcendo para não chover, porque já faz algumas semanas que tem chovido na região de Moraes Almeida e Novo Progresso, provocando filas grandes de carretas. Choveu no meio do caminho entre Moraes e Progresso, mas não chegou a atrapalhar.

É cansativo viajar de ônibus de Itaituba até Castelo de Sonhos. São 555 km de uma estrada sofrível, que alterna alguns poucos trechos em boas condições, com outros de pavimento asfáltico esburacado. 555 km que poderiam ser percorridos em seis ou no máximo sete horas em estrada boa, mas, que  consumiu doze horas na nossa maltratada Rodovia Santarém-Cuiabá.

Minha moto já estava há uma semana na loja filial da Tapajós Motos Honda, de Castelo, enviada pelo amigo Edson Uchoa. Na manhã de sexta-feira, bem cedo fui esperar Lídia, a gerente da loja, para receber a moto, amarrar a bagagem e começar a pilotagem na Expedição ao Fim do Mundo.

Às 9:15 peguei a estrada com a intenção de pernoitar na cidade de Rosário do Oeste, em Mato Grosso. Não foi fácil percorrer os 814 km que separam Castelo de Sonhos de Rosário. Consegui com muito esforço chegando no comecinho da noite.

Levantei cedo, ontem, sábado, para tentar dormir depois de Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, o distrito de Anhanduí, onde havia pernoitado na expedição de 2013. Parando pouco, viajei pelos 861 km do trecho e, mais uma vez, cumpri a meta.

Eu sei bem que nem todo dia é possível cumprir a meta, e hoje não deu.

Quem se dispõe a fazer uma aventura como essa, precisa lembrar todo dia, que imprevistos acontecem. Hoje, o imprevisto deu as caras em forma de chuva, e que chuva. Foi chuva daquelas de cachorro beber água em pé, reforçada por um vendaval que parecia querer derrubar a cobertura do posto de combustíveis no qual me abriguei, na cidade de Amambai, ainda em Mato Grosso do Sul. Durou mais de 40 minutos, sem dar a menor chance para pilotar com um temporal daquele.

Enquanto chovia, chegou um time de três motoqueiros, daqueles que tem grana, com três motos que me fizeram ficar acanhado. Duas Harley Davidson e uma Yamaha. Mas, teve troco quando um deles perguntou de onde eu estava vindo e para onde estava indo. Disse que vinha de Itaituba e estou indo para a Argentina na minha pequenina CB Twister 250, pequena perto das supermáquinas deles. Ficaram admirados, porque não fazem jornadas tão grandes como as minhas.

Depois que a chuva deu uma trégua, ficando mais fina, e o vento diminuiu bastante, botei a capa pela primeira vez e cai na estrada novamente.

Aí começou uma experiência nova. Não que eu já não tivesse pegado tempo ruim, mas, numa moto totalmente diferente. E o vento estava mais forte do que eu pensava, o que dificultou muito o meu trabalho de segurar a moto na estrada. Houve momentos que pensei que não conseguiria.

Por conta de todos esses atropelos, hoje só deu para percorrer pouco mais de  500 km, mesmo porque parei mais cedo para descansar, pois os três dias passados foram muito puxados.

Se teve alguma coisa que chamou minha atenção até agora, foi a situação de muitas ruas da cidade de Campo Grande. Ao contrário de Itaituba, onde o prefeito Valmir Clímaco asfalta direto, na capital de Mato Grosso a impressão que se tem é que não tem prefeito. Passei por diversas ruas, e o asfalto está todo remendado, parecendo o perímetro urbano da Transamazônica antes do BEC recuperar.

Sairei cedo nesta segunda para tentar recuperar um pouco do tempo perdido hoje.

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