sexta-feira, julho 13, 2018

Polícia investiga mortes em série no presídio de Cucurunã

 Mortes podem estar ligadas, e revelam confronto de facções

No último fim de semana, três internos foram encontrados mortos no Centro de Recuperação Sílvio Hall de Moura (CRASHM), no Complexo Penitenciário de Cucurunã, em Santarém.
Na sexta-feira (6) foi localizado enforcado, o detento Nelson Mota Garcia. No dia seguinte, sábado (7), outros dois presos também foram encontrados nas mesmas circunstâncias. Edinailson Lobato Corrêa e Reginaldo Rubens Lamarão foram encontrados enforcados pendurados por uma corda do tipo ‘tereza’, nas celas 1 e 4 do pavilhão 2, do (CRASHM).
Apesar de os internos repassarem informações que os mesmos cometeram suicídio, a Polícia Civil, por meio da Delegacia Especializada de Homicídios abriu inquérito para apurar as mortes.
Soma-se aos possíveis homicídios que aconteceram dentro da casa Penal, outros dois que aconteceram foram dos muros do CRASHM. No domingo (8), um detento foragido foi localizado morto. Moradores da Comunidade Ponte Alta, na região do Eixo Forte, em Santarém, acionaram a Polícia Militar ao localizarem um veículo com um homem morto dentro. Após averiguações, os militares identificaram o corpo de Nivaldo Rodrigues dos Santos, de 26 anos, executado dentro de um veículo, modelo Strada, cor prata, com pelo menos 2 disparos de arma de fogo, na região do tórax e na cabeça. A vítima cumpria pena por tráfico de drogas e roubo majorado, no Centro de Recuperação Agrícola Sílvio Hall de Moura (CRASHM), de onde estava foragido.
No fim de junho, a execução de um preso do regime semi-aberto, no ramal que dá acesso ao presídio, também pode ter relação com as outras mortes do fim de semana.
Antônio dos Santos Rocha, de 36 anos, conhecido pelo apelido de Maranhão, foi encontrado morto na manhã do dia 2/06. A vítima cumpria pena no regime semiaberto, era condenado por tráfico de drogas. Seu corpo foi localizado por volta de 8h, por detentos que cumprem pena também no semiaberto. Levantamento preliminar dos peritos do Centro de Perícias Científicas (CPC) Renato Chaves, identificou ao menos 7 marcas de tiros disparados de uma pistola 380, sendo 4 tiros nas costas, 1 na cabeça, 1 na coxa e 1 no pé.
No mês de maio, O Impacto já havia elaborado matéria alerta sobre a precariedade da casa penal. Confira:
PRESÍDIO DE CUCURUNÃ É UMA BOMBA A EXPLODIR: O atual Sistema Penitenciário no Brasil além de não cumprir com seu principal papel, vem demonstrando que é insustentável. Com uma população carcerária que cresce exponencialmente a cada ano, e sem investimentos necessários, os presídios são dominados por facções criminosas, que já demonstraram do que são capazes, com as inúmeras rebeliões pelo país a fora.
A verdadeira bomba relógio, que pode explodir a qualquer momento, é reflexo, em outros aspectos, da ineficiência do Estado. Parafraseando Darcy Ribeiro, que ainda no século passado fez o alerta: “Quando não se constrói escolas, é preciso construir presídios”.
Em Santarém, o Centro de Recuperação Agrícola Sílvio Hall de Moura (CRASHM), é o retrato do descaso. Não se trata de superlotação, mas sim de uma mega-super-ultra lotação, uma vez que, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), divulgado por meio da ferramenta Geopresídios, o CRASHM possui capacidade para 360 presos, porém, atualmente abriga 920 internos. O déficit de 560 vagas, na perspectiva, segue para alcançar o triplo da capacidade inicial.
As constantes fugas e homicídios registrados na casa penal, que hoje recebe presos de vários municípios da região oeste paraense, tendem a piorar. Sob ameaças constantes, inclusive de invasão, pois há relatos da presença de Drones sobrevoando a casa penal.
Mês passado, uma fuga em massa, por meio de túnel foi evitada. O reforço na segurança disponibilizado pelos militares do Grupo Tático Operacional tem contribuído para amenizar os problemas no CRASHM.
Diante desta situação caótica, como fica o objetivo da ressocialização. Torna-se praticamente uma missão impossível, uma vez que os detentos, passam a considerar tudo como uma forma de vingança social, pois uma vez que a autotutela é proibida, o Estado assume a responsabilidade de retaliação dos crimes, isolando o criminoso para que ele possa refletir sobre os seus atos. Através da prisão, o infrator é privado da sua liberdade, e somente isso, e nada mais.
Fonte: Jornal O Impacto

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